sexta-feira, 15 de abril de 2011
Regresso ao Lar - Guerra Junqueiro
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Regresso ao Lar - Guerra Junqueiro
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Fernando Pessoa
domingo, 21 de março de 2010
Dia mundial da poesia... Florbela Espanca

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...
Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!
Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!
E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!...
domingo, 7 de março de 2010
Faz anos hoje - Alessandro Manzoni

Da Infopédia:
Poeta e romancista italiano, nascido em 1785 e falecido em 1873, ficou célebre como autor da ficção romântica I promessi sposi (Os Noivos , 1825-1827), obra que continha um forte apelo patriótico, ao qual a Itália do seu tempo era particularmente sensível, e que é considerada um dos melhores exemplares do romance histórico no século XIX.
Alessandro Manzoni. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-03-07]
quinta-feira, 4 de março de 2010
Faz anos hoje - Eugénio de Castro

Da Infopédia:
Poeta e autor dramático, nascido a 4 de Março de 1869, em Coimbra, e falecido a 17 de Agosto de 1944, na mesma cidade. Formado pela Faculdade de Letras de Coimbra, aí viria a desempenhar funções docentes e directivas. É ainda durante os estudos académicos que funda, em 1889, com João Menezes e Francisco Bastos, a revista Os Insubmissos, criada com um intuito deliberado de rivalizar com a revista académica Boémia Nova, recém-lançada por Alberto de Oliveira e António Nobre. Na polémica entre as duas publicações serão colocadas questões de versificação (o problema da cesura do alexandrino) que, se não têm a ver directamente com o Simbolismo, contribuirão para uma nova consciência da linguagem poética, afim das premissas daquele movimento, cuja emergência é usual datar-se de 1890, data da publicação do volume poético Oaristos de Eugénio de Castro. Deixando para trás quatro volumes de poesia (Canções de Abril, 1884; Jesus de Nazaré, 1885; Per Umbram, 1887; Horas Tristes, 1888) pouco significativos na bibliografia do autor, se considerados à luz da estética de que viria a ser porta-voz, na introdução a Oaristos, o poeta acusaria os lugares-comuns sobre que assentava a poesia sua contemporânea, quer ao nível de imagens, de rimas e de léxico, defendendo uma nova expressão poética, que, reclamando a "liberdade do ritmo", o processo estilístico da aliteração, as "rimas raras", os "raros vocábulos", e um estilo "decadente", se traduziria, neste, como em volumes posteriores, como Horas, numa poética atenta ao valor sugestivo e musical do significante, alheia a qualquer compromisso com a realidade social e defensora de uma poética de "arte pela arte". Em 1895, Eugénio de Castro fundou a revista internacional A Arte, que, anunciando a colaboração de autores como Paul Adam, Gabriele d'Anunzio, Maurice Barrès, Gustave Khan, Maeterlinck, Stéphane Mallarmé, Jean Moréas, Jules Renard, J. H. Rosny, ou Verlaine, pretendia constituir, ligando alguma poesia portuguesa (sobretudo a do autor) à poesia europeia, um elo no movimento simbolista internacional, com cujos representantes Eugénio de Castro mantinha, aliás, correspondência. A sua poesia, seja nesta primeira fase, onde a influência do simbolismo de matriz verlainiana é muito nítida, seja em fases posteriores, de refluxo neoclassicista (A Fonte do Sátiro e Outros Poemas, Camafeus Romanos, A Mantilha de Medronhos, Descendo a Encosta), nunca se libertou do epíteto de esteticista e escolar, sendo, no entanto, uma referência incontornável na análise do processo de libertação da linguagem poética que viria a culminar com o modernismo. No domínio da expressão dramática, peças como Belkiss inscrevem-se numa compreensão do fenómeno teatral próxima do teatro simbolista de Maeterlinck, a que se seguiriam outras tentativas, de pendor classicista, como Constança.
Bibliografia: Cristalizações da Morte, Coimbra, 1884; Canções de Abril, Coimbra, 1884; Jesus de Nazaré, Coimbra, 1885; Per Umbram, Lisboa, 1887; Horas Tristes, Lisboa, 1888; Oaristos, Coimbra, 1890; Horas, Coimbra, 1891; Silva, Lisboa, 1894; Belkiss, Coimbra, 1894; Interlúnio, Coimbra, 1894; Tirésias, Coimbra, 1895; Sagramor, Coimbra, 1895; Salomé e Outros Poemas, Coimbra, 1896; A Nereide de Harlém, Coimbra, 1896; O Rei Galaor, Coimbra, 1897; Saudades do Céu, Coimbra, 1899; Constança, 1900; Depois da Ceifa, Lisboa, 1901; Poesias Escolhidas, Lisboa, 1902; A Sombra do Quadrante, Coimbra, 1906; O Anel de Polícrates, Coimbra, 1907; A Fonte do Sátiro e Outros Poemas, Coimbra, 1908; O Filho Pródigo, Porto, 1910; O Cavaleiro das Mãos Irresistíveis, Coimbra, 1916; Camafeus Romanos, Coimbra, 1921; A Tentação de São Macário, Coimbra, 1922; Canções desta Negra Vida, Coimbra, 1922; Cravos de Papel, Coimbra, 1922; A Mantilha de Medronhos, Coimbra, 1923; A Caixinha das Cem Conchas, Coimbra, 1923; Descendo a Encosta, Coimbra, 1924; Chamas duma Candeia Velha, Coimbra, 1925; Éclogas, Coimbra, 1929; Últimos Versos, Lisboa, 1938; Sonetos Escolhidos, Lisboa, 1946
Eugénio de Castro. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-03-04]
quarta-feira, 3 de março de 2010
Faz anos hoje - Bulhão Pato

