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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Stabat Mater de Rossini (Antonio Pappano)


Antonio Pappano dirige a Academia di Santa Cecilia nesta nova gravação do Stabat Mater de Rossini com, o que o maestro intitula, uma "Equipa de Sonho", referindo-se a Anna Netrebko, Joyce DiDonato, Lawrence Brownlee e Ildebrando D'Arcangelo.


segunda-feira, 5 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Faz anos hoje - Herbert bon Karajan

No dia 5 de Abril de 1908 nasceu Herbert von Karajan.

Da Infopédia:

Maestro austríaco de reputação internacional nascido em 1908 e falecido em 1989. É uma personalidade marcante da direcção de orquestra da segunda metade do século XX, tendo-se notabilizado pelas suas interpretações da obra de Beethoven. Dirigiu a Orquestra Filarmónica de Berlim, de 1954 até à data da sua morte, e transformou-a numa das grandes orquestras mundiais.

Herbert von Karajan. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-04-05].

sexta-feira, 26 de março de 2010

Faz anos hoje - Pierre Boulez

No dia 26 de Março de 1925 nasceu Pierre Boulez.

da Infopédia:

Compositor, maestro e professor francês nascido a 26 de Março de 1925, em Montbrison, na região do Rhône-Alpes, França. Desde cedo começou a estudar piano e, entre 1942 e 1945, frequentou o Conservatório de Paris, onde foi aluno do compositor Olivier Messiaen. Em 1948, tornou-se director de música da Companhia Reanud-Barrault, no Teatro Marigny, em Paris. No fim da década de 40 e no início da década de 50, compôs várias peças baseadas no novo sistema do dodecafonismo. Influenciado fundamentalmente por Stravinsky, Messiaen, Shönberg e Weber, foi deste último que adquiriu a ideia de um sistema serial generalizado sobre as alturas, durações, intensidades e timbres. Empenhado em difundir a música contemporânea, Pierre Boulez criou, em 1954, os concertos do Domaine Musical, que dirigiu até 1967, o Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (1976, IRCARM), com sede no Centro George Pompidou, e do qual foi director até 1991, e o Ensemble Intercontemporain (1976). Em 1988, realizou uma série de 6 programas televisivos, Boulez XXe siècle, e esteve associado a importantes projectos de difusão da música, como a criação da Ópera da Bastilha e da Cité de la Musique, na Villettte, em Paris. Como docente, leccionou, entre 1955 e 1960, o curso de Análise Musical em Darmstadt, na Alemanha, de 1960 a 1966, foi docente de Análise Musical, Composição e Direcção de Orquestra, na Academia de Música de Basileia, na Suíça, e foi ainda professor do Collège de France, em Paris, entre 1972 e 1995. Ao mesmo tempo, lançou a sua carreira, a nível internacional, como chefe de orquestra, sendo nomeado, em 1971, maestro titular da Orquestra Sinfónica da BBC e director musical da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque (1971-1977). Foi convidado a participar nos grandes festivais de Salzburgo, Lucerna, Aix-en-Provence, Edimburgo e foi maestro de importantes orquestras mundiais, como a de Cleveland, Chicago, Londres, Berlim, Viena, Los Angeles, entre outras. As suas obras fundamentais - A Face Nupcial, para coro e orquestra (1946-50); O Sol das Águas, para violino e orquestra (1948); Polifonia X, para 18 instrumentos (1951); Estruturas, para dois pianos (1951-1952), O Martelo sem Mestre, para alto e seis instrumentos (1955); Figuras, Duplos, Prismas (1964), Ritual, para orquestra (1975) - são marcos importantes da música contemporânea, que percorrem o dodecafonismo, passando pela música concreta e electrónica, e que reflectem sobretudo o desenvolvimento de importantes investigações rítmicas. Publicou também vários escritos que se encontram reunidos em volumes, como Penser la Musique Aujourd'hui (1964), Relevés d'Apprentis (1966), Par Volonté (1975), La Musique en Projet (1975) e Points de Repère (1981). Pierre Boulez recebeu várias prémios, como o Prémio da Fundação Siemens, Prémio Imperial do Japão, Prémio de Musica Polar, Prémio Leonie Sonning, Prémio Grawemeyer pela composição Incises e Prémio Grammy pela obra Répons, na categoria de Melhor Composição Contemporânea. Recebeu os doutoramentos Honoris Causa das Universidade de Leeds, Cambridge, Basel e Oxford. Foi distinguido com o título de Comendador do Império Britânico, de Cavaleiro da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha e, em Janeiro de 2001, recebeu do Presidente da República portuguesa, Jorge Sampaio, a Grã-Cruz da Ordem de Santiago.

