Lê-se no Diário de Notícias da Madeira:
Um avião ligeiro despenhou-se ontem na pista do Aeroporto da Madeira. O acidente provocou dois feridos, um deles com gravidade. Este último, que ocupava o lugar do passageiro, e que tem 39 anos, apresentava queimaduras em 60% do corpo e seria transferido para o Hospital São João do Porto. Bruno Alves, o piloto, de 49 anos, encontrava-se ontem à noite fora de perigo. Faltavam poucos minutos para as sete, quando o avião se despenhou numa das áreas de separação entre a pista e a placa de estacionamento, perante o olhar de terror de algumas pessoas que se encontravam na varanda. Uma delas era Conceição Antunes. A jornalista do Expresso contou ao DIÁRIO que nada fazia prever o acidente. Tal como outras pessoas, assistia a algumas acrobacias que a aeronave estava a realizar. E, de repente, o avião caiu de nariz para baixo na pista, incendiando-se quase de seguida. Conceição Antunes recorda a altura em que um dos ocupantes conseguiu sair da aeronave visivelmente ferido. Deu alguns passos e deitou-se no chão. Logo de seguida, surgia a informação de que mais uma pessoa se encontrava no interior do avião, o que aumentou os momentos de pavor, à medida que o mesmo era consumido pelas chamas. As pessoas que estavam na varanda assistiam com incredulidade à cena, uma vez que minutos antes o avião estava a voar e logo depois estava no chão envolto em grandes colunas de fumo. "A imagem do avião a arder era impressionante", recorda Conceição Antunes. Aliás, algumas das imagens que acompanham esta reportagem foram captadas por um outro passageiro em trânsito, António Fonseca, bombeiro em Moscavide. No aeroporto, as únicas versões do acidente eram mesmo narradas pelas testemunhas, uma vez que da parte do Aeroporto apenas foi emitido um comunicado para a Agência Lusa. O mesmo limitava-se a dizer que o acidente ocorreu às 18:56 e que os feridos tinham sido evacuados para o Hospital Central do Funchal. Depois do sucedido foram muitas as pessoas que se deslocaram às traseiras do aeroporto, até porque o piloto era uma pessoa bastante conhecida. Bruno Alves, de 49 anos, é mecânico da TAP e tem uma larga experiência de voo. Participou recentemente numa expedição a Moçambique com outros pilotos, muitos dos quais da TAP, que transportaram cerca de uma tonelada de medicamentos em aviões pequenos. Durante a viagem, houve algumas avarias, e Bruno e um outro colega foram os heróis da operação porque conseguiram resolver todos os problemas. Ontem, contudo, parece que a sorte não lhe sorriu. Era assim que André Teixeira, outra das testemunhas, explicava o acidente, porque ainda mal acreditava no que tinha acontecido. Estava no bar 'A Torre' quando viu o avião despenhar-se na pista. Outra testemunha do acidente, Pedro Teixeira, fez questão de dar a sua versão ao DIÁRIO. Como explicou, a avioneta aproximou-se pela pista 23 (direcção Machico-Santa Cruz) a fazer manobras de acrobacia simples (a virar rápida e alternadamente sobre uma e outra asa). Depois estabilizou por um breve instante e, logo de seguida, virou de barriga para cima, percorrendo, nessa posição invertida e a uma altitude de 20/30 metros, grande parte da zona da pista construída sobre pilares. Esta cena provocou grande admiração e espanto a quem assistia, pela espectacularidade e raridade da manobra. Após esta cena rara, mas aparentemente controlada, o avião fez um 'looping', tendo subido e descido num movimento inverso, que resultou num círculo perfeito. Foi precisamente na descida a pique, do final da manobra, que a avioneta chocou com o chão (não a pista, mas a área de segurança adjacente), desfazendo-se e incendiando-se de imediato. Refira-se ainda que, devido a este acidente, o aeroporto encerrou, tendo os voos sido desviados. No 'placard' de partidas era possível constatar atrasos pelo menos até às 21 horas. Conferência no hospital O acidente motivou uma conferência de imprensa ontem à noite no Hospital Central do Funchal. O director clínico, Miguel Ferreira, confirmou a entrada de dois feridos, um grave, "com queimaduras extensas de terceiro grau" e outro com queimaduras ligeiras. O primeiro, que ocupava o lugar do passageiro, encontrava-se com prognóstico muito reservado, estando ontem à noite em situação instável e a aguardar transferência para a Unidade de Queimados do Hospital de São João no Porto. O homem, de 39 anos, foi submetido a uma série de exames para determinar a existência de outras possíveis lesões. À hora da conferência de imprensa estavam a ser estabelecidos contactos com a Protecção Civil, de modo a que a evacuação pudesse ocorrer ao longo da noite no avião-ambulância, no qual o paciente seria acompanhado por um médico e por um enfermeiro, de modo a que o transporte fosse feito "com a maior segurança". O piloto do avião estava ontem estável e não apresentava situação de risco. Soube-se também que era proprietário do avião ligeiro e que trabalhava como mecânico de aeronaves no aeroporto. O cunhado, que ocupava o lugar do passageiro, era piloto de linha aérea na SATA.
In Diário de Notícias da Madeira
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