Da Infopédia:
Poeta português, Raimundo António de Bulhão Pato nasceu a 3 de Março de 1829, em Bilbau, Espanha, e faleceu em 1912.
Filho de portugueses (o seu pai era fidalgo e poeta), teve uma infância difícil, vivendo constantemente rodeado de dificuldades decorrentes da guerra carlista. Já na adolescência, a guerra civil espanhola obriga a família a vir para Lisboa, onde Bulhão Pato frequenta a Escola Politécnica. Por essa altura começou a conviver também com algumas das personalidades literárias mais importantes da época, como Latino Coelho, Andrade Corvo, Rebelo da Silva, Almeida Garrett, Gomes de Amorim e Alexandre Herculano, entre outros. Essa convivência viria a ser de extrema importância para o consolidar dos seus conhecimentos. Colaborou em periódicos como O Panorama , a Revista Universal Lisbonense , a Revista Peninsular e A Semana . Traduz Shakespeare, Bernardin de Saint-Pierre e Vítor Hugo.
Considerado um poeta apaixonado, influenciado pelos valores do Ultra-Romantismo que o envolveu durante a sua infância e adolescência (sobretudo em Poesias e Versos , de 1850 e 1862), influenciado por Lamartine e Byron, torna-se célebre com o poema narrativo Paquita , sucessivamente reeditado até 1894, e amplamente reconhecido por Alexandre Herculano e Rebelo da Silva.
É também autor de quatro livros de memórias, escritos num tom íntimo e nostálgico, interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem. O seu estatuto de derradeiro representante de um Romantismo sentimental ultrapassado, a que as facetas de caçador e de gastrónomo (é seu o livro de receitas O cozinheiro dos cozinheiros , de 1870) conferiam contornos de certa forma castiços, teria, ao que parece, servido de inspiração a Eça de Queirós na composição da figura do poeta Tomás de Alencar, em Os Maias (1888).
Bibliografia: Poesias, 1850 (poesias); Paquita, 1856 (poesias); Versos, 1862 (poesias); Digressões e Novelas, 1864 (novelas e contos); Canções da tarde, 1866 (poesias); Flores Agrestes, 1870 (poesias); Cantos e sátiras, 1873 (poesias); Sob os ciprestes, 1877 (memórias); Memórias, 3 vols., 1894-1907 (memórias)
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Morreu Rosa Lobato de Faria

A minha homenagem.
Da Infopédia:
Actriz, escritora e autora de canções, nasceu a 20 de Abril de 1932, em Lisboa, mas ficou com muitas ligações ao Alentejo devido a laços familiares. Foi empregada numa loja de electrodomésticos antes de se dedicar à representação no teatro e em diversos programas de televisão. A estreia no cinema ocorreu em 1973 em Perdido por Cem..., seguindo-se na Sétima Arte interpretações em Paisagem Sem Barcos (1983), Jogo de Mão (1984), O Barão de Altamira (1986), O Vestido Cor de Fogo (1986), Aqui na Terra (1993), Tráfico (1998) e A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América (2003). Rosa Lobato de Faria fez sucesso como actriz de teatro, cinema e televisão e como autora de canções. Quatro das suas letras venceram o Festival da Canção e foram à Eurovisão, e duas marcaram presença no Festival da OTI. No Festival Eurovisão estiveram presentes as músicas "Amor de Água Fresca", interpretada por Dina em 1992, "Chamar a Música", cantada por Sara Tavares, em 1994, "Baunilha e Chocolate", com voz de Tó Cruz, em 1995, e "Antes do Adeus", por Celia Lawson, em 1997. Ganhou ainda por duas vezes o prémio da Grande Marcha Popular de Lisboa, nas únicas vezes em que concorreu. Rosa Lobato de Faria escreveu o argumento de duas telenovelas Passerelle (1987) , a meias com Ana Zanatti, para a RTP e Telhados de Vidro (1994), para a TVI. Escreveu também o guião de quatro séries de televisão, três da RTP- Nem o Pai Morre... (1987), Pisca-Pisca (1988) e Tudo ao Molho e Fé em Deus (1994)-, e uma da TVI, Trapos e Companhia (1995). Colaborou também em diversos programas do humorista Herman José, mais recentemente, protagonizou as séries humorísticas A Minha Sogra é uma Bruxa (2003) e Aqui Não Há Quem Viva (2006). Já com uma longa carreira noutras áreas culturais, em 1995 estreia-se na escrita de romances com O Pranto de Lúcifer, seguindo-se, sucessivamente, Os Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camilla S. (1997), Romance de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (1999), A Trança de Inês (2001), O Sétimo Véu (2003), Os Linhos da Avó (2004), A Flor do Sal (2005), A Alma Trocada (2007), A Estrela de Gonçalo Enes (2008) e As Esquinas do Tempo (2008). Com O Prenúncio das Águas Rosa Lobato de Faria ganhou o Prémio Máxima de Literatura em 2000. Tem obras traduzidas em alemão e francês. Mas, para além do romance, a autora também publicou poesia, como a antologia Poemas Escolhidos e Dispersos (1997) e A Gaveta de Baixo (1999), um longo poema acompanhado por aguarelas de Oliveira Tavares, e Os Melhores Poemas Para Crescer (2007). Em finais de 2002, estreou no teatro a peça Sete Anos, a primeira escrita por Rosa Lobato de Faria. Paralelamente a todas estas actividades, deu aulas de dicção na Universidade e ensinou Poesia Portuguesa num curso de formação de actores.
Rosa Lobato de Faria. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-02-02]
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Faz anos hoje - Fernando Assis Pacheco

Da Infopédia:
Poeta, ficcionista e crítico literário, licenciado em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, onde, ainda estudante, participou em actividades teatrais, Fernando Assis Pacheco dedicou-se ao jornalismo, como colaborador de África, Bandarra, Cabo Verde, Caliban, Diário de Lisboa, Fenda, Nova, O Jornal, Sílex ou Vértice e coordenador do Jornal de Letras, Artes e Ideias , desenvolvendo ainda a actividade de tradutor (traduziu, entre outros, Gabriel Garcia Márquez e Pablo Neruda). A sua poesia, marcada, nos primeiros volumes, pela experiência traumatizante da guerra colonial, insere-se numa tendência realista, onde a denúncia social acolhe as inovações do experimentalismo e da pesquisa linguística.
Bibliografia: Walt: ou o Frio e o Quente, Amadora, 1978; Trabalhos e Paixões de Benito Prada: galego da província de Ourense que veio a Portugal ganhar a vida, Lisboa, 1994; Cuidar dos Vivos, Coimbra, 1963; Câu Kiên: Um Resumo, Lisboa, 1972; Viagens na Minha Guerra, Lisboa, 1972; Memórias do Contencioso, 1976; Catalabanza, Quiolo e Volta, Coimbra, 1976; Siquer este Refúgio, Lisboa, 1976; Enquanto o Autor Queima um Caricoco, seguido de Sons Que Passam, Porto, 1978; Memórias do Contencioso e Outros Poemas, Porto, 1980; A Profissão Dominante, Lisboa, 1982; Nausicaah!, Lisboa, 1984; Variações em Sousa, Lisboa, 1984; A Bela do Bairro e Outros Poemas, Lisboa, 1986; Desversos, Lisboa, 1990; A Musa Irregular, Lisboa, 1991
Fernando Assis Pacheco. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-02-01]
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Faz anos hoje - Eugénio de Andrade

