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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Faz anos hoje - Queda do Muro de Berlim

Embora hoje em dia os muros continuem a existir (em Israel, no Chipre e entre as duas Coreias), o Muro de Berlim, talvez o mais emblemático de todos os muros, caiu há vinte anos.

Da Wikipédia:

O Muro de Berlim (em alemão Berliner Mauer) foi uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.

A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa Ocidental e o Bloco de Leste.

Antes da construção do Muro, 3,5 milhões de alemães orientais tinham evitado as restrições de emigração do Leste e fugiram para a Alemanha Ocidental, muitos ao longo da fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. Durante sua existência, entre 1961 e 1989, o Muro quase parou todos os movimentos de emigração e separou a Alemanha Oriental de Berlim Ocidental por mais de um quarto de século.[1]

Durante uma onda revolucionária que varreu o Bloco de Leste, o governo da Alemanha Oriental anunciou em 9 de novembro de 1989, após várias semanas de distúrbios civis, que todos os cidadãos da RDA poderiam visitar a Alemanha Ocidental e Berlim Ocidental. Multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. Ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram destruídas por um público eufórico e por caçadores de souvenirs, mais tarde, equipamentos industriais foram usado para remover quase todo da estrutura. A queda do Muro de Berlim, abriu o caminho para a reunificação alemã, que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria. O governo de Berlim incentiva a visita do muro derrubado, tendo preparado a reconstrução de trechos do muro. Além da reconstrução de alguns trechos está marcado no chão o percurso que o muro fazia quando estava erguido.

Alemanha pós-guerra

Após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, o que restou da Alemanha nazista à oeste da linha Oder-Neisse foi dividido em quatro zonas de ocupação (por Acordo de Potsdam), cada um controlado por uma das quatro potências aliadas: os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a União Soviética. A capital, Berlim, enquanto a sede do Conselho de Controle Aliado, foi igualmente dividida em quatro setores, apesar da cidade estar situada bem no interior da zona soviética.[2] Em dois anos, ocorreram divisões entre os soviéticos e as outras potências de ocupação, incluindo a recusa dos soviéticos aos planos de reconstrução para uma Alemanha pós-guerra auto-suficiente e de uma contabilidade detalhada das instalações industriais e infra-estrutura já removidas pelos soviéticos.[3] Reino Unido, França, Estados Unidos e os países do Benelux se reuniram para mais tarde transformar as zonas não-soviéticas do país em zonas de reconstrução e aprovar a ampliação do Plano Marshall para a reconstrução da Europa para a Alemanha.[4][5]

O Bloco de Leste e o Bloqueio de Berlim

Após a Segunda Guerra Mundial, o líder soviético Joseph Stalin construiu um cinturão protetor da União Soviética] em nações controladas em sua fronteira ocidental, o Bloco do Leste, que então incluía Polônia, Hungria e Tchecoslováquia, que ele pretendia manter a par de um enfraquecido controle soviético na Alemanha.[6] Já em 1945, Stalin revelou aos líderes alemãos comunistas que esperava enfraquecer lentamente a posição Britânica em sua zona de ocupação, que os Estados Unidos iriam retirar sua ocupação dentro de um ano ou dois e que, em seguida, nada ficaria no caminho de uma Alemanha unificada sob controle comunista dentro da órbita soviética.[7] A grande tarefa do Partido Comunista no poder na zona Soviética alemã foi abafar as ordens soviéticas através do aparelho administrativo e fingir para as outras zonas de ocupação que se tratavam de iniciativas próprias.[8] Nesse período, a propriedade e a indústria foram nacionalizadas na zona de ocupação Soviética.[9]

Em 1948, após desentendimentos sobre a reconstrução e uma nova moeda alemã, Stálin instituiu o Bloqueio de Berlim, impedindo que alimentos, materiais e suprimentos pudessem chegar a Berlim Ocidental.[10] Os Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e vários outros países começaram uma enorme "ponte aérea de Berlim", fornecendo alimentos e outros suprimentos à Berlim Ocidental.[11] Os soviéticos montaram uma campanha de relações públicas contra a mudança da política Ocidental e comunistas tentaram perturbar as eleições de 1948,[12] enquanto 300 mil berlinenses pediam para que o transporte aéreo internacional continuasse.[13] Em maio de 1949, Stalin acabou com o bloqueio, permitindo a retomada dos embarques de Ocidente para Berlim.[14][15]

A República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) foi declarada em 7 de outubro de 1949, onde o Ministério de Negócios Estrangeiros Soviético concedeu autoridade administrativa a Alemanha Oriental, mas não sua autonomia, onde os soviéticos possuiam ilimitada penetração no regime de ocupação e nas estruturas de administração e de polícia militar e secreta.[16][17] A Alemanha Oriental diferia da Alemanha Ocidental (República Federal da Alemanha), que se desenvolveu com um país Ocidental capitalista com uma economia social de mercado ("Soziale Marktwirtschaft" em alemão) e um governo de democracia parlamentar. O crescimento econômico contínuo a partir de 1950 da Alemanha Ocidental alimentou um "milagre econômico" de 20 anos ("Wirtschaftswunder"). Enquanto a economia da Alemanha Ocidental cresceu e seu padrão de vida melhorou continuamente, muitos alemães orientais tentavam ir para a Alemanha Ocidental.

Emigração para o ocidente no início dos anos 1950

Depois da ocupação soviética da Europa Oriental no final da Segunda Guerra Mundial, a maioria das pessoas que viviam nas áreas recém-adquiridas do Bloco Oriental aspiravam à independência e queriam que os soviéticos saíssem.[18] Aproveitando-se da zonal fronteira entre as zonas ocupadas na Alemanha, o número de cidadãos da RDA que se deslocam para a Alemanha Ocidental totalizou 197.000 em 1950, 165.000 em 1951, 182.000 em 1952 e 331.000 em 1953.[19][20] Uma das razões para o aumento acentuado em 1953 foi o medo de Sovietização mais intensa com a ações cada vez mais paranóicas de Joseph Stalin em 1952 e no início de 1953.[21] 226.000 pessoas fugiram apenas nos primeiros seis meses de 1953.[22]

Construção do muro

Os planos da construção do muro eram um segredo do governo da RDA. Poucas semanas antes da construção, Walter Ulbricht, líder da RDA na época, respondeu assim à pergunta de uma jornalista da Alemanha Ocidental

Assim, Walter Ulbricht foi o primeiro político a referir-se a um muro, dois meses antes da sua construção.

Os governos ocidentais tinham recebido informações sobre planos drásticos, parcialmente por pessoas de conexão, parcialmente pelos serviços secretos. Sabia-se que Walter Ulbricht havia pedido a Nikita Khrushchov, numa conferência dos Estados do Pacto de Varsóvia, a permissão de bloquear as fronteiras a Berlim Ocidental, incluindo a interrupção de todas as linhas de transporte público.