Pierre Boulez. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-03-26]

domingo, 29 de novembro de 2009

Il Viaggio a Reims (Rossini)

Quase desisti de passar na secção de clássica da FNAC do Funchal. Cada vez há menos variedade e as coisas novas que aparecem cingem-se apenas ao clássico mais "popular".

Hoje, por acaso quando passava, houve um CD que me chamou a atenção. Tratava-se da ópera Il Viaggio a Reims de Rossini numa daquelas récitas magníficas dirigidas por Claudio Abbado nos anos oitenta. Ainda por cima o preço era de apenas 11 euros. Claro que nem hesitei.

Vejam só o elenco:
Ricciarelli (de quem não gosto muito, preferia a Caballé)
Valentini Terrani
Cuberli
Gasdia
Araiza
Gimenez
Nucci
Raimondi
Ramey
Dara

Uma "chuva de estrelas" de onde destaco Raimondi e Ramey.



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sir Georg Solti

Faz anos hoje - Georg Solti

No dia 21 Outubro de 1912 nasceu Georg Solti.

Da Infopédia:

Maestro de origem húngara nascido em 1912, em Budapeste, e naturalizado britânico em 1972. Na juventude, estudou com Bartók e Kodály, e foi assistente de Toscanini. Ao longo de uma carreira largamente premiada, foi director da Ópera de Munique, da Ópera de Frankfurt, do Covent Garden e da Orquestra Sinfónica de Chicago, e sucedeu a Herbert von Karajan à frente do Festival de Salzburgo. Faleceu em 1997.

Georg Solti. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-10-21]

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Dietrich Fischer-Dieskau

No dia 28 de Maio de 1925 nascia Dietrich Fischer-Dieskau.

Da Wikipédia:

Dietrich Fischer-Dieskau (28 de maio de 1925 -) é um barítono alemão e maestro de música clássica, um dos mais famosos cantor lieder de sua geração. É admirado por suas interpretações, as qualidades tonais e de cor na sua voz, o seu excepcional senso rítmico e impecável dicção.

Como cantor


Como maestro

  • Hector Berlioz, Harold in Italy
  • Brahms, Symphony No. 4, com a Czech Philharmonic Orchestra
  • Mahler, Das Lied von der Erde
  • Richard Strauss, Arias de Salomé, Ariadne auf Naxos, Die Liebe der Danae, e Capriccio, com Bamberg Symphony Orchestra
Livros
  • The Fischer-Dieskau Book of Lieder: The Original Texts of over 750 Songs, translated by Richard Stokes and George Bird. Random House, 1977. (ISBN 0-394-49435-0)
  • Reverberations: The Memoirs of Dietrich Fischer-Dieskau, translated by Ruth Hein. Fromm International, 1989. (ISBN 0-88064-137-1)
  • Robert Schumann Words and Music: The Vocal Compositions, translated by Reinhard G. Pauly. Hal Leonard, 1992. (ISBN 0-931340-06-3)
  • Schubert's Songs: A Biographical Study. Alfred A. Knopf, 1977. (ISBN 0-394-48048-1)
  • Wagner and Nietzsche, translated by Joachim Neugroschel. Continuum International, 1976.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Johannes Brahms

No dia 7 de Maio de 1833 nascia em Hambrugo Johannes Brahms.

