quinta-feira, 28 de maio de 2009

Notícia em Destaque - CD recupera obra esquecida de tenor madeirense

Não conhecia este tenor português. Às vezes damos mais importância ao que vem de fora do que ao que é nosso.

Felizmente há gravações, que serão agora lançadas em CD.

Já agora, e embora deteste regionalismos exacerbados, gostaria de referir que o maior, ou pelo menos, o mais conhecido, de todos os tenores portugueses foi Tomás Alcaide que era, obviamente, Alentejano de Estremoz.

No Diário de Notícias da Madeira:
Canções como 'Canto do Rouxinol' ou 'Guitarrada', na voz do cantor lírico madeirense Lomelino Silva (1892-1967), que ficou conhecido como 'O Caruso Português', integram um novo CD que recupera a obra esquecida do tenor e que será apresentado no sábado à noite, na 35ª Feira do Livro do Funchal.
Na origem deste projecto, iniciado em 2002, esteve o investigador madeirense Duarte Mendonça: "Estava na Universidade de Massachusetts [EUA], a fazer pesquisas para a minha tese de mestrado sobre os madeirenses em New Bedford e, quando pesquisava a antiga imprensa portuguesa dessa cidade, encontro referências a Lomelino Silva, o 'Caruso Português' de origem madeirense, que havia actuado nessa cidade por duas vezes em 1927 e 1928. E numa das notícias vi que o tenor cantou 'Mãesinha' [não é lapso, é mesmo com 's' e não 'z'], um tema que levou as pessoas às lágrimas", começou por dizer.

Primeiro madeirense a gravar

A partir daí, Duarte Mendonça procurou conhecer se "a música seria assim tão emotiva". E, como a necessidade aguça o engenho, o investigador tentou 'descobrir' gravações do tenor. "Soube que tinha gravado discos para a His Master's Voice [editora discográfica] em Inglaterra no ano de 1926, tendo sido o primeiro madeirense a gravar discos". E passou a explicar: "Tentei encontrar alguns discos. Mas, curiosamente, em 2004 consegui comprar três discos de 78 rotações de Lomelino Silva num 'site' da Internet. E, mais tarde, num outro 'site', encontrei um outro disco gravado para a Victor Talking Machine Co., cujo logotipo está no CD".
Seja como for, só ouviu os trabalhos passados quase dois anos, graças aos bons ofícios de um músico e também investigador madeirense. "Numa conversa informal com o Vítor Sardinha, falei-lhe do tenor e disse que não tinha o aparelho para ouvir as gravações. E ele lembrou-se do Luís Nunes, técnico de som da RDP-M, onde existia um aparelho para ler discos de 78 rotações. E quando o ouvi, fiquei impressionado".

Disposto a 'descobrir' mais discos do tenor , o investigador madeirense via, porém, os seus esforços baldados, porque tratam-se de peças raras. Mas, um dia, a situação inverteu-se: "Numa troca de 'e-mails' com David Anderson [um coleccionador escocês de discos de 78 rotações], vim a saber que era amigo do José Moças [responsável da Tradisom]. E foi a partir do coleccionador na Escócia que o José Moças entrou em contacto comigo". "Tinha a ideia de fazer um CD sobre Lomelino Silva, porque percebi que devia ser uma estrela na medida em que, nos Estados Unidos, a imprensa dedicava-lhe grandes parangonas referenciando-o como um homem fantástico com uma voz lindíssima", fez saber José Moças. E acrescentou: "Quando andava à volta deste tema, 'descobri' o Duarte Mendonça que, curiosamente, também andava em cima da obra do tenor . E, como se costuma dizer, 'juntou-se a fome com a vontade de comer' porque começámos a trabalhar juntos, na possibilidade de editar, o que consideramos ser, um disco importante não só a nível regional mas também a nível nacional". Saiba mais, hoje, nas emissões da TSF-M (100 FM).

Notas sobre o artista, por Duarte Mendonça


"Para muitos, o nome de Lomelino Silva nada diz. Poucos sabem quem foi e a importância que teve no panorama cultural regional, nacional e internacional. (...) Filho de Guilherme Augusto da Silva e de Helena Lomelino da Silva, Nuno Estêvão Lomelino da Silva nasceu na Rua das Maravilhas, na freguesia de São Pedro, a 26 de Dezembro de 1892, e ali viveu a sua infância e juventude. Um dia foi descoberto numa actuação no Teatro Municipal e algum tempo depois, por recomendação de alguns 'connoisseurs' musicais locais, que descobriram nele excelentes dotes vocais, foi enviado para Itália com o intuito de estudar canto lírico com dois grandes mestres do bel canto de então: Giovanni Laura e Ercole Pizzi. A sua estreia como tenor naquele país transalpino decorreu em Janeiro de 1921, e marcaria o início de uma carreira ímpar que ficaria marcada por várias digressões internacionais, onde actuaria nos melhores teatros líricos de vários países e onde o sucesso o aguardava". Leia na íntegra em www.portuguesetimes.com/Ed_1857/Cronicas/diacron%2010.htm.
In Diário de Notícias da Madeira

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