Vargas Llosa foi o protagonista de uma conferência organizada pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), por ocasião de sua 64ª assembleia. Para o escritor, a civilização do espectáculo fez desaparecer da literatura, artes plásticas, crítica, cinema, política, sexo e jornalismo, a sua essência mais pura. Isto acontece, disse, porque há um total desdém por tudo o que lembra que a vida não só é diversão, também é drama, dor, mistério e frustração. Segundo o escritor, no campo do jornalismo, a difusão da frivolidade alimenta-se do escândalo. "A revista 'Hola' e os seus congéneres são os produtos mais genuínos da civilização do espectáculo porque dão respeitabilidade ao que antes era produto marginal e quase clandestino: escândalo, intriga e inclusive a calúnia", afirmou Llosa. "A triste verdade é que nenhum media pode manter um público fiel se ignora a moda imperante", disse o escritor, baseando a sua conclusão no facto do problema não estar no jornalismo mas num estilo de vida que tem no entretenimento passageiro a maior aspiração humana. "A obrigação de pôr a cultura ao alcance de todos teve em muitos casos o indesejável efeito do desaparecimento de a alta cultura, minoritária pela complexidade dos seus códigos, em favor de uma amálgama na qual cabe tudo", afirmou o peruano. Llosa criticou as secções destinadas à cultura. Para ele, desapareceram os intelectuais e praticamente os críticos, mas a cozinha e a moda ocupam boa parte das secções dedicadas à cultura, num mundo controlado pela publicidade que dá carta de "cidadão honorário a John Galliano e aos seus espantalhos" - nas palavras do escritor. "E já não produz criadores como Bergman, Visconti ou Buuel. Coroado como ícone é Woody Allen, que está para um David Lynch ou um Orson Wells como Andy Warhol para Gauguin", afirmou Llosa. Mas foi a política, concluiu Vargas Llosa, que experimentou maior banalização, porque os tiques nervosos da publicidade tomam o lugar das ideias. "Carla Bruni com o seu fogo de artifício mediático, mostra como nem sequer a França pôde resistir à frivolidade imperante", completou o escritor. |
Discordo um pouco do escritor no que respeita ao Woody Allen. De resto, plenamente de acordo.
Concordo com Vargas Llosa. E tal como o Alberto, também acho que está a exagerar em relação ao Woody Alen.
ResponderEliminarHá dias diverti-me tanto a rever o "Poderosa afrodite" na TV, apesar de ter dado a horas indecentes.