Da Infopédia:
Poeta português, Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu a 19 de Janeiro de 1923 no Fundão, e faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto. Em 1947 ingressou na função pública, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais, e em 1950 fixou residência no Porto. Manteve sempre uma postura de independência relativamente aos vários movimentos literários com que a sua obra coexistiu ao longo de mais de cinquenta anos de actividade poética. Revelando-se em 1948, com As Mãos e os Frutos, a que se seguiria, em 1950, Os Amantes sem Dinheiro, o seu nome não se encontra vinculado a nenhuma das publicações que marcaram, enquanto lugar de reflexão sobre opções e tradições estéticas, a poesia contemporânea, embora tenha editado um dos seus volumes, As Palavras Interditas, na colecção "Cancioneiro Geral" e tenha colaborado em publicações como Árvore, Cadernos do Meio-Dia ou Cadernos de Poesia. É, aliás, nesta última publicação, editada nos anos quarenta, que se firmam algumas das vozes independentes, como Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Jorge de Sena, que inaugurariam, no século XX, essa linhagem de lirismo depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real dificilmente dizível ou inteligível, em que Eugénio de Andrade se inscreve. Foi um dos poetas portugueses mais lidos e traduzidos, mantendo ao longo de uma longa e fecunda carreira uma certa unidade de temas e de recursos formais. A escolha dos inofensivos substantivos "pureza" e "leveza" para referir a sua obra derivará talvez da noção do impulso de purificação que a sua poética confere às palavras através da exploração de um léxico essencial até à exaltação. Quando Maria Alzira Seixo fala do caminho que esta poesia percorre "na senda do rigor da lápide" ("Every poem is an epitaph", já dizia Eliot) levanta o véu de um dos pontos fulcrais desta poesia que, nas palavras do próprio Eugénio de Andrade (Rosto Precário), se afirma como o "lugar onde o desejo ousa fitar a morte nos olhos". Falar desta obra como morada da "leveza" e da "pureza" é encobrir o que nela há de ofício de paciência e de desesperada busca. Talvez seja preferível falar da força básica de um léxico de tal maneira investido da radicação do corpo do objecto amado no mundo e na sua paisagem que é capaz de impor o desejo da luz no coração das trevas da mortalidade. Eugénio de Andrade surgirá, assim, como o poeta da "correlação do corpo com a palavra" (Carlos Mendes de Sousa), da sexualidade trabalhada verbalmente até atingir uma "zona gramatical cega" (Joaquim Manuel Magalhães) onde o referido sexual não tem género gramatical referente porque o discurso em que vive pertence já a uma dimensão cuja musicalidade representa a recuperação de uma voz materna intemporal. Eugénio de Andrade foi elemento da Academia Mallarmé (Paris) e membro fundador da Academia Internacional "Mihail Eminescu" (Roménia). Para além de tradutor de vários autores, cujas obras recriou poeticamente (García Lorca, Safo, Borges), e organizador de várias antologias poéticas, é autor de obras como Os Afluentes do Silêncio (1968), Rosto Precário (1979), À Sombra da Memória (1993) (em prosa), As Mãos e os Frutos (1948), As Palavras Interditas (1951), Ostinato Rigore (1964), Limiar dos Pássaros (1976), Rente ao Dizer (1992), Ofício da Paciência (1994), O Sal da Língua (1995) e Os Lugares do Lume (1998). Recebeu ao longo da sua vida vários prémios: Pen Clube (1986), Associação Internacional dos Críticos Literários (1986), Dom Dinis (1988), Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1989), Jean Malrieu (França, 1989), APCA (Brasil,1991), Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (República da Sérvia, 1996), Prémio Vida Literária atribuído pela APE (2000) e, em Maio de 2001, o primeiro prémio de poesia "Celso Emilio Ferreiro" atribuído em Orense, na Galiza. Em 2001, a 10 de Maio, Eugénio de Andrade foi homenageado na Universidade de Bordéus por altura da realização do "Carrefour des Littératures", tendo sido considerado um dos mais importantes escritores do século XX. Estiveram presentes várias ilustres personalidades, entre elas o Presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio. A 10 de Julho foi distinguido com o Prémio Camões e, ainda no mesmo ano, foi lançado um CD com poemas recitados pelo próprio autor. Em 2002, foram atribuídos os prémios PEN 2001 e Eugénio de Andrade recebeu o prémio da área da poesia pela sua obra Os Sulcos da Sede. No dia em que comemorou o seu octogésimo aniversário foi homenageado na Biblioteca Almeida Garrett do Porto. Em 1991, foi criada na cidade do Porto a Fundação Eugénio de Andrade. Para além de ter servido de residência ao poeta, esta instituição tem como principais objectivos o estudo e a divulgação da obra do autor assim como a organização de diversos eventos como, por exemplo, lançamentos de livros, recitais e encontros de poesia. A 22 de Março de 2005 foi distinguido, juntamente com a escritora Agustina Bessa-Luís, com o doutoramento "Honoris Causa", atribuído pela Universidade do Porto durante a cerimónia do 94.º aniversário da sua fundação. Bibliografia: Para além de numerosas obras colectivas, antologias de poesia, antologias de textos de diversos autores e traduções, destacam-se: Narciso, Lisboa, 1940; Adolescente, Lisboa, 1942; Pureza, Lisboa, 1945; As Mãos e os Frutos, Lisboa, 1948; Os Amantes sem Dinheiro, Lisboa, 1950; As Palavras Interditas, Lisboa, 1951; Até Amanhã, Lisboa, 1956; Coração do Dia, Lisboa, 1958; Mar de Setembro, s/l, 1961; Ostinato Rigore, Lisboa, 1964; Obscuro Domínio, Porto, 1971; Antologia Breve, 1972; Véspera da Água, Porto, 1973; Escrita da Terra e Outros Epitáfios, Porto, 1974; Limiar dos Pássaros, Porto, 1976; Memória doutro Rio, Porto, 1978; Matéria Solar, Porto, 1980; O Peso da Sombra, Porto, 1982; Branco no Branco, Porto, 1984; Aquela Nuvem e Outras, 1986; Vertentes do Olhar, Porto, 1987; O Outro Nome da Terra, 1988; Poesia e Prosa (1940-1989) - obra completa, 1990; Rente ao Dizer, 1992; À Sombra da Memória, 1993; Ofício de Paciência, 1994; O Sal da Língua, Porto, 1995; Pequeno Formato, 1997; Os Sulcos da Sede, 2001; Os Lugares do Lume, 1998; História da Égua Branca, Porto, 1976; Rosto Precário, 1979 ; Os Afluentes do Silêncio, 4.ª ed. refundida, Porto, 1979
Eugénio de Andrade. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-01-19]
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Faz anos hoje - Oswald de Andrade

