domingo, 21 de junho de 2009

Decidir ser feliz

Teresa e António eram o que geralmente se considera um casal perfeito. Tinham-se conhecido numa festa da universidade onde ele estudava engenharia e ela línguas e literaturas modernas e, coisa rara nos dias de hoje, apaixonaram-se de imediato.

Encontram emprego facilmente logo que concluíram os estudos e, assim que juntaram algum dinheiro resolveram casar. Os pais de ambos, de origens humildes, tinham concretizado os sonhos de uma vida. Os seus filhos tinham tirado um curso superior e agora iam casar e formar família.

Com o fruto do seu trabalho, Teresa e António, conseguiram comprar uma boa casa e um carro para cada um.

Um curso, um bom marido, emprego, casa e carro são ingredientes que devem fazer qualquer mulher feliz. Qualquer mulher, mas não Teresa. Na verdade, tinha passado pouco mais de um ano sobre a data do casamento e começava a sentir-se presa e a aperceber-se que havia muitas coisas que não tinha tido oportunidade de fazer e que agora estavam completamente comprometidas.

Pensava que ter um filho seria vantajoso para si, uma vez que a criança poderia preencher o enorme vazio que sentia, no entanto, não se sentia preparada para ser mãe e resolveu esperar.

Casa trabalho, trabalho casa, fins de semana em casa dos pais ou dos sogros e férias no Algarve ou no sul de Espanha. Foi assim que se passaram um ano atrás do outro.

Sentada agora na sala de espera daquele hospital frio e com pouca luz, Teresa revia agora toda a sua vida com uma perspectiva completamente diferente. De repente tornou-se necessário fazer tudo muito mais depressa porque a partir deste momento a vida já não lhe permite adiar decisões ou manter situações que não a façam feliz.

Teresa tem cancro e menos de um ano para viver.

Sente-se infeliz? Não. Sente medo? Sim. Sabe que vai sofrer, mas, no entanto, o cancro tornou-a de um momento para outro uma mulher muito mais decidida.

Vai enfrentar tudo e todos e ser feliz no tempo que lhe resta porque afinal a felicidade não dura muito, mas a sua vida também não.

Texto de minha autoria, escrito para a Fábrica de Histórias

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