Depois desta conferência, anunciou-se que os membros do Pacto de Varsóvia intentassem inibir os actos de perturbação na fronteira de Berlim Ocidental, e que propusessem implementar um guarda e controle efectivo. Dia 11 de Agosto, a Volkskammer confirmou os resultados desta conferência, autorizando o conselho dos ministros a tomar as medidas necessárias. O conselho dos ministros decidiu dia 12 de Agosto usar as forças armadas para ocupar a fronteira e instalar gradeamentos fronteiriços.

Na madrugada do dia 13 de Agosto de 1961, as forças armadas bloquearam as conexões de trânsito a Berlim Ocidental. Eram apoiadas por forças soviéticas, preparadas à luta, nos pontos fronteiriços para os sectores ocidentais. Todas as conexões de trânsito ficaram interrompidas no processo (mas, poucos meses depois, linhas metropolitanas passavam pelos túneis orientais, mas não servindo mais as estações fantasma situadas no oriente).


Ainda no mesmo dia, o chanceler da Alemanha ocidental, Konrad Adenauer, dirigiu-se à população pelo rádio, pedindo calma e anunciando reações ainda não definidas a serem implementadas junto com os aliados. Adenauer tinha visitado Berlim havia apenas duas semanas. O Prefeito de Berlim, Willy Brandt, protestou energicamente contra a construção do muro e a divisão da cidade, mas sem sucesso. No dia 16 de Agosto de 1961 houve uma grande manifestação com 300 000 participantes em frente do Schöneberger Rathaus, em Berlim Ocidental, para protestar contra o muro. Brandt participou nessa manifestação. Ainda em 1961, fundou-se em Salzgitter a Zentrale Erfassungsstelle der Landesjustizverwaltungen a fim de documentar violações dos direitos humanos no território da Alemanha Oriental.

As reações dos Aliados ocidentais vieram com grande demora. Vinte horas depois do começo da construção do muro apareceram as primeiras patrulhas ocidentais na fronteira. Demorou 40 horas para reservar todos os direitos em Berlim ocidental em frente do comandante soviético de Berlim Oriental. Demorou até 72 horas para o protesto ser oficial em Moscou. Por causa desses atrasos sempre circulavam rumores que a União Soviética havia declarado aos aliados ocidentais de não afectar seus direitos em Berlim ocidental. Seguindo as experiências no Bloqueio de Berlim, os Aliados sempre consideravam Berlim ocidental em perigo, e a construção do muro manifestou esta situação.

Reações internacionais, 1961:

  • A solução não é muito linda, mas mil vezes melhor do que uma guerra. John F. Kennedy, presidente dos EUA.
  • Os alemães orientais param o fluxo de refugiados e desculpam-se com uma cortina de ferro ainda mais densa. Isto não é ilegal. Harold Macmillan, primeiro-ministro britânico.

Contudo, o presidente norte-americano John F. Kennedy apoiou a ideia da cidade libre de Berlim. Mandou forças armadas suplementares e reactivou o general Lucius D. Clay. Dia 19 de Agosto 1961 chegaram em Berlim Clay e o vice-presidente dos EUA, Lyndon B. Johnson. Protestaram fortemente contra o chefe de estado da RDA, Walter Ulbricht, que havia declarado que as polícias popular e fronteiriça da RDA tivessem autoridade de controle sobre policias, oficiais e empregados dos aliados ocidentais. Finalmente até o comandante soviético na RDA mediou pedindo moderação do lado do governo alemão oriental.

Dia 27 de Outubro de 1961 houve uma confrontação perigosa entre tanques dos EUA e soviéticos ao lado do Checkpoint Charlie na rua Friedrich. Dez tanques norte americanos enfrentaram dez tanques soviéticos, mas todos se retiraram no dia seguinte. As duas forças não queriam deixar explodir a guerra fria, com o risco de uma guerra nuclear.


Estrutura e áreas adjacentes

Havia oito passagens de fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental, o que permitia o trânsito de berlinenses ocidentais, alemães ocidentais, estrangeiros ocidentais e funcionários dos Aliados na Berlim Oriental, bem como as visitas de cidadãos da República Democrática Alemã e cidadãos de outros países socialistas na Berlim Ocidental, desde que possuíssem as permissões necessárias. Essas passagens eram restritas às nacionalidades que possuíam autorização para usá-las (alemães do leste, os alemães oeste, berlinenses ocidentais, outros países). A mais famosa foi o ponto de verificação de pedestres na esquina da Friedrichstraße e Zimmerstraße, também conhecida como Checkpoint Charlie, que era limitada aos funcionários dos países Aliados e estrangeiros.

Quatro rodovias ligavam Berlim Ocidental à Alemanha Ocidental, sendo a mais famosa a rodovia Helmstedt, que entrava em território da Alemanha Oriental, entre as cidades de Helmstedt e Marienborn (Checkpoint Alpha), e que entrou em Berlim Ocidental Dreilinden (Checkpoint Bravo) no sudoeste de Berlim. O acesso a Berlim Ocidental também era possível pelo transporte ferroviário (quatro linhas) e de barco através dos canais e rios.

Tentativas de fuga

Nos 28 anos da existência do Muro morreram muitas pessoas. Não existem números exatos e há indicações muito contraditórias, porque a RDA sistematicamente impedia todas as informações sobre incidentes fronteiriços. No dia 17 de Agosto de 1962, Peter Fechter desangrou no chamado corredor da morte, à vista de jornalistas ocidentais, sendo a primeira vitima. A segunda vítima foi Günter Litfin que foi baleado pela polícia dia 24 de Agosto de 1961 ao tentar escapar perto da estação Friedrichstraße. Em1966, foram mortas duas crianças de 10 e 13 anos. O último incidente fatal ocorreu no dia 8 de março de 1989, oito meses antes da queda, quando Winfried Freudenberg, de 32 anos, morreu na queda de seu balão de gás de fabricação caseira no bairro de Zehlendorf, quando tentava transpor o muro.

Estima-se que na RDA 75 000 pessoas foram acusadas de serem desertores da república. Desertar da república era um crime que, segundo o artigo §213 do código penal da RDA, era punido com até 2 anos de prisão. Pessoas armadas, membros das forças armadas ou pessoas que carregavam segredos nacionais eram mais severamente punidas, se considerado culpado de escape da república, por pelo menos 5 anos de prisão.

Também houve guardas fronteiriços que morreram por causa de incidentes violentos no muro. A vítima mais conhecida era Reinhold Huhn, que foi assassinado por um Fluchthelfer (pessoas que ajudavam cidadãos do Leste a passar a fronteira, ilegalmente). Estes tipos de incidentes eram utilizados pela RDA para a sua propaganda, e para posteriormente justificar a construção do muro de Berlim.

Processos pelas mortes do muro

Os processos judiciais do Schießbefehl, a respeito de se atirar em todas as pessoas que tentaram cruzar o Muro entre 1961 e 1989, demoraram até o outono de 2004. Entre os responsáveis acusados, estavam o presidente do Conselho de Estado, Erich Honecker, o sucessor dele, Egon Krenz e os membros do Conselho Nacional de Defesa Erich Mielke, Willi Stoph, Heinz Keßler, Fritz Streletz e Hans Albrecht e ainda o presidente regional do partido SED em Suhl. Além disso, foram acusados alguns generais, como o chefe das forças fronteiriças, Klaus-Dieter Baumgarten e vários soldados que eram parte do Exército Popular Nacional (NVA) ou das forças fronteiriças da RDA.