Da Infopédia:
Poeta, prosador e teatrólogo brasileiro, José Oswald de Sousa Andrade nasceu em 1890, em S. Paulo. Descendente de família tradicional e abastada, fez os estudos primários e secundários no Ginásio de S. Bento. Em 1912, numa viagem que fez à Europa, travou conhecimento com as vanguardas europeias, especialmente com o Futurismo. Em 1917 formou-se em Direito na Universidade de S. Paulo e conheceu Mário de Andrade e di Cavalcanti. Juntos, deram início a uma luta pelos ideais modernos que se concretizou na realização da Semana de Arte Moderna, em 1922. A partir desta data, Oswalde de Andrade tornou-se o principal dinamizador do movimento modernista brasileiro. Nas viagens que efectuava regularmente à Europa mantinha ligação com escritores e artistas de vanguarda do Velho Continente. Em 1931, juntamente com Patrícia Galvão, lançou o jornal O Homem do Povo, que marcou a sua adesão ao Partido Comunista, do qual se afastaria em 1945. Nesta data, passou a exercer a função de professor de Literatura Brasileira na Universidade de S. Paulo. Faleceu em 1954, nessa mesma cidade. Nos últimos anos de vida, vinha sofrendo dificuldades económicas e longa doença. No entanto, permaneceu sempre actuante e provocador. Ressalta sobretudo a diversidade da sua obra, que compreende a poesia, a narrativa, a crítica e o ensaio. Os escritos incluídos em Trilogia do Exílio (1922-1934) mostram-nos uma prosa nova e uma poética de conteúdo angustiado e quase dissolvente. Na poesia, Oswald de Andrade mostra um gosto extremo pela novidade. Marco Zero (1943-1945) é um ciclo romanesco projectado para cinco volumes, mas de que acabaram por sair apenas dois. Trata-se de uma tentativa de "romance mural", composto por manchas sociais justapostas, de que bem ressalta a ideologia política do autor. Mas acabou por ser no teatro que as qualidades de Oswald de Andrade melhor se puderam evidenciar. Em O Homem e o Cavalo (1934), aborda a revolução social. Em A Morta (1937), mostra o drama do poeta que a hostilidade da época reaccionária afastou de uma linguagem útil e corrente. Em O Rei da Vela (1937), o tema abordado é o do embate entre o socialismo e a burguesia.
Oswald de Andrade. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-01-11]
sábado, 28 de novembro de 2009
Faz anos hoje - William Blake

Da Infopédia:
Poeta, pintor e gravador britânico, nasceu a 28 de Novembro de 1757, em Londres, e aí veio a morrer em 1827. Foi praticamente ignorado pelos seus contemporâneos, exprimindo as suas visões místicas e encarnando o espírito romântico do artista profético, pessimista e revoltado. Em 1767 ingressou numa escola de desenho e aos 14 anos começou a aprender gravura. Casou-se aos 25 com Catherine Boucher e, juntos, trabalhariam na edição das obras de Blake. Utilizavam a técnica da gravura para a impressão dos poemas e das ilustrações e eles próprios encadernavam os livros. Em Canções da Inocência (1789), Blake revelava uma visão ingénua do Cristianismo, enquanto em Canções da Experiência (1794) assumia uma faceta de natureza mais profética e sombria. De 1804 a 1818 editou o poema Jerusalém, com cem gravuras. Recebeu depois uma encomenda de ilustrações para O livro de Job e iniciou uma outra série, em 1824, para A Divina Comédia, de Dante. Nos últimos anos da sua vida conquistou a admiração pelo seu trabalho, vindo a ser reconhecido como uma das mais importantes personalidades do Romantismo inglês.
William Blake. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-11-28]
sábado, 31 de outubro de 2009
Faz anos hoje - John Keats

Da Infopédia:
Poeta inglês nascido em 1795, em Londres, e falecido em 1821, em Roma. Com a publicação de Poems , em 1817, decidiu fazer da literatura a ocupação da sua vida, abandonando assim a carreira médica. No ano seguinte deu a lume o longo poema Endymion , que recebeu críticas violentas. Os ataques deixaram-no profundamente afectado, ao mesmo tempo que a doença o ia debilitando. Nos anos de 1818 e 1819, escreveu diversos poemas de grande mérito, como Lamia , Isabella e The Eve of St. Agnes .
John Keats. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-10-31]
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Faz anos hoje - Arthur Rimbaud

