Lê-se no Público:
Chama-se “Yas-e No”, é um jornal iraniano e foi encerrado logo na primeira edição, no passado sábado, o que o torna um recordista. Apesar de, nos últimos dez anos, a lista de jornais e meios de comunicação encerrados pelo Governo de Ahmadinejad ser extensa, nenhum teve uma tão curta história em banca. Mas a história deste "Yas-e No" não acaba aqui.
São várias dezenas os jornais, principalmente de cariz reformista, que nos últimos dez anos viram as suas redacções fechadas, acusados de ferirem a moral islâmica ou de terem desrespeitado a República Islâmica e os seus líderes
Resta dizer que o “Yas-e No” é alinhado com o partido Mosharekat, um dos partidos reformistas do Irão, fundado em 1998 por apoiantes do antigo Presidente Khatami e que apoia agora Mir Hossein Mousavi, antigo primeiro-ministro, que corre contra Ahmadinejad nas próximas eleições presidenciais marcadas para 12 de Junho.
O título Yas-e No já existiu, tendo sido lançado em 2004 mas foi suspenso por 5 anos e 4 meses, acusado de incitar à revolta da opinião pública e por ofensas ao líder supremo do Irão. Foi multado também, mas o título não foi suspenso, o que levou os responsáveis a reeditá-lo. Na única manchete que fizeram podia ler-se "Khatami-Mousavi, pelo Irão". Khatami tinha anunciado a sua participação nas próximas presidenciais, mas acabou por renunciar a favor de Mousavi.
Mohammed Naimipur, director do título, escreveu uma carta ao Presidente Ahmadinejad, pedindo para que, tal como se passou em relação à detenção da jornalista americano-iraniana Roxana Saberi, o chefe de Estado iraniano quebre o silêncio e diga que a justiça não está a ser feita também neste caso. Foi uma decisão de Ahmadinejad que levou à libertação de Roxana, presa desde Janeiro e que foi libertada este mês com uma pena suspensa de dois anos.
“Esta acção ilegal contra o jornal é um indicador alarmante sobre o poder daqueles que, no seu grupo são intolerantes à crítica e aos rivais e que decidem contribuir para a sua re-eleição à custa de silenciar os adversários”, disse Naimipur na carta.
In Público
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