Como resultado dos processos, 11 dos acusados foram condenados à prisão, 44 foram condenados a uma pena, que foi suspensa condicionalmente, 35 acusados foram absolvidos. Entre estes, Albrecht, Streletz e Keßler foram condenados a vários anos de prisão. O último processo acabou dia 9 de Novembro de 2004, exatamente 15 anos depois da derrubada do Muro, com uma sentença condenatória.

"Mr. Gorbachev, tear down this wall!"

Em um discurso no Portão de Brandemburgo em comemoração ao 750º aniversário de Berlim[23] em 12 de junho de 1987, Ronald Reagan desafiou Mikhail Gorbachev, então Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética, para derrubar o muro como um símbolo de crescente liberdade no Bloco de Leste:

Damos as boas-vindas à mudança e à abertura, pois acreditamos que a liberdade e segurança caminham juntos, que o progresso da liberdade humana só pode reforçar a causa da paz no mundo. Há um sinal de que os soviéticos podem fazer que seria inconfundível, que faria avançar dramaticamente a causa da liberdade e da paz. Secretário Geral Gorbachev, se você procura a paz, se você procura prosperidade para a União Soviética e a Europa Oriental, se você procurar a liberalização, venha aqui para este portão. Sr. Gorbachev, abra o portão. Sr. Gorbachev, derrube esse muro![24]

Queda do Muro

O Muro de Berlim começou a ser derrubado na noite de 9 de Novembro de 1989 depois de 28 anos de existência. O evento é conhecido como a queda do muro. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, se pedia a liberdade de viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.

O impulso decisivo para a queda do muro foi um mal-entendido entre o governo da RDA. Na tarde do dia 9 de Novembro houve uma conferência de imprensa, transmitida ao vivo na televisão alemã-oriental. Günter Schabowski, membro do Politburo do SED, anunciou uma decisão do conselho dos ministros de abolir imediatamente e completamente as restrições de viagens ao Oeste. Esta decisão deveria ser publicada só no dia seguinte, para anteriormente informar todas as agências governamentais.

Pouco depois deste anúncio houve notícias sobre a abertura do Muro na rádio e televisão ocidental. Milhares de pessoas marcharam aos postos fronteiriços e pediram a abertura da fronteira. Nesta altura, nem as unidades militares, nem as unidades de controle de passaportes haviam sido instruídas. Por causa da força da multidão, e porque os guardas da fronteira não sabiam o que fazer, a fronteira abriu-se no posto de Bornholmer Strabe, às 23 h, mais tarde em outras partes do centro de Berlim, e na fronteira ocidental. Muitas pessoas viram a abertura da fronteira na televisão e pouco depois marcharam à fronteira. Como muitas pessoas já dormiam quando a fronteira se abriu, na manhã do dia 10 de Novembro havia grandes multidões de pessoas querendo passar pela fronteira.

Os cidadãos da RDA foram recebidos com grande euforia em Berlim Ocidental. Muitas boates perto do Muro espontaneamente serviram cerveja gratuita, houve uma grande celebração na Rua Kurfürstendamm, e pessoas que nunca se tinham visto antes cumprimentavam-se. Cidadãos de Berlim Ocidental subiram o muro e passaram para as Portas de Brandenburgo, que até então não eram acessíveis aos ocidentais. O Bundestag interrompeu as discussões sobre o orçamento, e os deputados espontaneamente cantaram o hino nacional da Alemanha.

sábado, 1 de novembro de 2008

Terramoto de Lisboa (1755)

No dia 1 de Novembro do ano de 1755, a cidade de Lisboa foi abalada pelo maior terramoto de que há memória.

Da Infopédia:

Na manhã de 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, ocorreu um violento terramoto em Lisboa, Setúbal e no Algarve. Na capital, onde se fez sentir mais intensamente - estudos posteriores levaram os geólogos a concluir que teria atingido uma intensidade de cerca de 9 graus na escala de Richter - foi acompanhado por um maremoto que varreu o Terreiro do Paço e por um gigantesco incêndio que, durante 6 dias, completou o cenário de destruição de toda a Baixa de Lisboa. Este trágico acontecimento foi tema de uma vasta literatura, que se desenvolveu um pouco por toda a Europa e de que é exemplo o poema de Voltaire Le Désastre de Lisbonne (1756). Lisboa já havia sentido, recentemente, alguns terramotos, como o de 1724 e o de 1750, este último precisamente no dia da morte de D. João V, mas ambos de consequências menores. Em 1755, ruíram importantes edifícios, como o Teatro da Ópera, o palácio do duque de Cadaval, o palácio real e o Arquivo da Torre do Tombo cujos documentos foram salvos, o mesmo não acontecendo com as bibliotecas dos Dominicanos e dos Franciscanos. Ao todo, terão sido destruídos cerca de 10 000 edifícios e terão morrido entre 12 000 a 15 000 pessoas. Foi neste contexto de tragédia e confusão que Sebastião José de Carvalho e Melo, então secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, revelou as suas grandes capacidades de chefia e organização ao encarregar-se da restituição da ordem; enquanto as pessoas influentes e a própria família real se afastavam de Lisboa, Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) passou à prática a política de enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Impediu a fuga da população ao providenciar socorros e ao distribuir alimentos. Puniu severamente os que se dedicavam ao roubo de habitações e de imediato começou a pensar na reconstrução de Lisboa. Neste mesmo ano, Manuel da Maia, engenheiro-mor do reino, já se encontrava a estudar o problema da reconstrução e levantava a questão de construir uma nova cidade sobre os escombros da antiga ou construir uma nova cidade em Belém, zona menos sujeita a abalos sísmicos. Escolhida a primeira das soluções, foi adoptado um modelo em que eram proibidas as obras de iniciativa particular; os proprietários dos terrenos foram obrigados a reconstruir segundo o plano geral num espaço de 5 anos, sob pena de serem obrigados a vender os terrenos. De um total de 6 plantas traçadas pelos colaboradores de Manuel da Maia, a escolhida foi a de Eugénio dos Santos, arquitecto do Senado da cidade, que chefiou os trabalhos até 1760, altura em que faleceu e foi substituído por Carlos Mardel, arquitecto húngaro imigrado em Portugal. À cidade medieval de ruas estreitas deu lugar um traçado racional de linhas rectilíneas em que os prédios têm todos a mesma altura. De toda a cidade pombalina, assim designada por ter resultado da iniciativa do marquês de Pombal, destaca-se a praça do Comércio, majestosa "sala de entrada" na cidade, com a estátua equestre de D. José I, monarca da altura, da autoria do escultor Machado de Castro.
Terramoto de 1755 e Reconstrução Pombalina. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008. [Consult. 2008-11-01]

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Quinta-feira negra

O dia 24 de Outubro de 1929 ficou assinalado como a "Quinta-feira Negra" porque marcou o início da Grande Depressão que perduraria por toda a década de 1930.