Da Infopédia:

Compositor e pianista alemão, Brahms nasceu em 1833, em Hamburgo, na Alemanha, e morreu em 1897, em Viena, na Áustria. Compôs sinfonias, concertos, música de câmara, peças para piano, peças corais e mais de 200 canções. Foi o grande mestre da sinfonia e da sonata da segunda metade do século XIX e um dos grandes compositores da época romântica. Johannes Brahms era talentoso, produtivo e, além do êxito alcançado, tornou-se imensamente popular. Apesar disso, era visto como um conservador, em contraste com o progressismo de outros compositores seus contemporâneos. As suas sinfonias e concertos são bastante formais e não fossem os pequenos toques de classe, nomeadamente em alguns andamentos, não seriam hoje tão considerados. A sua excelência revela-se nesses pequenos detalhes. Talvez por isso, os seus trabalhos de menor dimensão - as peças de câmara e as sonatas - demonstrem tanta imaginação e energia. O simples facto de a sua Primeira Sinfonia ser ironicamente apelidada de "Décima de Beethoven", prova o seu apego ao formalismo clássico de um compositor falecido há 50 anos. Adicionalmente, o facto de Johannes Brahms se ter demarcado de Liszt, Wagner e Bruchner e outros compositores da chamada Nova Escola Alemã atesta a sua inadaptação à rápida mudança estética da segunda metade do século XIX. Os estudos musicais de Brahms foram iniciados muito cedo, no piano e na composição. O seu desejo era ser reconhecido como maestro e compositor. Tornou-se amigo de Robert Schumann, até porque partilhavam o mesmo estilo musical. A partir daí, Brahms tentou a sua sorte em Viena, a capital musical da Europa, e conheceu algum sucesso. Adicionalmente, actuou um pouco por toda a Europa, dando a conhecer a sua obra, perante audiências cada vez maiores. Depois disso, como muitos outros músicos, tornou-se professor. Quando em 1869 compôs Um Requiem Alemão, um trabalho coral e orquestral grandioso, conseguiu críticas bastante positivas e o retorno financeiro de que necessitava. Com a confiança renovada, trabalhou no formato que sempre o tinha amedrontado: a sinfonia. Veio a compor quatro sinfonias, além de numerosos concertos. Entre as suas composições mais conhecidas encontram-se o Concerto para Piano N.º 1 em Ré Menor (1854-58), o Um Requiem Alemão (1868), as Danças Húngaras (1869), as Variações sobre um Tema de Haydn (1873), a Sinfonia N.º 1 em Dó Menor (1876), a Sinfonia N.º 2 em Ré Maior (1877), o Concerto para Violino em Ré Maior (1878), a Sinfonia N.º 3 em Fá Maior (1883), a Sinfonia N.º 4 em Mi Menor (1884-85), a Sonata para Violino em Ré Menor (1886-88), o Quinteto para Cordas em Fá Maior (1882), o Quinteto para Cordas em Sol Maior (1890), o Quinteto para Clarinete e Cordas (1891) e as Sonatas para Clarinete e Piano (1894). Uma boa parte da sua obra foi inspirada directamente na música popular alemã, húngara e zíngara. Toda a sua música apresenta solidez, riqueza harmónica, expressividade melódica e uma força rítmica baseada na utilização de síncopas. Embora não tenha sido um inovador, a sua arte marca uma forte maturidade dentro do movimento romântico alemão, o que faz de Brahms uma das figuras máximas da História da música.

Johannes Brahms. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-05-07]

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ainda a ópera Orquìdea Branca e o Maestro e Compositor Jorge Salguerio

Os leitores mais assíduos do Outras Escritas devem lembrar-se de um artigo que aqui publiquei com a minha crítica à ópera Orquídea Branca, cuja estreia mundial ocorreu no Funchal no final de Outubro do ano passado.

Publiquei também essa crítica no outro meu blogue de nome Bel canto Opera.

Pois bem, o Maestro Jorge Salgueiro, compositor da Orquídea Branca, leu a minha crítica no Bel canto Opera e teve a amabilidade de me responder. Escusado será dizer que é para mim uma honra que o Maestro tenha lido a crítica e que tenha respondido.

