João Bénard da Costa, que hoje morreu vítima de cancro, foi um homem desde sempre ligado ao cinema e à Cinemateca Portuguesa, de que foi director de 1980 a 1991 e director de 1991 a Janeiro último.
Foram os problemas de saúde que obrigaram João Bénard da Costa - que hoje morreu aos 74 anos - abandonasse a Cinemateca, sendo sucedido no cargo por Pedro Mexia, subdirector e director interino.
João Pedro Bénard da Costa, nascido em Lisboa a 07 de Fevereiro de 1935, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Letras da Universidade de Lisboa em 1959.
Foi convidado por Delfim Santos para assistente naquela faculdade, mas a PIDE acabou por impedir-lhe a carreira universitária.
Bénard da Costa deu aulas de História e Filosofia no Seminário Menor de Almada, no Externato Frei Luís de Sousa, também em Almada, no Liceu Camões e no Colégio Moderno, entre 1959 e 1965.
Além do cinema, Bénard da Costa dedicava-se ainda à crítica e ao ensaio. "Muito lá de casa" e "Filmes da Minha Vida/Os Meus filmes da Vida" são algumas das obras que tem publicadas.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, João Bénard da Costa foi um dos fundadores em 1963 da revista O Tempo e o Modo, juntamente com Alçada Baptista, que dirigiu até 1970. Dirigiu ainda o Sector de Cinema do Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian e presidiu à comissão organizadora das Comemorações do Dia de Portugal.
No princípio dos anos 1970, João Bénard da Costa dirigiu o Centro Nacional de Cultura.
Pelo trabalho à frente da Cinemateca, Bénard da Costa foi condecorado em Setembro passado pelo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, com a medalha de mérito cultural.
Além do cinema, Bénard da Costa dedicava-se ainda à crítica e ao ensaio, tendo participado como actor em vários filmes de Manoel de Oliveira, nomeadamente em "O Convento", "Francisca", "Non, ou a vã glória de mandar" e "Amor de Perdição".
Integrou ainda o elenco de "Recordações da Casa Amarela", de João César Monteiro.
Bénard da Costa foi ainda presidente-geral da Juventude Universitária Católica (1957/1958).
De 1964 a 1966 foi investigador no Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Calouste Gulbenkian e de 1966 a 1974 foi secretário executivo da comissão portuguesa da Associação Internacional para a Liberdade da Cultura.
De 1969 a 1971 foi responsável pelo sector de Cinema do Serviço de Belas-Artes da Fundação Gulbenkian.
Em 1973 regressou ao ensino, como professor de História do Cinema da Escola Superior de Cinema do Conservatório Nacional, onde leccionou até 1980.
Entre 1990 e 1995 presidiu à Comissão de Programação da Federação Internacional de Arquivos de Filmes e em 2000 assinou o capítulo sobre cinema português da enciclopédia Einaudi, incluído na História de Cinema Mundial, coordenada por Gian-Piero Brunetta.
Bénard da Costa foi ainda autor de ensaios sobre o cinema português, em obras colectivas sobre a arte do século XX, editadas pelo Centro Nacional de Cultura ou pelo Ar.Co.
Em 1997, o então presidente da República Jorge Sampaio nomeou-o presidente da Comissão do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Bénard da Costa colaborou ainda em vários jornais e revistas, em particular no Público, cujas crónicas lhe mereceram o Prémio João Carreira Bom, e foi autor de monografias de vários realizadores de cinema.
João Bénard da Costa, que era Officier des Arts et des Lettres de França, foi galardoado em 1990 com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da República Mário Soares. Em 1995, a Universidade de Coimbra atribuiu-lhe o Prémio de Estudos Fílmicos, ano em que foi instituído o galardão.
Em 2001 foi galardoado com o Prémio Pessoa.
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