A Wikipédia tem um extenso artigo sobre este assunto, que recomendo aos mais interessados.

Deixo ainda uma pergunta no ar - O cenário terá repetição nos tempos que correm?

Fotografia: Dorothea Lange

domingo, 5 de outubro de 2008

República Portuguesa

No dia 5 de Outubro de 1910 é proclamada a República Portuguesa.

Da Infopédia:
Após tentativas frustradas de revolução (a mais importante das quais foi o 31 de Janeiro de 1891) e de algumas décadas de propaganda contra o regime monárquico, o regime republicano foi instaurado em Portugal, a 5 de Outubro de 1910, por meio de uma revolução armada organizada por conspiradores militares e civis, congregados em torno do Partido Republicano e de duas organizações secretas de cariz social diferente (a Maçonaria e a Carbonária). Os dirigentes revolucionários tinham previsto que a revolução triunfaria facilmente em Lisboa e seria depois proclamada no resto do País por telégrafo. Assim veio efectivamente a acontecer, dado que os combates, de dimensão relativamente reduzida, se circunscreveram unicamente a Lisboa (Rotunda). Durante o período da propaganda, todas as forças e personalidades republicanas encontraram facilmente um mínimo denominador comum no desiderato da abolição do regime monárquico, que rapidamente deu lugar à manifestação das divergências políticas e pessoais que estão na raiz da grande instabilidade política do regime. Esta encontra-se claramente reflectida na fragmentação partidária (não obstante a qual o Partido Democrático teve quase sempre uma notável hegemonia), no grande número de ministérios nomeados (quarenta e oito, muitos deles de duração efémera, tendo havido casos em que nem sequer tomaram posse), no facto de poucos presidentes terem cumprido o seu mandato até ao fim, nas várias situações de ditadura (a mais importante das quais, a de Sidónio Pais, de algum modo prefigura o Estado Novo salazarista). A consolidação da República foi dificultada, não apenas pelas dissidências dentro do campo republicano, mas ainda pela pressão dos restauracionistas monárquicos, que tentaram pela força das armas retomar o poder, e pelas correntes de cariz autoritário que se iam espalhando pela Europa, com manifestações e reflexos em Portugal, e também, por outro lado, por um amplo movimento operário fortemente influenciado pelas ideias anarco-sindicalistas. Não só no plano político se manifestaram as dificuldades: a República instituiu um regime de igualdade política, nomeadamente no campo das liberdades de associação e expressão e dos direitos eleitorais, mas não realizou a igualdade social, nunca conseguindo encontrar meios para eliminar as precárias condições de vida da grande massa da população, extremamente pobre e com elevado nível de analfabetismo. Dessa dificuldade em solucionar questões sociais é claro indício a incapacidade para evitar o fluxo constante de emigrantes (para o Brasil e para os Estados Unidos, principalmente), que despovoou áreas extensas do país e teve reflexos negativos sobre a economia, nomeadamente sobre a produção agrícola. Outro factor importante, que contribuiu para agravar a situação económica e social de Portugal, foi a participação na Grande Guerra, encarada como meio de salvaguardar as colónias, que acarretou um investimento incomportável e uma considerável perda de vidas. Entretanto, a guerra, a constante instabilidade governativa, as questiúnculas entre dirigentes políticos, a agitação social, para não falar da incompetência de muitos governantes, contribuíram largamente para o descalabro das finanças públicas (aliás herdado do regime deposto). Apenas num breve período, sob a direcção de Afonso Costa, as contas públicas acusaram saldo positivo, voltando depois o País a cair na bancarrota. Todos os factores sumariamente enumerados concorreram para o descrédito das instituições parlamentares, dos partidos democráticos e dos seus dirigentes. Começaram por tal facto a avolumar-se as tendências para encontrar homens fortes capazes de pôr termo à "desordem nas ruas" (cuja responsabilidade era partilhada por todas as forças políticas em presença), ganha peso o receio do "bolchevismo" (embora o Partido Comunista, fraquíssimo, apenas se tivesse constituído em 1921). Surgem, assim, as tentativas de instauração de um regime de força, antiparlamentar e antiliberal: primeiro sob Sidónio Pais, em 1917, depois, em 1926, uma conspiração em que se unem republicanos desencantados, restauracionistas monárquicos (os da velha escola e os novos expoentes do Integralismo Lusitano) e católicos ressentidos pela perda dos seus privilégios (a radical Lei de Separação do Estado e da Igreja reduzira drasticamente a influência social da Igreja e dera mesmo lugar a manifestações agressivas de carácter persecutório), militares e civis de tendências filo-fascistas, desencadeia um golpe que apanha totalmente indefesa a República democrática e parlamentar e instaura uma Ditadura Militar que, poucos anos volvidos, dará lugar ao Estado Novo.

República Portuguesa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008. [Consult. 2008-10-04]

sábado, 20 de setembro de 2008

Fernão de Magalhães

No dia 20 de Setembro de 1519, Fernão de Magalhães parte de Sanlúcar de Barrameda (Espanha) para a sua viagem de circunavegação do mundo.

Da Infopédia:

Navegador português, ao serviço de Castela na época dos Descobrimentos, nasceu em 1480, provavelmente em Trás-os-Montes, segundo muitos autores em Sabrosa, município do distrito de Vila Real. Morreu bem longe dali, a mais de 15 000 quilómetros, na ilha de Mactan, no arquipélago das Filipinas, a 27 de Abril de 1521. Sem honra nem glória, durante muito tempo com a sua memória esquecida. O seu diário de bordo e as suas anotações desapareceram depois da sua infeliz ingerência nas guerras tribais na ilha de Mactan, incidente que lhe tirou a vida, às mãos do régulo nativo Lapu-Lapu. Acabava assim um périplo que cobrira já dois longos oceanos e um sem número de infortúnios, problemas, mortes e revoltas entre os seus subordinados. Chegar às Filipinas foi complicado, quase dois anos depois de ter zarpado de Sanlúcar de Barrameda (Espanha), a 20 de Setembro de 1519. Capitaneava uma armada de cinco navios (Trinidad, San Antonio, Concepción, Victoria e Santiago), à frente de 234 homens. Uma armada que se resumiria, no fim da viagem de circum-navegação completa ao mundo, a uma embarcação (Victoria), outro comandante, Sebastião Del Cano, e a apenas dezoito homens (incluindo Del Cano). Mas esquecidos de Magalhães, com excepção de um italiano que seguiu na armada de 1519, António Pigafetta, que nos deixou relatórios impressionantes mas autênticos das jornadas intercontinentais do navegador português e dos seus últimos dias. Tudo começou em 1517, quando aquele nobre português, depois de uma carreira de subalternidade, sem brilho nem grandes feitos pessoais, ao serviço de D. Manuel, na Ásia como na África, ofereceu as suas armas e préstimos ao rei de Espanha, Carlos V. Apesar de no anonimato de um subordinado, Magalhães ganhou vasta experiência militar e náutica nas suas andanças pelo Oriente. Em 1505, depois de ter sido educado na corte portuguesa, partiu para a Índia na poderosa armada de D. Francisco de Almeida, 1.º vice-rei da Índia (1505-1509), a qual tinha como missão afastar as frotas turcas dos mares da região – o que se conseguiu, até 1538. Depois da partida do vice-rei, em 1509, sempre animado pelo forte desejo de conhecer as terras a Oriente (percorreu vastos territórios do subcontinente indiano e da África oriental) e principalmente as terras das Especiarias (Molucas, Sunda, Celebes), acompanhou D. Diogo Lopes Sequeira na malograda expedição (naufrágio) a Malaca, ainda naquele ano de 1509. Permaneceu no Oriente até 1513, tendo-se tornado amigo do feitor das Molucas, Francisco Serrão, junto do qual apurou os seus conhecimentos acerca dessas ilhas, das suas famosas especiarias e das rotas adjacentes. Na sua estada no Extremo Oriente, participou ainda na tomada de Malaca por D. Afonso de Albuquerque, em 1511, um ano depois de ter sido promovido a capitão. Em 1513 regressou a Portugal, tendo sido destacado para Marrocos, onde participou em várias expedições, numa das quais, a Azamor, em 1514, foi ferido num joelho, regressando a Lisboa. Atrás de si vinha uma fama menos consentânea com a sua posição, acusado de ganância e poucos escrúpulos. Não se sabe se por tal motivo ou se por outro que desconhecemos, o certo é que D. Manuel I lhe recusou um aumento de 100 reais na tença anual que lhe pagava. Com uma imagem não muito boa junto do monarca português, afigurava-se difícil a sua anuência para outro projecto que há muito acalentava: o de atingir as Molucas por Ocidente, solução que considerava mais rentável e segura que a rota do oriente via Índia-Malaca, repleta de muçulmanos e piratas hostis aos Portugueses e seus interesses. Depois de várias recusas de D. Manuel I (também de uma nau para a Índia), Magalhães dirigiu-se a Sevilha para "vender" o seu projecto ao rei de Espanha, Carlos V. Foi acompanhado de Rui Faleiro, português. A Carlos V propôs Magalhães não apenas atingir as Molucas por Ocidente mas acima de tudo provar que aquelas ilhas não estavam dentro da área de jurisdição portuguesa defendida no Tratado de Tordesilhas (1494) mas sim em mares "espanhóis". Além disso, a viagem decorreria sempre em águas espanholas. Apesar de algumas reticências, Carlos V aceitou o projecto, confiando a Magalhães uma frota de cinco navios, 234 homens e 480 toneladas em navegação. Com muitas peripécias e uma ruptura de relações com Faleiro, a armada de Magalhães saiu de Sanlúcar de Barrameda a 20 Setembro de 1519, depois de lhe nascer o primeiro filho e de sua mulher esperar outro, que o altivo navegador nunca conheceu. Sua mulher era D. Beatriz Barbosa, filha de um amigo português de Sevilha, Diogo Barbosa, antigo companheiro no Oriente, muito influente naquela cidade espanhola, pai de Duarte Barbosa, que rumou com Fernão na fatídica viagem, que o seria também para ele (Duarte foi morto em Cebu, Filipinas, uns dias antes de Magalhães). Beatriz morreria antes da chegada dos 18 cadáveres vivos em 1522, sobreviventes da viagem de Magalhães. Tentou-se o seu regresso a Portugal, com aumentos de tença, entretanto, mas Magalhães recusou sempre. A viagem de circum-navegação começou bem, atingiu rapidamente a América do Sul (Novembro), depois de escala nas Canárias. Em Fevereiro de 1520 passaram no Rio da Prata, chegando a S. Julián, na Patagónia, mais a sul, em Março. Começariam aqui os maiores problemas da viagem, ou melhor, acabaria a bonança da mesma. Seis meses ficaram ali retidos, para passar o Inverno. Mas estalaram revoltas e motins, perdendo-se ainda Santiago. Depois vem a procura do estreito, que receberia o nome de Magalhães, no extremo sul da América, região de "mau navegar". Passado este (38 dias) e o desaparecimento de mais uma nau (provando-se que uma rota pelo estreito seria péssima), após motins e tempestades, atingiu-se o Pacífico, assim baptizado por Magalhães, pelas suas calmarias. Demorou quatro longos meses a atravessar, com muitas mortes (escorbuto), fome e as célebres "nebulosas de Magalhães", diminuindo-se cada vez mais a tripulação. Depois, chegou-se às ilhas Marianas (ou dos "Ladrões"), depois veio a emboscada de Lapu-Lapu, em Mactan, nas Filipinas. Aí, sobreveio a morte, de um navegador português ao serviço de Espanha.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Terramoto na Cidade do México

No dia 19 de Setembro de 1985, ocorre na cidade do México um dos maiores terramotos algumas vez registados no continente americano.

O sismo atingiu os 8,1 da Escala de Richter, provocando cerca de 9.500 mortos e 30.000 feridos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ainda o 11 de Setembro

WTC 911
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O meu 11 de Setembro

Desde 2001 que o dia 11º dia do mês de Setembro passou a ser O 11 de Setembro.

Independentemente do que já se teorizou sobre os atentados e de opiniões pró ou anti americanas, este dia ficará para sempre marcado na memória de todos nós.

Lembro-me perfeitamente do meu dia 11 de Setembro de 2001.

O primeiro avião embate na torre 1 pelas 13.46, hora de Portugal. Uns minutos mais tarde recebo um telefonema de alguém que me dizia que um avião tinha embatido contra uma das Twin Towers em Nova Iorque. Eu estava a conduzir e não tive oportunidade de saber mais pormenores, mas lembro-me de pensar que deveria ter sido um pequeno avião, daqueles que sobrevoam Manhattan constantemente com turistas. Isso já tinha acontecido anteriormente no Impire State Building sem consequências de maior.

Cheguei a casa e liguei imediatamente a televisão. Ainda fui a tempo de ver em directo o embate contra a torre sul. Depois deste embate a hipótese de atentado começou a prevalecer. Aogo de muito errado e grava se passava.

Decidi ficar em casa durante a tarde para poder acompanhar a notícias. Começou a falar-se sobre queda de mais dois aviões, um deles no Pentágono.

Às 14.59 a torre 2 desmorona-se. A torre 2 tinha um significado especial para mim, por ser a torre onde eu tinha estado, como turista, em 1994. Era fácil de identificar, por ser a torre que não tinha antena no topo.

"Ao menos fica uma das torres em pé" - pensei.

Infelizmente tal não aconteceu. A torre 1 desmorona-se meia hora depois da torre 2.

Confesso que as lágrimas me vieram aos olhos nesta altura. Tinha desaparecido um dos maiores ícones de uma das minhas cidades preferidas.