Aqui fica de novo o meu texto e a reposta do Maestro.

Assisti ontem a uma récita da ópera Orquídea Branca que estreou no Funchal no dia 27 de Outubro.

As expectativas eram altas, uma vez que as notícias e críticas que foram surgindo na comunicação social eram bastante positivas.

Afortunadamente tive acesso a um bom lugar no teatro, que permitiu ter uma visão completa de palco e que, supostamente, será um bom local em termos acústicos. Digo supostamente porque foi utilizada amplificação acústica para vozes solistas e orquestra. Este foi, a meu ver o maior "senão" de todo o espectáculo. Os cantores de ópera não usam microfones nos teatros de ópera. Uma das características mais importantes de um cantor é a capacidade de projectar a voz.

Sei que a acústica do Baltazar Dias não é das melhores, de qualquer forma a acústica poderia ter sido melhorada recorrendo a artifícios de palco.

Tudo isto para dizer que a minha opinião sobre os cantores fica imediatamente comprometida por ouvi-los todos com o mesmo volume sonoro.

Mas antes disso, gostaria comentar a ópera em si.

O libreto de João Aguiar é interessante. Uma história de amor entre uma princesa e um jardineiro. A princesa chega ao Funchal para se curar de febre tísica, mas no final sucumbe. Tipicamente uma ópera romântica.

A encenação do Miguel Vieira é, para mim, um dos pontos altos desta produção. Os cenários e figurinos estão muito bem conseguídos. A conjugação do antigo com o novo e do tradicional com o moderno está perfeita.

A composição de Jorge Salgueiro não me satisfez completamente. A utilização excessiva de "staccato" nos recitativos, não é agradável. Esta característica mantém-se ao logo do toda a obra, mesmo nas árias duetos e tercetos, tornando-a pesada e um pouco monótona. No entanto, os coros, o dueto entre Maria Amélia e José Maria e as duas árias de José Maria fogem a esta regra e são as partes que mais apreciei.
Na generalidade a composição parece-me excessivamente ligeira, o que, muitas vezes ao longo do espectáculo, me levou a pensar que estava a assistir a um musical e não a uma ópera.

Finalmente as vozes.

Como já referi, a utilização de amplificação não me permite formar uma opinião comparativa entre potência e projecção vocais.

As vozes de Lúcia Lemos (Imperatriz), Rui Baeta (Zé Maria) e Carlos Guilherme (cónego) são de destacar. De entre os três, preferi Lúcia Lemos (soprano), com uma voz segura e encorpada, mas que infelizmente não tem, nesta obra, uma ária à sua altura. Mesmo assim, destacou-se especialmente no segundo acto.

Rui Baeta (barítono) esteve bem. Entrou um pouco a medo no registo agudo, mas melhorou bastante no segundo acto. De notar que a personagem do José Maria tem as duas mais belas árias de toda a ópera.

Carlos Guilherme /tenor) esteve um pouco contido no primeiro acto, melhorando bastante depois. De qualquer forma, a sua personagem não tem também uma ária onde os dotes vocais do cantor possam ser convenientemente demonstrados.

Carla Moniz (soprano) no papel principal de D. Maria Amélia (princesa) teve uma prestação mediana. Pouco comovente. Uma voz contida e ligeira. Confesso que desconhecia a cantora e que esta apreciação se pode dever à interpretação que fez da personagem.

Dos solistas secundários destaco Diocleciano Pereira (tenor) no papel de Comandante da Fragata Dom Fernando e Inês Madeira (mezzo-soprano) no papel de Rosinha.

Globalmente considero a produção da Orquídea Branca muito aceitável.

Vale a pena ver.