Da Infopédia:
Poeta francês, de nome completo Jean-Nicolas-Arthur Rimbaud, nasceu a 20 de Outubro de 1854 em Charleville, nas Ardenas. O pai, soldado tarimbeiro, abandonou a família quando Arthur contava seis anos de idade, pelo que foi educado apenas pela mãe, uma criatura autoritária e profundamente religiosa. Frequentando a escola de província até aos quinze anos de idade, Rimbaud mostrou-se um aluno de capacidades excepcionais mas indomáveis. Partindo da sua Paris natal, conseguiu atingir a Bélgica aos dezasseis, o que lhe valeu escolta policial até casa. Publicou nesse ano de 1870 o seu primeiro poema e, no seguinte, conhecendo Verlaine, desencaminhou-o da sua condição de homem de família, frustrado no absinto, e juntos chegaram a Londres, para dar início a uma vida de álcool e drogas. Publicou o seu primeiro livro, Le Bâteau Ivre em 1871. Os hábitos pouco higiénicos de Verlaine desencantaram Rimbaud, especialmente quando o seu amante explodiu numa crise de ciúmes, e o alvejou num pulso. O episódio acabou com uma estadia de Verlaine na prisão belga e o regresso de Rimbaud ao abrigo da quinta familiar. Em 1873 apareceu um dos seus livros mais famosos, a colectânea de poemas intitulada Une Saison En Enfer , em que o autor descia aos infernos quase ao estilo de Dante. Em Adeus , o último trecho do livro, resume a tragédia de alguém que quisera descobrir uma poesia nova ao cultivar as sensações, e apenas obtivera um caos de imagens. Em 1874 partiu de novo para Londres, e na Biblioteca Nacional Britânica foi-lhe interdita a leitura das obras de Sade, por não ter atingido a maioridade de vinte e um anos. A partir de 1875 recomeçou a sua vida deambulante, aprendendo uma série de idiomas, como o Alemão, o Italiano, o Grego e o Árabe, entre muitos outros. Trabalhou como professor na Alemanha, estivador no porto de Marselha e, alistando-se no exército holandês, acabou por desertar no arquipélago indonésio. Passou depois a agente comercial de importações-exportações ao serviço de diversas empresas francesas, dedicando-se a negócios obscuros de honestidade duvidosa que o levaram a destinos tão variados como Java, Chipre, Etiópia e o Egipto. Em 1886 surgiu Illuminations , numa edição realizada por Verlaine. A obra restabeleceu a reputação de Rimbaud como poeta, graças à sua profundidade espiritual, em que o autor demonstrava a sua preferência pelo humano em detrimento do divino. Em Fevereiro de 1891, Rimbaud viu a sua alma de caminhante mutilada, quando em Marselha começou a sentir fortes dores no joelho esquerdo. Foi-lhe diagnosticado um cancro e a perna teve que ser amputada. Após um período de alucinações e transes, Rimbaud acabou por falecer em Marselha a 10 de Novembro de 1891. O seu último escrito, Lettre au Directeur des Messageries Maritimes , conta-se entre o melhor que a lucidez do poeta nos soube dar.
Arthur Rimbaud. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-10-20]
sábado, 26 de setembro de 2009
Faz anos hoje - T. S. Eliot

Da Infopédia:
Thomas Stearns Eliot (1888-1965), poeta, crítico e dramaturgo inglês, nasceu em St. Louis, no Missouri. Frequentou a Universidade de Harvard (1906-10), prosseguindo os seus estudos na Sorbonne, onde estudou durante um ano. Regressou a Harvard para estudar filosofia por um período de três anos. Teve como professores George Santayana, Josiah Royce e Bertrand Russel. Uma bolsa de estudo levou-o posteriormente à Universidade de Oxford, onde preparou o seu doutoramento sobre a filosofia idealista de F. A. Bradley e aprofundou os seus conhecimentos de Platão e Aristóteles. A tese de Eliot foi publicada em 1936.Persuadido por Ezra Pound, fixou-se definitivamente em Inglaterra em 1915, naturalizando-se em 1927. Nesse ano converteu-se ao catolicismo; da sua conversão ao movimento católico no seio da Igreja inglesa dão testemunho os seus ensaios reunidos no volume For Lancelot Andrews (1928).De 1917 a 1919 Eliot foi assistente editorial da revista The Egoist . Entretanto, em 1917, foi publicado o seu primeiro livro de poesia, Prufrock and Other Observations , para o qual foi decisivo o apoio de Ezra Pound. O poema The Love Song of J. Alfred Prufrock foi publicado inicialmente na revista americana Poetry em 1915. Em 1917 Eliot escreveu o ensaio Tradition and the Individual Talent , a que se seguiram um segundo volume de poesia ( Poems , 1919), que incluía o poema Gerontion , e uma reedição de Prufrock intitulada Ara vos prec (1920).Depois de leccionar em diversas escolas inglesas, Eliot trabalhou durante oito anos no Lloyds Bank , antes de se tornar director da editora Faber (1925). Em 1922, no primeiro número da revista Criterion (que Eliot editou entre 1923 e 1939), foi publicado The Waste Land , o poema mais influente deste século, dedicado a Ezra Pound e posteriormente publicado na Hogarth Press por Leonard e Virginia Woolf. O tema de The Waste Land é a decadência e fragmentação da cultura ocidental, concebida imaginativamente por analogia com o fim de um ciclo de fertilidade natural. O poema divide-se em 5 partes, que não obedecem a uma sequência lógica, e estende-se por 433 versos. A justaposição de símbolos, imagens, ritmos, citações e sequências temporais, contribuem para a dimensão épica do poema e reforçam a sua coerência artística. Considerado um poema controverso desde o momento da sua publicação, The Waste Land marcou o início de uma nova fase na poesia deste século.Eliot só voltou a publicar poesia em 1830, com The Hollow Men ; no mesmo ano publicou Ash Wednesday , o registo poético da conversão do escritor ao catolicismo. As peças The Rock (1934) e Murder in the Cathedral (1935) reflectem igualmente a adesão de Eliot à doutrina católica. O mesmo acontece nos seus dramas posteriores: The Family Reunion (1939), The Cocktail Party (1950), The Confidential Clerk (1954) e The Elder Statesman (1958). Entretanto, entre 1935-42, Eliot produziu nova obra-prima, Four Quartets , publicada num único volume em 1943. Nos poemas que compõem aquela obra, Eliot aperfeiçoou uma linguagem poética própria, adequada às experiências espirituais que esses poemas traduzem.A reputação de Eliot como figura cimeira do Modernismo europeu é indissociável de uma reflexão constante sobre a tradição literária inglesa, sobre a qual escreveu longamente. Os seus ensaios críticos revelam esta preocupação constante com a poesia e a tradição: The Sacred Wood (1920), Homage to Dryden (1924), The Use of Poetry and the Use of Criticism (1933), Elizabethan Essays (1934), Milton (1947), Poetry and Drama (1951), The Three Voices of Poetry (1953), On Poetry and Poets (1957). Entre os seus trabalhos de crítica social contam-se obras polémicas como After Strange Gods (1936), The Idea of a Christian Society (1939) e Notes Towards a Definition of Culture (1948). O seu estilo desafiador está igualmente presente na reflexão sobre os escritores clássicos ( Modern Education and the Classics , 1934) e em termos gerais na sua abordagem da literatura. Até ao final da sua vida, Eliot não deixou de se pronunciar de forma crítica sobre a expressão poética enquanto manifestação da consciência moderna. A consistência do seu pensamento e a coerência da sua formulação valeram-lhe um estatuto privilegiado na literatura anglo-americana. Em 1948 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura.
T. S. Eliot. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-09-10]
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Faz anos hoje - D. H. Lawrence

