Notícia em destaque - Receitas continentais sem comparticipação

Uma situação escandalosa!

Lê-se no Diário de Notícias da Madeira:

As receitas passadas no continente deixaram de ter comparticipação Maria Gouveia, 67 anos, foi surpreendida ontem de manhã em duas farmácias do Funchal, quando viu uma receita médica ser recusada pelos farmacêuticos. A justificação, disse esta madeirense que passou os últimos 30 anos a trabalhar em Lisboa, foi que as receitas do continente não tinham comparticipação na Madeira. "Disseram que eu tinha que pagar a totalidade do valor dos medicamentos, o que é um escândalo, já que eu trabalhei uma vida e agora negam-me um direito básico: o da saúde", lamentou a mulher, que depois da reforma, passou a dividir a residência entre o continente, em Lisboa, e a Região, no Caniço. "A pior coisa que eu fiz, foi vir para aqui", disse Maria Gouveia, explicando que anteriormente já aviou receitas idênticas na Madeira, sem qualquer complicação. O problema, diz o presidente da Ordem dos Farmacêuticos na Madeira, Paulo Sousa, é que as regras do Serviço Regional de Saúde (SRS) mudaram no ano passado. "No final de Novembro, início de Dezembro, as farmácias começaram a receber receitas devolvidas pelo SRS, com a justificação que não tinham comparticipação", explica Paulo Sousa, dizendo que as farmácias deixaram então de 'comparticipar' essas receitas, já que teriam que assumir elas próprias os custos. A solução, continua o farmacêutico, passa por uma inscrição no centro de saúde da área de residência e consequente requisição de um cartão de utente. "Com este cartão, qualquer pessoa, com qualquer receita, tem direito a comparticipação", garante Paulo Sousa. Já Maria Gouveia desconhecia esta obrigatoriedade e lamenta que a burocracia e as "guerras partidárias entre Lisboa e a Madeira" prejudiquem os cidadãos. "Eu sou madeirense e sou portuguesa, portanto não vejo porquê que me é recusado isto", crítica a mulher, frisando que antes de rumar a Lisboa, trabalhou na Região fazendo sempre os descontos obrigatórios. "São medicamentos para a tensão arterial, passados pelos médicos que eu vou há 30 anos, não vejo sentido em mudar de médico por causa disto", afirma, dizendo que a Madeira é parte integrante de Portugal. Esta situação, apurou o DIÁRIO, começou em Junho, altura em que as receitas passadas fora do SRS deixaram de ser comparticipadas pela Região. Em causa está o facto de, durante anos, as receitas 'madeirenses' receberem o mesmo tratamento no continente. Neste momento, esse problema está ultrapassado, mas qualquer receita passada na Região é sempre comparticipada pelos cofres do SRS, mesmo que seja aviada numa farmácia continental.

In Diário de Notícias da Madeira