Caro Alberto, sou o Jorge Salgueiro, precisamente o compositor da Orquídea. Parabéns pelo seu artigo que considero interessante. Em relação às suas considerações de gosto, nada a dizer. Gostos não se discutem e tem todo o direito em exprimir os seus, não só em relação à música como à prestação das vozes. Referiu o trabalho do encenador Miguel Vieira que também sublinho e não posso deixar de explicitar o nome da figurinista Dina Pimenta que fez um trabalho de grande interesse artístico. Compreendendo que opta por uma visão literalmente artística sem tomar em consideração as circunstâncias julgo no entanto que seria de louvar a excelente prestação da orquestra, coros, bailarinos e produção do GCEA. Notáveis dentro das circunstâncias. Considero no entanto que o seu reparo em relação aos microfones é injusto. Em primeiro lugar porque nós somos os primeiros a reconhecer que numa ópera um dos factores de avaliação de uma voz é precisamente a sua capacidade de projecção e que esse factor influencia o timbre, o corpo da voz, a personagem, etc. Não faço conjecturas sobre a imagem que tem de mim como artista, mas não o imagino a ver o Carlos Guilherme, a Lúcia Lemos e o Rui Baeta a aceitarem de bom grado cantarem com micros. Simples é de imaginar que foi uma decisão muito ponderada e difícil que tive de tomar e que todos verificámos como inevitável. De facto não é possível fazer chegar as palavras ao público quando a orquestra está no meio dele. Lembro-o que eu dirigia praticamente a meio da 1ª plateia naquilo que seria a 5ª fila de cadeiras, isto se não tivessem sido retiradas as duas primeiras precisamente para ser colocada a orquestra. Já tinha visto isto em algum lado? E estamos a falar de uma orquestra com menos de metade dos efectivos de qualquer orquestra de ópera a partir do período romântico. É um problema que me parece neste teatro impossível de ultrapassar a não ser que colocássemos a orquestra no palco. Não quero ser irónico mas de facto, com a estrutura desta ópera, teriam os bailarinos e os coros vir para a sala. Os tais artifícios que me fala para resolução do problema, imagino que sejam superfícies reflectoras. Ora isso é absolutamente impossível dado que o proscénio é já dentro da sala. Não sei se reparou, o 1º trombone tinha a campânula ao lado das cabeças das pessoas da 1ª fila. Uma concha acústica, como imagina, também não é possível numa ópera: necessitamos da teia. Tudo o que era cantado dentro do palco era "comido" pela caixa que é a teia. Esta ópera ali é como meter a Rua da Prata na Rua da Betesga. Acho que a solução a que se chegou é bem razoável. Aliás, corrija-me se estiver errado, no Funchal não há teatros com fosso e condições para uma grande produção operática. Talvez este assunto possa merecer reflexão quando um dia se construir outra sala de espectáculos na cidade. A outra questão que levanta e que me parece merecer alguma reflexão é a qualificação ópera ou musical. O primeiro aspecto que nos pode ajudar a discernir a questão é a existência de momentos falados. A Orquídea é toda cantada. Ora a Flauta Mágica, que nós sabemos foi escrita como um Singspiel e não uma ópera, é hoje aceite genericamente como uma ópera. Muitos outros exemplos poderíamos aqui dar e até a existência de longas partes faladas em óperas contemporâneas de vanguarda só ajudam a complicar. O factor que me parece decisivo é a questão estética. Um musical deriva em, geral de duas tradições: a americana e a inglesa. No caso americano a raiz é de influência jazzística e assente em pilares como Gershwin e Weill. No caso inglês a influência é do rock e da pop, e a maior referência parece-me ser ALWebber. No caso da ópera, as raízes têm origem em movimentos artísticos ainda que os autores busquem sempre uma linguagem própria. Na ópera existe sempre a busca do artifício, da estilização, de uma nova linguagem em busca de novos códigos para decifrar o futuro da vida e da arte. É essa a palavra chave: artifício. O musical não tem esse tipo de preocupações e enquadra-se mais frequentemente dentro de estereótipos. Daqui se compreende que já no séc. XXI se continue a não utilizar o microfone nas vozes operáticas: a sua utilização normaliza alguns aspectos do canto. Salvaguardo projectos de vanguarda que são compostos já prevendo a amplificação e utilização dessa tecnologia como meio de expressão. Isso nós conhecemos. A linguagem da ópera é mais estruturada exactamente porque busca essa nova síntese artística, essa nova proposta estética. Ao ouvirmos o primeiro Wagner podemos já descortinar aquilo que viria a ser a sua linguagem tão própria e revolucionária para as artes, mas de facto podemos nessa primeira fase ouvir claras influências de compositores românticos seus predecessores ou contemporâneos. Assim, não posso deixar de considerar que “A Orquídea Branca” é de facto uma ópera. Não que considere a classificação de musical menos digna, de facto já escrevi um musical e por isso estou à vontade. Esta obra enquadra-se perfeitamente no movimento minimalista em termos estruturais e procura a sua identidade e libertação através da proposta melódica. Se por um lado, o desenvolvimento a partir da repetição e de células simples na parte orquestral se enquadram perfeitamente em influências de compositores minimalistas, por outro a solução melódica é bem mais original, embora se possam encontrar influências da Pop e da música tradicional (a minha linguagem parte para uma nova proposta a partir de uma síntese). Julgo ser precisamente essa generosidade melódica que o confunde, algo que compreendo perfeitamente dado a repulsa que esse aspecto tem tido junto dos criadores e principalmente da crítica artística dos últimos 50 anos (número redondo e discutível). O trabalho que realizei em torno da língua portuguesa jamais seria aceitável num musical. A desconstrução da palavra em torno da caracterização psicológica das personagens, fazendo-nos ouvir aquilo que elas pensam e não aquilo que elas dizem, é algo que atravessa a ópera de uma forma estrutural e da qual faz parte os staccati de que, com todo o direito, não gostou. Foi a opção estética que me pareceu mais adequada entre a minha linguagem e as circunstâncias culturais do local e tempo. Se voltasse atrás, ainda que sabendo o que sei hoje, julgo que não conseguiria fazer tão bem. Termino agradecendo-lhe a sua atenção e com uma palavra de estímulo para que continue a assistir e a escrever sobre a criação contemporânea que tão necessitada está de discussão, pensamento, polémica, divulgação, enfim, interesse do público.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Orquídea Branca - récita de 29 de Outubro