Da Infopédia:
Poeta e ficcionista, de nome completo David Herbert Lawrence, nascido em 1885 e falecido em 1930, foi (como ficcionista) um dos mais influentes escritores ingleses do século XX. Da sua prolífica obra destacam-se os romances Sons and Lovers (Filhos e Amantes , 1913), Women in Love (Mulheres Apaixonadas , 1920) e Lady Chatterley's Lover (O Amante de Lady Chatterley , 1928). Apesar de ser menos conhecida do grande público e de ter uma qualidade irregular, a sua poesia inclui alguns dos mais belos exemplares da lírica do Modernismo.
D. H. Lawrence. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-09-11]
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Faz anos hoje - Camilo Pessanha

Da Infopédia:
Depois de se ter formado em Direito pela Universidade de Coimbra, partiu como professor para Macau, onde permanecerá, depois como conservador do registo predial, grande parte da sua vida e onde terá convivido durante escassos anos com Wenceslau de Morais. Ocupando uma posição marginal relativamente aos movimentos, polémicas e publicações que marcaram a última década de Oitocentos, Camilo Pessanha foi compondo uma pequena mas significativa obra poética, esparsamente divulgada em pequenas revistas e jornais, e apenas coligida em 1920, pelo empenho de um amigo e admirador, João de Castro Osório. Considerada o que de melhor produziu o simbolismo português, a sua obra aponta em vários aspectos para a estética modernista, sendo, aliás, da responsabilidade de Luís de Montalvor, um dos elementos de Orpheu , a divulgação em primeira mão de um conjunto de poemas de Pessanha na revista Centauro. A poesia de Camilo Pessanha articula o equilíbrio musical do verso, a capacidade de sugestão de sentidos a partir de elementos significantes, proveniente de um simbolismo de matriz verlainiana, com a elevação da imagem à categoria de símbolo, teorizada por Baudelaire ou Mallarmé, como alicerces de uma poesia elaborada ao ponto de ocultar o seu rigor construtivo e encarada como forma intelectualizada de compreensão da relação entre o eu e a realidade. Revelado pelos modernistas, este autor deve a sua redescoberta, até certo ponto, à iluminação recíproca que estabelece com a obra de Fernando Pessoa, devendo-se o primeiro estudo exaustivo da sua obra, em 1956, à ensaísta Esther de Lemos, a que se seguiriam, nas décadas seguintes, trabalhos fundamentais sobre Clepsidra, da autoria de Urbano Tavares Rodrigues e Óscar Lopes. Segundo este último ensaísta, "Pessanha traz à poesia portuguesa toda a dinâmica até então insuspeitada do momento subjectivo no domínio da percepção, desarticulando a perspectiva puramente geométrica a que a descrição parnasiana obedece, mobilizando os modos afectivos de reacção à realidade sensorial", e alcançando, na "expressão estilística concreta", "a dialéctica das percepções ou imagens e de uma subjectividade individual" (cf. Entre Fialho e Nemésio , vol. I, Lisboa, INCM, p. 136). Bibliografia: Clepsidra, Lisboa, 1920, reed. aum., Lisboa, 1945; China, Lisboa, 1944; O Caderno Poético de Camilo Pessanha, Macau, 1986; Cartas a Alberto Osório de Castro, João Baptista Castro e Ana Osório, Lisboa, 1984
Camilo Pessanha. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-09-07]
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Faz anos hoje - Salvatore Quasimodo

Da Infopédia:
Poeta e tradutor italiano, nascido a 20 de Agosto de 1901, em Módica, Siracusa, na Sicília, e falecido a 14 de Junho de 1968, em Nápoles. Com o intuito de ser engenheiro, frequentou escolas técnicas de Palermo e o Politécnico de Roma. Paralelamente, estudou Latim e Grego na Universidade da capital italiana. Contudo, devido a dificuldades financeiras teve de abandonar os estudos para começar a trabalhar como engenheiro civil para o governo italiano. No entanto, Quasimodo escrevia poesia e, em 1930, publicou três poemas numa revista vanguardista italiana. Nesse mesmo ano, lançou o primeiro livro de poesia, Acque e terre, seguido, em 1932, de Òboe sommerso, obras onde a sua Sicília natal marcou sempre presença. Em 1938, deixou a carreira de engenheiro civil para se dedicar exclusivamente à arte da escrita, tendo ocupado, a partir de então, o cargo de editor da revista semanal italiana Tempo. Três anos mais tarde, passou a dirigir o Departamento de Literatura Italiana do Conservatório Giuseppe Verdi, em Milão. Nos anos 40, Salvatore Quasimodo repartiu-se entre a produção própria de poesia e a tradução de outros poetas, desde os clássicos do Grego e do Latim (Sofócles, Ovídio,Virgílio, Eurípides ), a William Shakespeare, Molière, Pablo Neruda ou Edward E. Cummings. Durante a Segunda Guerra Mundial, o poeta sentiu-se mais ligado às necessidades do povo e exprimiu isso mesmo nos seus poemas, que resultaram nas obras Giorno dopogiorno e La vita non è sogno, de 1946 e 1949, respectivamente. Os trabalhos seguintes de Salvatore Quasimodo demonstraram um maior apego ao lado positivo da vida, como ficou patente na obra La terra impareggiabile, de 1958. O poeta deixou de lado um certo individualismo na sua obra para ficar mais patente um apego à sociedade. O ponto alto da sua carreira aconteceu em 1959, quando lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura. Mas, para além do Nobel, Salvatore Quasimodo ganhou outros galardões como o Prémio Internacional Etna-Taormina, em 1953, que partilhou com o poeta Dylan Thomas.
Salvatore Quasimodo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-08-20]
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Faz anos hoje - Caetano Veloso