No dia seguinte, 12 de Setembro tive que viajar de avião. A segurança no aeroporto do Funchal tinha sido reforçada. Viajar de avião passou a ser mais complicado.

Não voltei a Nova Iorque...

Está nos meus planos voltar brevemente.

11 de Setembro



domingo, 7 de setembro de 2008

O grito do Ipiranga

A 7 de Setembro de 1822 D. Pedro consumou a independência do Brasil, tendo sido aclamado imperador.

Da Infopédia:

Nos últimos anos do século XVIII, registaram-se no Brasil alguns movimentos conspirativos, as "inconfidências", tendentes a criar um país independente, de regime republicano. Influenciados pelo Iluminismo europeu, pelas ideias revolucionárias provenientes da França e pelo exemplo recente da Revolução Americana, estes conspiradores - soldados, advogados, artesãos - eram na generalidade portadores de projectos vagos, que apenas demonstravam a existência de uma cultura oral contestatária da política e da religião oficiais. Isolados nos seus núcleos secretos, sem apoio popular, que não buscavam sequer, foram firmemente reprimidos e eliminados pela justiça colonial portuguesa.
A independência do Brasil veio, mais tarde, a ser concretizada por forças políticas ligadas à Coroa portuguesa e como consequência de duas situações de crise profunda da política metropolitana, que afectaram grandemente as relações entre Portugal e o Brasil: a fuga da família real para o Brasil, em 1808, e a consequente deslocação da capital para o Rio de Janeiro, quando as tropas de Napoleão invadiram Portugal e aquando da Revolução de 1820.
Quando eclodiu a revolução em Portugal, o rei D. João VI encontrou-se perante um dilema - se permanecesse no Brasil, perdia o trono em Portugal; se regressasse a Portugal, legitimava uma revolução em que não acreditava nem confiava. Qualquer das opções representava um perigo, não apenas para os interesses da realeza, mas também para os de numerosas regiões brasílicas, que haviam beneficiado da transferência do poder real para o Rio e da transformação subsequente do Brasil em fulcro da economia do império.
O debate arrastou-se e, em Março de 1821, o rei, regressado a Portugal para fazer face à Revolução Liberal, promoveu a eleição de deputados para o Congresso reunido em Lisboa. A regência do Brasil ficava entretanto assegurada pelo príncipe D. Pedro, o herdeiro da Coroa portuguesa, que se viu imediatamente confrontado com a divisão da colónia em dois grandes blocos, dificilmente conciliáveis, organizados em torno da defesa de interesses económicos particularistas - as províncias setentrionais apoiavam as Cortes de Lisboa e recusavam subordinar-se ao Rio, enquanto as meridionais permaneciam ao lado do regente sem, contudo, o apoiarem financeiramente.
D. Pedro procurou e conseguiu então o apoio da elite de formação coimbrã, partidária da preservação de um império luso-brasileiro. Confrontado com as determinações das Cortes de Lisboa, que acarretavam a subordinação dos poderes coloniais directamente a Lisboa e o seu imediato retorno a Portugal, D. Pedro optou pela desobediência às ordens das Cortes e permaneceu no Brasil, o que fez desencadear novos conflitos. A opção separatista reforçou-se e acabou por vencer, embora numa fase inicial quedando-se apenas por uma autonomia política que não chegou à total separação formal entre Brasil e Portugal.
No entanto, a radicalização das posições levou o Brasil para um outro rumo - a 7 de Setembro de 1822, D. Pedro consumou irrevogavelmente a separação do Brasil, no histórico episódio chamado Grito do Ipiranga, sendo aclamado imperador em Outubro e solenemente coroado em Dezembro do mesmo ano.
A celeridade e o endurecimento do processo não esconde, todavia, um facto fundamental - o motor da independência foi uma reduzida elite política, organizada em torno de uma figura reinante, e não um movimento popular dotado de uma consciência de identidade nacional. A independência do Brasil foi, fundamentalmente, o resultado de um combate pela posse do poder dentro do Império.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Calendários

Quase dois séculos depois do resto dos países da Europa Ocidental, a Inglaterra deixa, no dia 2 de Setembro de 1752, de utilizar o calendário Juliano, passando a utilizar o calendário Gregoriano.

Da Infopédia:

A palavra calendário provém da palavra etrusca calendes que designava o primeiro dia do mês entre os Romanos. Para este povo, o calendarium era um livro de contas dado que estas se pagavam no início de cada mês. No entanto, há vários tipos de calendários, históricos ou religiosos, muitos deles em vigor ainda. O calendário romano foi o primeiro a ser implantado no Ocidente, através da imperialização de Roma e do seu sistema administrativo. Foi Rómulo, segundo a tradição, quem esteve na sua origem. O calendário romano era um calendário lunar em que o ano era constituído por 304 dias divididos em 10 meses, contados a partir da data da fundação de Roma, em 753 a. C. Inicialmente, os meses tinham nomes formados a partir de numerais terminados em 'ilis como aprilis (2.º), quintilis (5.º), sextilis (6.º) ou em 'ber como september (7.º, septem ab imbre: o 7.º depois das neves), october (8.º), november (9.º), december (10.º). Depois, surgiram nomes formados a partir de divindades a quem os meses eram consagrados: o 1.º, martius (Marte, deus da guerra); o 3.º, maïus (Maïus ou Maïa, divindades pré-romanas), o 4º, junius (Juno, esposa de Jupiter). Depois do último mês, era acrescentado o número de dias necessário para igualar o ano solar e não tinham inicialmente nenhum nome específico. Mais tarde, a partir deles formaram-se dois meses, colocados no final do ano, a seguir a Dezembro: um foi colocado antes de martius e chamado januarius (dedicado a Janus, divindade pré-romana dotada de dois rostos); o outro, februarius, ficava a seguir a Dezembro. Os meses tinham um número de dias ímpar, pois os Romanos acreditavam que o número ímpar trazia bons augúrios. O total perfazia 354 dias, a que se acrescentava mais um ao último mês que, de 27 dias, passava a ter 28, de forma a que o número de dias do ano fosse ímpar. Contudo, o mês passava a ter um número par de dias, o que o transformava num mês nefasto, passando a ser consagrado à cerimónias expiatórias. Daí o nome que lhe foi atribuído - februarius, a partir de februare, verbo arcaico de origem sabina e que significava "purificar". A partir do ano 400 a. C. tornou-se no segundo mês do calendário romano. O Calendário gregoriano, ou ocidental, tem origem cristã. Dada a importância da Páscoa entre os Cristãos, desde sempre se procurou datá-la de forma a que a sua celebração não conhecesse disparidades de... calendário. Em 455, devido aos debates em torno da Páscoa, Hilário, arquidiácono do papa Leão, o Grande (440-461), encomendou a Victorius da Aquitânia uma tabela cronológica para o efeito. Esta situou a Paixão do Senhor numa data que corresponderia ao ano de 28 da nossa Era, dita Cristã. Em 532, de acordo com uma proposta do monge cita Dionísio, o Pequeno (m. 540, em Roma; os seus cálculos têm um erro igual ou superior a 4 anos), a Igreja decidiu contar os anos a partir do 1 de Janeiro que seguiu o nascimento de Jesus, tido a 25 de Dezembro do ano de 753 da fundação de Roma. Ou seja, o 1 de Janeiro do ano de 754 da fundação de Roma tornava-se retrospectivamente no dia 1 de Janeiro do ano 1 da era cristã. O ano do nascimento de Jesus não é o ano 0 mas antes o ano 1 d. C., saltando-se do ano 1 a. C para 1 d. C. Esta forma de se contar os anos da era cristã começou a ser aplicada na França no século VIII, em Espanha no século XIV e em Portugal apenas em meados da centúria seguinte, cerca de 1420. Subsistiu um outro calendário, dito juliano, até à Idade Média, chamado de Era de César, que principiava 38 anos antes do começo da Era Cristã. O calendário juliano, que deve o seu nome a Júlio César, surgiu por este ditador romano ter querido pôr o calendário de acordo com o curso anual do Sol, o que perfazia exactamente 365 dias e 6 horas. Pretendia também César acabar com os abusos dos pontífices na divisão do ano, que era feita de acordo com interesses pessoais ou corporativos. A reforma juliana admitia três anos comuns de 365 dias, seguidos de um ano bissexto em que se acrescentava um dia suplementar no mês de Fevereiro. Cada mês dividia-se em três partes desiguais: as calendas, os idos e as nonas. As calendas caíam no primeiro dia da lua nova, o primeiro do mês, ou no primeiro terço do mesmo (não existiam entre os gregos, daí mandar-se para as "calendas gregas", sine die); os idos caíam nos dias de lua cheia (13 ou 15); as nonas começavam nos nove dias antes dos idos (5 ou 7). Contavam-se os dias das calendas seguindo a sua ordem antes das nonas; depois, de igual modo, das nonas aos idos; e os idos segundo a sua ordem até às calendas. A diferença entre o ano solar e lunar acumulou-se ao longo dos séculos e em 1582 era já de dez dias. Este ano foi reformado pelo papa Gregório XIII. O atraso acumulado desde a sua adopção (do juliano), em 45 a. C., era de 11m 14s por ano (ou 18h 40m por século), mas a reforma não teve em conta os 10 dias de atraso acumulados depois do concílio de Niceia (325), negligenciando o atraso de 3 dias acumulados desde a sua adopção até à época do concílio. O ano ficou com 365 dias, mas certos anos bissextos foram suprimidos. Desde então, são anos bissextos os anos divisíveis por 4, à excepção dos anos múltiplos de 100, que não são divisíveis por 400 (por exemplo, 1900). Ou seja, para acertar a diferença, o papa ordenou que a 5.ª feira 4 de Outubro desse ano de 1582 fosse imediatamente seguida de 6.ª feira 15. Suprimiu depois os anos bissextos seculares, salvo aqueles cujo milésimo fosse divisível por 4. Há ainda um erro de um dia em cada 4000 anos. Actualmente está adiantado em 13 dias ao calendário juliano, que subsiste na Europa Oriental, cristã ortodoxa. O calendário gregoriano, desde 1582, tem sido alvo de intenções de reforma e recálculo. O sistema actual, por exemplo, apresenta alguns defeitos, como a duração variável dos meses ao longo do ano, com uma variação de cerca de 12% do número de dias de trabalho mensais ao longo do ano, o que perturba as estatísticas económicas; ou a mobilidade de certas festas (segundas-feiras de Páscoa e de Pentecostes, Ascensão); a coincidência possível de um dia feriado com um domingo, entre outras complicações de calendário que alteram planificações. Vários são por isso os projectos desde o século XIX para se uniformizar o calendário gregoriano (ocidental). Por exemplo, as propostas de: Armelin e Hanin (1887), com 4 trimestres de 91 dias com meses de 30 e 31 dias; de Auguste Comte (1849), de 13 meses de 28 dias, um calendário fixo, portanto; ou a de John Robertson, de 4 trimestres com meses de 28 dias e 1 mês de 35, entre muitas outras. Um outro calendário que existe em simultâneo com o gregoriano é o eclesiástico, ou litúrgico, organizado à volta das festas do Natal e da Páscoa, em função das quais se distribuem os vários domingos: domingos do Advento; domingo depois do Natal; domingo da Quaresma; domingo da Páscoa; Tempo Comum (1.ª parte entre o domingo a seguir à Epifania e a 4.ª Feira de Cinzas, 2.ª parte entre o domingo a seguir ao Pentecostes e o Sábado anterior ao 1.º domingo do Advento); Solenidades ou Festas importantes. O Natal, recorde-se, surgiu no Ocidente apenas cerca de 330, em Roma, impondo-se no Oriente apenas no século V e na Palestina cerca de 570. Os Orientais festejam o Natal a 6 de Janeiro, juntamente com as festividades pós-natalícias (Adoração, Circuncisão, Baptismo...). Recorde-se igualmente que no Ocidente chegou a experimentar-se um outro calendário, em França, entre 1793 e 1806. Trata-se do calendário republicano, saído da Revolução Francesa: o ano começava no equinócio de Outono (22 de Setembro) e estava repartido em 12 meses de 30 dias cada, com os restantes 5 ou 6 dias a serem consagrados à comemoração de efemérides republicanas. Os meses eram: no Outono, Vindimário, Brumário, Frimário; no Inverno, Nivoso, Pluvioso, Ventoso; na Primavera, Germinal, Floreal, Pradial; no Verão, Messidor, Termidor e Frutidor. Cada mês dividia-se em décadas de 10 dias, chamados, de acordo com a sua ordem: primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi, decadi. Mas outros calendários existiram ou prevalecem a par do gregoriano. Por exemplo, o Asteca, solar,´que tinha 18 meses de 20 dias (360), mais 5 nefastos; os séculos tinham 56 anos. Para além deste calendário civil, tinham também um religioso, com 260 dias (tonalpohaualli) e um "venusiano", de 564 dias solares. Findos 56 anos venusianos (104 solares, cerca de dois séculos), os 3 calendários retomavam uma data igual. Na China subiste um calendário luni-solar, com anos de 354 ou 355 dias (curtos) ou de 383 e 384 (longos). O calendário Grego antigo era lunar, com ciclos de quatro anos, correspondentes aos Jogos Olímpicos. Cada pólis tinha um calendário particular. Atenas, por exemplo, tinha um ano lunar de 12 meses de 29 e 30 dias, intercalando em cada 2 anos um mês suplementar, alternadamente de 22 ou 23 dias. O dia começava com o pôr-do-sol. Os meses eram: hekatombeion, metageitnion, boedromion, pyanepsion, maimakterion, poseideion, gaurelion, anthesterion, elaphebolion, munikion, targelion, skirophorion. Os Hebreus têm um calendário lunar, adoptado no século IV da nossa Era. Tem doze meses: Nisan, Iar, Sivan, Tamuz, Ab, Elul, Tisri, Maresvan, Kislev, Tébet, Chebat e Adar. A Páscoa (Pessah) judaica é o marco referencial do ano hebraico e corresponde ao 14.º dia lunar de Nisan (entre Março e Abril). A semana tem sete dias e começa no Sabbat, dia do Senhor e de descanso. O dia tem 24 horas também, divididas cada uma em 1080 partes. O primeiro dia da era judaica corresponde ao 7 de Outubro de 3761 a. C., data da Criação para os Judeus. Daí estarem no ano de 5763 da sua era. Já o calendário Muçulmano, também lunar, foi adoptado em 632: o primeiro dia da era islâmica (Hégira) corresponde ao dia 16 de Julho de 622, aquando da fuga de Maomé de Meca para Medina. Por isso está-se em 1380 no mundo islâmico. O ano tem 12 meses, que têm alternadamente 29 ou 30 dias (contados a partir do pôr do sol do dia civil precedente). Um ano normal tem assim 354 dias: para corrigir este desacerto com o movimento do Sol, em cada 30 anos 11 são aumentados de um dia no último mês. O primeiro dia, o 1.º Muharram, cai entre os meses de Março e Abril. Os Indianos têm também, além do calendário gregoriano, um próprio, dividido em 6 estações que compreendem 12 meses coincidindo cada um com o tempo que o Sol leva a percorrer cada um dos signos do Zodíaco. O ano começa normalmente em 20-21 de Março. Cada mês está dividido em 30 dias. Durante muito tempo coabitaram dois calendários: o lunar (354 dias, de passagem da Lua sobre os signos zodiacais) e o solar (365 dias mais uma fracção de dias diferente em cada região). Depois deu-se a fusão dos dois sistemas, enquadrados por eras. No Japão subsiste o calendário gregoriano, embora se fale em épocas que aludem ao imperador reinante (Meiji, por exemplo, de 13 de Outubro de 1868 a 29 de Julho de 1912, etc.). Todos os outros calendários existentes ou que pertenceram a civilizações desaparecidas, como a do Egipto Antigo, baseiam-se em anos de 12 meses de 30 dias cada mais 5 dias suplementares, com os devidos acertos cíclicos.