Assisti ontem a uma récita da ópera Orquídea Branca que estreou no Funchal no dia 27 de Outubro.

As expectativas eram altas, uma vez que as notícias e críticas que foram surgindo na comunicação social eram bastante positivas.

Afortunadamente tive acesso a um bom lugar no teatro, que permitiu ter uma visão completa de palco e que, supostamente, será um bom local em termos acústicos. Digo supostamente porque foi utilizada amplificação acústica para vozes solistas e orquestra. Este foi, a meu ver o maior "senão" de todo o espectáculo. Os cantores de ópera não usam microfones nos teatros de ópera. Uma das características mais importantes de um cantor é a capacidade de projectar a voz.

Sei que a acústica do Baltazar Dias não é das melhores, de qualquer forma a acústica poderia ter sido melhorada recorrendo a artifícios de palco.

Tudo isto para dizer que a minha opinião sobre os cantores fica imediatamente comprometida por ouvi-los todos com o mesmo volume sonoro.

Mas antes disso, gostaria comentar a ópera em si.

O libreto de João Aguiar é interessante. Uma história de amor entre uma princesa e um jardineiro. A princesa chega ao Funchal para se curar de febre tísica, mas no final sucumbe. Tipicamente uma ópera romântica.

A encenação do Miguel Vieira é, para mim, um dos pontos altos desta produção. Os cenários e figurinos estão muito bem conseguídos. A conjugação do antigo com o novo e do tradicional com o moderno está perfeita.

