Uma imagem de satélite revela que o voo 447 da Air France cruzou com uma tempestade de nuvens muito compactas e uma temperatura de 83°C negativos antes de se despenhar no Atlântico.
Os dados foram captados pelo satélite Meteosat-9 da Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos às 23 horas do dia 31 de Maio.
Catorze minutos depois da captação da imagem de satélite, o A330 da Air France enviou a última mensagem automática com indicação de despressurização.
Segundo o meteorologista Humberto Alves Barbosa, o coordenador da estação que analisou as imagens, estes elementos apontam para uma nova explicação para o acidente.
Humberto Alves Barbosa acredita que o avião pode ter enfrentado condições climáticas inéditas em rotas de voo.
"Alguns dos aglomerados de nuvens podem ter-se intensificado muito rapidamente durante a passagem do avião. As temperaturas de brilho nos topos das nuvens apresentaram valores de -83 ºC. Pode ter havido condições únicas encontradas pelo avião na passagem da região, que apresentava alta turbulência", explicou o especialista.
"Isso leva à especulação de que turbulências nas proximidades das tempestades de rápido desenvolvimento podem ter desempenhado um papel no acidente", acrescentou, sublinhando que "é a primeira vez que vi uma situação destas numa rota de voo".
O especialista nota ainda que o avião pode ter enfrentado condições mais adversas do que as de um furacão, caso tenha sido sujeito à temperatura calculada pela estação.
"Um furacão, em média, alcança 70°C negativos. Isto pode ter reduzido significativamente a velocidade do avião. Então, o piloto automático teria de corrigir esta perda de velocidade por meio dos sensores, que também podem ter entrado em colapso com a tempestade", afirmou.
A avaria dos sensores de velocidade já tinha sido confirmada pela comissão francesa que investiga as causas do acidente com o A330 da Air France.
O A330 tem três sensores de velocidade e pelo menos um deles mostrava uma velocidade diferente dos outros - uma diferença superior a 50 quilómetros por hora.
De acordo com os especialistas franceses, a incoerência desses dados pode ter feito com que alguns sistemas electrónicos deixassem de funcionar, como o piloto automático, e levado o avião a atravessar a tempestade com uma velocidade mais baixa do que o necessário.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comente o Outras Escritas