No dia 20 de Fevereiro de 1978, morre o escritor Vitorino Nemésio.
Da Infopédia:
Poeta, ficcionista, ensaísta, cronista e crítico literário português, Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva nasceu a 19 de Dezembro de 1901, na Ilha Terceira, nos Açores, e faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa. Entre 1911 e 1912, Vitorino Nemésio frequentou o liceu de Angra, onde cedo manifestou a sua vocação de poeta e prosador, estreando-se com o livro de versos Canto Matinal, em 1916. Em 1919, após um desaire escolar, iniciou o serviço militar como voluntário, partindo para o continente. Do ano seguinte data a peça em um acto Amor de Nunca Mais e a poesia de A Fala das Quatro Flores. Em 1921, em Lisboa, iniciou-se na actividade jornalística, na redacção de A Pátria, a Imprensa de Lisboa e Última Hora. Em 1922, concluiu os estudos liceais em Coimbra e matriculou-se na Faculdade de Direito, onde, como revisor da Imprensa da Universidade, publicou o poema Nave Etérea. Transitará para o curso de Ciências Geográficas e, posteriormente, para Filologia Românica. Colaborou na fundação de Tríptico, em Seara Nova e na Presença. Correspondeu-se com Unamuno. Em 1934, doutorou-se com uma tese subordinada ao título A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio. Como leitor de Português na Universidade de Montpellier, conviveu com Marcel Bataillon, Robert Ricard, Pierre Hourcade, e iniciou correspondência com Valéry Larbaud. Publicou, em 1936, em francês, La Voyelle Promise e, em 1936, concorreu ao cargo de professor auxiliar da Faculdade de Letras de Lisboa, com uma tese intitulada Relações Francesas do Romantismo Português. Em 1937, fundou, com Alberto Serpa, a Revista de Portugal, uma revista ecléctica, atenta à actualidade filosófica e literária europeia. Como docente universitário, estagiou em França, na Bélgica, no Brasil, em Espanha, na Holanda, sendo distinguido com o grau de Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Montpellier e de Ceará. De 1938, data da publicação de O Bicho Harmonioso, a 1976, data de Sapateia Açoriana, desenvolveu uma intensa actividade poética que se afirma pela novidade relativamente ao cânone presencista, explorando as dimensões simbólica e imagética da linguagem, saboreada na sua materialidade, comedindo qualquer confessionalismo por um distanciamento irónico ou objectivo, características aliás recorrentes na sua obra ficcional, que, embora se enquadre nos moldes realistas pela linearidade do tempo e pelo poder de representação de espaços sociais, se complexifica pela rede de imagens de alcance simbólico que a entretecem. "Inclassificável" (cf. LOURENÇO, Eduardo - O Canto do Signo, p. 73) como crítico e como autor, Vitorino Nemésio manteve-se equidistante dos grupos que disputaram o espaço literário ao longo da primeira metade do século XX, e, embora reflectindo na poesia e na prosa vertentes estéticas contemporâneas como o imagismo, o surrealismo, o existencialismo, manteve-se fiel à consciência de que a criação resulta, não de dogmas, mas de uma pluralidade que integra, como a existência, a contradição, o imprevisto, a renovação: "Não estaremos aqui todos para escrever do mais íntimo da vida, matar esta sede de expressão e de confidências que nos faz levantar todos os dias cedo no meio do deserto e ver água onde, na maior parte dos casos, nada mais há que a triste e fátua projecção dessa íntima secura?" (cit. in MOURÃO-FERREIRA, David - Sob o Mesmo Tecto, Presença, Lisboa, 1989). De entre as suas obras, são de destacar Festa Redonda (1950), Nem Toda a Noite a Vida (1952), O Pão e a Culpa (1955), O Verbo e a Morte (1959), O Cavalo Encantado (1963), Canto da Véspera (1966), e ainda o romance Mau Tempo no Canal (1944), que serviu de base para uma série realizada para a RTP Açores, por José Medeiros, apresentada, posteriormente, noutros canais. Em 1966, Vitorino Nemésio recebeu o Prémio Nacional de Literatura. Bibliografia: Nave Etérea: em Memória do Descobrimento Celeste para o Brasil, Coimbra, 1922; Paço do Milhafre, Coimbra, 1924; Varanda de Pilatos, s/l, 1926; Sob os Signos de Agora: Temas Portugueses e Brasileiros, Coimbra, 1932; Exilados, 1928-1832: História Sentimental e Política do Liberalismo na Emigração, Lisboa, s/d; Destino de Gomes Leal, Lisboa, s/d; A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio, Lisboa, 1934; La Voyelle Promise, s/l, 1935; Relações Francesas do Romantismo Português, 1936; Isabel de Aragão, Coimbra, 1936; A Casa Fechada, Coimbra, 1937; O Bicho Harmonioso, Coimbra, 1938; Études Portugaises: le Symbolisme, Lisboa, 1938; Eu, Comovido a Oeste, s/l, 1940; Mau Tempo no Canal, Lisboa, 1944; Ondas Médias, Lisboa, 1945; Festa Redonda, s/l, 1949; O Mistério do Paço do Milhafre, 1949; A Poesia dos Trovadores: séculos XII-XV, Lisboa, 1950; Nem Toda a Noite a Vida, Lisboa, 1952; O Campo de S. Paulo, A Companhia de Jesus e o Plano Português no Brasil, Lisboa, 1954; O Pão e a Culpa, Lisboa, 1955; Corsário das Ilhas, Lisboa, 1956; O Retrato do Semeador, Lisboa, 1958; Jornal do Observador, Lisboa, 1958; Vida e Obra do Infante D. Henrique, Lisboa, 1959; O Verbo e a Morte, Lisboa, 1959; O Cavalo Encantado, Lisboa, 1963; Canto da Véspera, 1966; Vesperais, 1968; Quatro Prisões Debaixo de Armas e Outras Histórias, Lisboa, 1971; Poemas Brasileiros, Amadora, 1972; Limite de Idade, Lisboa, 1972; Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas, Lisboa, 1976; Portugal: A Terra e o Homem, Lisboa, 1978; Poesias Vitorino Nemésio (antologia), Lisboa, 1983; Quase Que Os Vi Viver, Venda Nova, 1985; Poesia, 1935-1940, Venda Nova, 1986
Vitorino Nemésio. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-02-13]
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