No dia 31 de Janeiro de 1989 morria em Lisboa, Fernando Namora.
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Poeta, pintor, ficcionista e ensaísta, formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra. Colaborou com várias publicações periódicas, como Sol Nascente, O Diabo, Seara Nova, Mundo Literário, Presença, Altitude, Revista de Portugal, Vértice , entre outras. Autor de várias colectâneas de poesia e de uma pouco conhecida obra como artista plástico, é sobretudo como ficcionista que o nome de Fernando Namora marca a literatura portuguesa contemporânea, tendo granjeado um sucesso a nível nacional e internacional que não é alheio ao facto de essas duas vocações, a de poeta e a pintor, estarem "presentes no olhar e no dizer do ficcionista." (cf. MENDES, José Manuel - Encontros com Fernando Namora , Porto, 1979, p. 93). Depois da publicação de dois romances, que reflectem a experiência universitária coimbrã, numa já segura articulação entre a análise psicológica e a atenção às determinantes sociais e históricas da conduta do indivíduo, a publicação da novela A Casa da Malta irá inscrever este autor na corrente neo-realista, opção facilitada pelo contacto com a realidade social e humana que a experiência de médico em meios rurais lhe impunha. Entre as narrativas que marcam mais visivelmente esta intenção social contam-se o célebre volume Retalhos da Vida de um Médico e as narrativas Minas de São Francisco , A Noite e a Madrugada e O Trigo e o Joio , embora Fernando Namora tenha sempre rejeitado qualquer dicotomia entre literatura de cunho social e de cunho psicológico, considerando, pelo contrário, que "a sondagem 'psicológica' e a 'sociológica' pertencem à mesma incessante tentativa de nos conhecermos, situados na circunstância que nos molda e condiciona" (id. ibi ., p. 34). Romances como O Homem Disfarçado ou Cidade Solitária situam-no já no âmbito da geração de 50, ou de uma segunda geração neo-realista, registando o influxo do existencialismo na novelística portuguesa. Em 1965, abandonou a medicina para se consagrar à literatura, tendo então aceitado o cargo de presidente do Instituto de Cultura Portuguesa, no âmbito do qual desenvolveu iniciativas de apoio aos leitorados portugueses e presidiu à publicação de uma colecção de iniciação à cultura: a "Biblioteca Breve". Convicto de que o papel do escritor deverá ser o "de consciencializar e contestar, obstando à sacralização das pessoas e das fórmulas" (id. ibi. , p. 110), a obra de Fernando Namora registou até às suas últimas produções, como constantes mais salientes, "a procura de uma íntima coerência (o rasgar das máscaras), o apelo à dignificação da existência, o apelo a tudo o que possa resgatar os humilhados e os atormentados, a descida aos abismos da solitude" (id. ibi ., p. 31). Bibliografia: Deuses e Demónios da Medicina, biografias romanceadas, Lisboa, 1952; Esboço Histórico do Neo-Realismo, Lisboa, 1961; Diálogo em Setembro, Lisboa, 1966; Os Clandestinos, Lisboa, 1972; Um Sino na Montanha, cadernos de um escritor, Lisboa, 1968; Os Adoradores do Sol, cadernos de um escritor, Mem Martins, 1971; Estamos no Vento, Amadora, 1974; A Nave de Pedra, Amadora, 1975; Cavalgada Cinzenta, Amadora, 1977; Resposta a Matilde, Amadora, 1980; Sentados na Relva, Lisboa, 1986; URSS Mal Amada Bem Amada, crónica, Venda Nova, 1986; Autobiografia, Lisboa, 1987; As Sete partidas do Mundo, Coimbra, 1938; Fogo na Noite Escura, Coimbra, 1943; Casa da Malta, novela, Coimbra, 1945; Minas de San Francisco, s/l, 1946; Retalhos da Vida de Um Médico, Lisboa, 1949; A Noite e a Madrugada, Lisboa, 1950; O Trigo e o Joio, Lisboa, 1955; O Homem Disfarçado, Lisboa, 1957; Cidade Solitária, Lisboa, 1959; Domingo à Tarde, Lisboa, 1961; Retalhos da Vida de um Médico, 2.ª série, Lisboa, 1963; Rio Triste, Lisboa, 1982; Relevos, s/l, 1937; Mar de Sargaços, s/l, 1939; Terra, poema, Coimbra, 1941; As Frias Madrugadas, Lisboa, 1959; Marketing, poesia, Lisboa, 1969; Nome Para uma Casa, poesia, Lisboa, 1984
Fernando Namora. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-01-31]
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