Da Infopédia:
Poeta, compositor e cantor brasileiro, irmão de Maria Bethânia, Caetano Emanuel Teles Viana Veloso nasceu em 1942, no estado da Baía. Desde pequeno, Caetano revelou pendores artísticos, demonstrando gosto por música, desenho e pintura. Na rádio, ouve os cantores da música brasileira em voga, como Luiz Gonzaga; na cidade, os sambas de roda e os pontos de macumba. Em 1952, faz uma gravação única, para desfrute familiar, cantando "Feitiço da Vila" (de Vadico e Noel Rosa) e "Mãezinha querida" (de Getúlio Macedo e Lourival Faissal), hit de Carlos Galhardo. Ao piano, quem o acompanha é a irmã Nicinha. Quatro anos mais tarde, fica uns tempos no Rio de Janeiro, onde frequenta o auditório da Rádio Nacional, palco de apresentações dos maiores ídolos musicais brasileiros de então. Em 1960, muda-se com a família para Salvador, onde prossegue os seus estudos. A partir daí, intensifica-se o seu interesse por música - graças à bossa nova, particularmente ao cantor e violonista baiano João Gilberto; por cinema - graças ao Cinema Novo, particularmente ao director Glauber Rocha, também baiano; e por teatro. Na universidade local, a programação de eventos proporcionou-lhe um ambiente modernizador e vanguardista. Enquanto absorvia essa atmosfera, Caetano escreveu críticas de cinema para o Diário de Notícias, cuja secção cultural é dirigida por Glauber Rocha. Ele aprende a tocar viola e canta com a irmã Maria Bethânia nos bares de Salvador. Na TV, aprecia quando, às vezes, aparece um cantor novo, chamado Gilberto Gil. É numa dessas aparições que a sua mãe, a senhora Canô, o chama: "Caetano, vem ver o preto que você gosta". Em 1963, Caetano Veloso entra na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia. Finalmente conhece Gilberto Gil, a quem é apresentado pelo produtor Roberto Santana, Gal Costa (ainda Maria da Graça, na época) e Tom Zé. O primeiro trabalho musical surge no seguimento desses contactos. Ainda neste ano, Caetano compôs a banda sonora da peça "O boca de ouro", de Nelson Rodrigues, do director baiano Álvaro Guimarães, que o convida também para compor a banda de "A excepção e a regra", de Bertolt Brecht. Estes trabalhos foram as primeiras expressões artísticas do cantor e tiveram um papel decisivo na sua decisão de se tornar cantor-compositor. No ano seguinte, em Junho, no programa televisivo "Nós, por exemplo", com Caetano, Gil, Bethânia, Gal e Tom Zé, entre outros, o cantor integra os eventos de inauguração do Teatro Vila Velha. Uma agradável mistura de canções e textos, o programa "Nós, por exemplo" acabará por influenciar a concepção de espetáculos semelhantes que virão a ser feitos no Rio de Janeiro e em São Paulo pouco depois. O ano de 1965 estabelece um marco de particular importância para Caetano: em Salvador, conhece João Gilberto - para ele um dos artistas mais importantes do Brasil e uma das principais referências do seu trajecto artístico. Abandona a faculdade e acompanha sua irmã Bethânia, chamada ao Rio para substituir Nara Leão no espectáculo "Opinião". Gil, Gal e Tom Zé também se transferem para o Sul do Brasil. Em Maio, Caetano grava o seu primeiro single, com dois temas, "Cavaleiro" e "Samba em paz", ambos de sua autoria, pela RCA. A sua irmã, Maria Bethânia, lança "É de manhã", um original de Caetano. Ainda nesse ano, a colaboração de Caetano com Gil, Gal, Bethânia e Tom Zé continuou no espetáculo "Arena canta Bahia". Em 1966, concorre, como compositor, ao Festival Nacional da Música Popular, em São Paulo, com o tema "Boa palavra", interpretado por Maria Odette. A canção consegue o quinto lugar. Ainda neste ano, recebe o prêmio de melhor letra no 2.º Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, com a canção original "Um dia". Em Julho de 1967, assina com a Philips e lança o LP de estreia, Domingo, dividido com Gal Costa; do repertório, constam "Coração vagabundo" e "Avarandado", entre outras. O disco mostra uma filiação do artista ao estilo da bossa-nova; no texto na contracapa, um aviso: "Minha inspiração agora está tendendo para caminhos muito diferentes dos que segui até aqui". O movimento tropicalismo estava já em marcha, revolucionando as estéticas artísticas e culturais da sociedade brasileira. No ano seguinte, edita o seu primeiro LP individual, de título homónimo. Deste disco destacam-se alguns grandes sucessos como "Alegria, alegria", "Tropicália", "Soy loco por ti, América" (de Gil e Capinan), "No dia que eu vim-me embora" e "Superbacana". A carreira de Caetano estava definitivamente lançada no trilho do sucesso. Todavia, ainda neste ano, em plena ditadura no Brasil, Caetano é preso, na companhia de Gilberto Gil, por alegado desrespeito ao hino e à bandeira brasileira. Ambos são libertados poucos meses depois. A carreira de Caetano é prosseguida com variadas gravações e participações especiais das quais se destacam Caetano Veloso (1969), Araçá Azul (1973), Muitos Carnavais (1977), Bethânia e Caetano (1978), Outras Palavras (1981), Totalmente Demais (1986), Caetanando (1987),Livro (1997). Publicou os livros Alegria, Alegria (1977) e Verdade Tropical (1997), narrando neste último alguns acontecimentos da sua vida. Contracenou em vários filmes e realizou, em 1986, O Cinema Falado. É considerado um autor original e decisivo na moderna evolução da música brasileira, principalmente ao nível da criação literária. No ano 2000 ganhou o prémio grammy para o melhor disco na categoria de world music, com o seu álbum Livro. Posteriormente, edita, entre outros, o disco Noites do Norte (2001), um álbum que regista um som simples e grandioso, reeditado ao vivo no mesmo ano, o disco Eu Não Peço Desculpa (2002), com Jorge Mauttner, o livro Letra Só (2003), a colectânea de êxitos Antologia (2003) e o álbum Cê (2006), que revela uma fase musical mais rebelde e provocadora.. Da sua carreira constam também as participações na banda sonora dos filmes Habla Con Ella, de Pedro Almodóvar, onde o cantor aparece cantando "Cucurucucu Paloma", e Frida, filme galardoado com o Óscar de Melhor Banda Sonora, com a interpretação do tema "Burn it Blue", por Caetano e Lila Downs.
Caetano Veloso. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-08-07]
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Hermann Hesse