A composição de Jorge Salgueiro não me satisfez completamente. A utilização excessiva de "staccato" nos recitativos, não é agradável. Esta característica mantém-se ao logo do toda a obra, mesmo nas árias duetos e tercetos, tornando-a pesada e um pouco monótona. No entanto, os coros, o dueto entre Maria Amélia e José Maria e as duas árias de José Maria fogem a esta regra e são as partes que mais apreciei.
Na generalidade a composição parece-me excessivamente ligeira, o que, muitas vezes ao longo do espectáculo, me levou a pensar que estava a assistir a um musical e não a uma ópera.

Finalmente as vozes.

Como já referi, a utilização de amplificação não me permite formar uma opinião comparativa entre potência e projecção vocais.

As vozes de Lúcia Lemos (Imperatriz), Rui Baeta (Zé Maria) e Carlos Guilherme (cónego) são de destacar. De entre os três, preferi Lúcia Lemos (soprano), com uma voz segura e encorpada, mas que infelizmente não tem, nesta obra, uma ária à sua altura. Mesmo assim, destacou-se especialmente no segundo acto.

Rui Baeta (barítono) esteve bem. Entrou um pouco a medo no registo agudo, mas melhorou bastante no segundo acto. De notar que a personagem do José Maria tem as duas mais belas árias de toda a ópera.

Carlos Guilherme /tenor) esteve um pouco contido no primeiro acto, melhorando bastante depois. De qualquer forma, a sua personagem não tem também uma ária onde os dotes vocais do cantor possam ser convenientemente demonstrados.

Carla Moniz (soprano) no papel principal de D. Maria Amélia (princesa) teve uma prestação mediana. Pouco comovente. Uma voz contida e ligeira. Confesso que desconhecia a cantora e que esta apreciação se pode dever à interpretação que fez da personagem.

Dos solistas secundários destaco Diocleciano Pereira (tenor) no papel de Comandante da Fragata Dom Fernando e Inês Madeira (mezzo-soprano) no papel de Rosinha.

Globalmente considero a produção da Orquídea Branca muito aceitável.

Vale a pena ver.

Publicado também no Folhas Pautadas e no Bel canto Opera

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"A ORQUÍDEA BRANCA" - ópera - Estreia hoje

A não perder...

Integrada nas comemorações dos 500 Anos da Cidade do Funchal, a ópera "A Orquídea Branca" tem estreia mundial no Teatro Baltazar Dias no dia de hoje.

As récitas prolongam-se até ao dia 2 de Novembro e do elenco fazem parte vários cantores solistas nacionais, assim como coros e grupos de dança regionais.

A composição esteve a cargo do Maestro Jorge salgueiro e o libreto é do escritor João Aguiar.

Encenação de Miguel Vieira e Cenários e Guarda-Roupa de Dina Pimenta.

Mais informações aqui.

Assistirei à récita do dia 29.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Eu vou ... Concerto de Aniversário do Orfeão Madeirense - É hoje

O Orfeão Madeirense é o grupo coral mais antigo da Madeira e um dos mais antigos do país.

Anualmente, no mês de Outubro, o coro celebra o seu aniversário com um concerto.

Este ano o Concerto de Aniversário do Orfeão Madeirense realiza-se no dia 24 de Outubro pelas 21 horas no Salão Nobre da Câmara Municipal do Funchal e será dirigido pelo Maestro José Pereira Júnior.

O programa incluí temas clássicos e ligeiros, religiosos e profanos.

Alguns alunos de canto da Academia Orpheus farão interpretações a solo de árias de ópera, peças clássicas e ligeiras.

A não perder...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Leonard Bernstein

No dia 14 de Outubro de 1990 morre o compositor norte-americano Leonard Bernstein.

Da Infopédia:

Compositor, pianista e maestro, nascido a 25 de Agosto de 1918 e falecido a 14 de Outubro de 1990, foi um dos mais enérgicos músicos que os Estados Unidos da América conheceu no século XX. Compôs sinfonias, como The Age of Anxiety (1949), bailados, como Fancy Free (1944), e músicas para filmes, como West Side Story (1957). Entre 1958 e 1970 dirigiu a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque. Distinguiu-se ainda em programas televisivos como notável divulgador musical.

Leonard Bernstein. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008. [Consult. 2008-10-13]