Da Infopédia:
Romancista e poeta alemão nascido em 1877, na pequena cidade de Calw, na orla da Floresta Negra e no estado de Wüttenberg, e falecido a 9 de Agosto de 1962, durante o sono, vítima de uma hemorragia cerebral. Filho de Johannes Hesse, cidadão russo nascido em Weissenstein, na Estónia e de Marie Gundert, nascida em Talatscheri, na Índia, e ela própria filha de um missionário Pietista perito em Indologia, Hermann Gundert, também editor religioso. Como os pais depositavam esperanças no facto de Hermann Hesse poder vir a seguir a tradição familiar em teologia, já que eles mesmos haviam servido como missionários na Índia, enviaram-no para o seminário protestante de Maulbronn, em 1891, mas acabou por ser expulso. Passando a uma escola secular, o jovem Hermann tornou a revelar inadaptação, pelo que abandonou os seus estudos. Hermann Hesse começou depois a trabalhar, primeiro como aprendiz de relojoeiro, como empregado de balcão numa livraria, como mecânico, e depois como livreiro em Tübingen, onde se teria juntado a uma tertúlia literária, "Le Petit Cénacle", que teria, não só grandemente fomentado a voracidade de leitura em Hesse, como também determinado a sua vocação para a escrita. Assim, em 1899, Hermann Hesse publicou os seus primeiros trabalhos, Romantischer Lieder e Eine Stunde Hinter Mitternacht, volumes de poesia de juventude. Depois da aparição de Peter Camenzind, em 1904, Hesse tornou-se escritor a tempo inteiro. Na obra, reflectindo o ideal de Jean-Jacques Rousseau do regresso à Natureza, o protagonista resolve abandonar a grande cidade para viver como São Francisco de Assis. O livro obteve grande aceitação por parte do público. Em 1911, e durante quatro meses, Hermann Hesse visitou a Índia, que o teria desiludido mas, em contrapartida, constituído uma motivação no estudo das religiões orientais. No ano seguinte, o escritor e a sua família assentaram arraiais na Suíça. Nesse período, não só a sua esposa começou a dar sinais de instabilidade mental, como um dos seus filhos adoeceu gravemente. No romance Rosshalde (1914), o autor explora a questão do casamento ser ou não conveniente para os artistas, fazendo, no fundo, uma introspecção dos seus problemas pessoais. Durante a Primeira Guerra Mundial, Hesse demonstrou ser desfavorável ao militarismo e ao nacionalismo que se faziam sentir na altura e, da sua residência na Suíça, procurou defender os interesses e a melhoria das condições dos prisioneiros de guerra, o que lhe valeu ser considerado pelos seus compatriotas como traidor. Finda a guerra, Hesse publicou o seu primeiro grande romance de sucesso, Demian (1919). A obra, de carácter faustiano, reflectia o crescente interesse do escritor pela psicanálise de Carl Jung, e foi louvada por Thomas Mann. Assinada nas primeiras edições com o nome do seu narrador, Emil Sinclair, Hesse acabaria por confessar a sua autoria. Deixando a sua família em 1919, Hermann Hesse mudou-se para o Sul da Suíça, para Montagnola, onde se dedicou à escrita de Siddharta (1922), romance largamente influenciado pelas culturas hindu e chinesa e que, recriando a fase inicial da vida de Buda, nos conta a vida de um filho de um Bramane que se revolta contra os ensinamentos e tradições do seu pai, até poder eventualmente encontrar a iluminação espiritual. A obra, traduzida para a língua inglesa nos anos 50, marcou definitivamente a geração Beat norte-americana. 1919 foi também o ano em que Hesse travou conhecimento com Ruth Wenger, filha da escritora suíça Lisa Wenger e bastante mais nova que o autor. O escritor renunciou à cidadania alemã, em 1923, optando pela suíça. Divorciando-se da sua primeira esposa, Maria Bernoulli, casou com Ruth Wenger em 1924, tendo o casamento durado apenas alguns meses. Dessa experiência teria resultado uma das suas obras mais importantes, Der Steppenwolf (1927). No romance, o protagonista Harry Haller confronta a sua crise de meia-idade com a escolha entre a vida da acção ou da contemplação, numa dualidade que acaba por caracterizar toda a estrutura da obra. Em 1931 voltou a casar, desta feita com Ninon Doldin, de origem judaica. Com apenas quatorze anos, havia enviado, em 1909, uma carta a Hermann Hesse, e desde então a correspondência entre ambos não mais cessou. Conhecendo-se acidentalmente em 1926, foram viver juntos para a Casa Bodmer, estando Ninon separada do pintor B. F. Doldin, e a existência de Hesse ter-se-à tornado mais serena. Durante o regime Nacional-Socialista, os livros de Hermann Hesse continuaram a ser publicados, tendo sido protegidos por uma circular secreta de Joseph Goebbels em 1937. Quando escreveu para o jornal pró-regime Frankfürter Zeitung, os refugiados judeus em França acusaram-no de apoiar os Nazis. Embora Hesse nunca se tivesse abertamente oposto ao regime Nacional-Socialista, procurou auxiliar os refugiados políticos. Em 1943 foi finalmente publicada a obra Das Glasperlernspiel, na qual Hesse tinha começado a trabalhar em 1931. Tendo enviado o manuscrito, em 1942, para Berlin, foi-lhe recusada a edição e o autor foi colocado na Lista Negra Nacional-Socialista. Não obstante, a obra valer-lhe-ia o prémio Nobel em 1946. Após a atribuição do famoso galardão, Hesse não publicou mais nenhuma obra de calibre. Entre 1945 e 1962 escreveria cerca de meia centena de poemas e trinta e dois artigos para os jornais suíços.
Hermann Hesse. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-06-22]