sábado, 30 de agosto de 2008

Timor-Leste

No dia 30 de Agosto de 1999 o povo de Timor-Leste opta pela independência num referendo organizado pelas Nações Unidas.

O sim à independência ganhou por 80%.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Incêndio do Chiado

No dia 25 de Agosto de 1988 deflagrou um incêndio numa loja da rua do Carmo que rapidamente alastrou aos edifícios vizinhos e a toda a zona do chiado.

Grande parte do comércio tradicional da zona desapareceu, assim como os Grandes Armazéns do Chiado e o Grandela, duas lojas emblemáticas da baixa Lisboeta.

18 edifícios históricos ficaram danificados. Registaram-se duas vítimas mortais e 73 feridos.

A zona do Chiado foi totalmente recuperada segundo projecto do arquitecto Siza Vieira que manteve as fachadas dos edifícios.





domingo, 24 de agosto de 2008

Vesúvio

No dia 24 de Agosto do ano de 79 d.C. o Vesúvio, vulcão situado no Sul da Itália, entra em erupção e destrói as cidades de Pompeia e Herculano.

Da Infopédia:

Vesúvio
Vulcão activo, situado a sueste de Nápoles, na Itália, com uma altitude de 1280 m. A grande erupção do vulcão deu-se em 79 d. C. e destruiu as cidades de Pompeia e Herculano. A última erupção do Vesúvio foi em 1944. Vivem actualmente nos arredores do Vesúvio cerca de 2 milhões de pessoas.

Pompeia
Antiga cidade italiana, localiza-se a sueste de Nápoles, perto do sopé do vulcão Vesúvio. A cidade foi destruída pela erupção deste vulcão em 79 d. C. As escavações efectuadas a partir do século XIX puseram a descoberto grande parte da cidade romana, com os seus belos mosaicos e pinturas murais dos séculos II e I a. C.
Esta antiga cidade romana faz parte de uma zona classificada Património Mundial pela UNESCO, em 1997, designada por Áreas Arqueológicas de Pompeia, Herculanum e Torre Annunziata.

sábado, 23 de agosto de 2008

William Wallace

No dia 23 de Agosto de 1305 morria o famoso guerreiro escocês William Wallace que liderou os seu compatriotas na luta contra o domínio inglês na Escócia.

A vida de William Wallace serviu de inspiração para o filme Braveheart em que Mel Gibson assume os papeis de actor principal e de realizador.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Conquista de Ceuta

No dia 22 de Agosto de 1415, as tropas portuguesas comandadas pelo Rei D. João I conquistam a cidade de Ceuta no norte de África.

Na Wikipedia:

Um exército de cerca de 20 000 a 19 000 cavaleiros e soldados portugueses, ingleses, galegos e biscainhos havia largado de Lisboa a 25 de Julho, embarcado em cerca de 240 ou 110 navios de transporte e vasos de guerra. Na expedição seguia a fina flor da aristocracia portuguesa do século XV, incluindo os príncipes Duarte (herdeiro), Pedro, Duque de Coimbra e Henrique, Duque de Viseu. Após uma escala em Lagos, fundearam diante de Ceuta a 21 de Agosto, tendo efectuado o desembarque sem encontrar resistência por parte dos Mouros. A guarnição da cidade de Ceuta correu a fechar as portas da cidade, mas as tropas portuguesas foram rápidas a impedir o estabelecimento de defesas adequadas. Na manhã de 22 de Agosto, Ceuta estava em mãos portuguesas. A mesquita foi consagrada e, na primeira missa lá realizada, os três príncipes da Ínclita geração presentes foram feitos cavaleiros pelo seu pai. Ceuta seria a primeira possessão portuguesa em África, estratégica para a exploração Atlântica que começava a ser efectuada.

Deixando ficar o Conde de Viana, D. Pedro de Meneses, o rei, os infantes e o resto da frota regressaram a Lisboa em Setembro, tendo permanecido durante treze dias em Ceuta. Os marroquinos não se deram por vencidos e atacaram a cidade em 1418 e 1419, sem qualquer resultado. Manter a cidade constituía-se em um problema logístico: era necessário enviar suprimentos, armas e munições; a maior parte dos soldados era recrutada à força, recorrendo-se a condenados e criminosos a quem o rei comutava a pena desde que fossem para Ceuta e ainda recompensar generosamente os nobres que ocupavam postos de chefia. Julgaram consegui-lo, quando do desastre português de Tânger, pedindo como resgate do infante de D. Fernando a cidade de Ceuta. Mas D. Fernando faleceu no cativeiro e a cidade continuou portuguesa (1443). Ceuta teve que se aguentar sozinha durante 43 anos até que a posição da cidade ser consolidada com a tomada de Alcácer Seguer (1458), Arzila e Tânger (1471).

A cidade foi reconhecida como possessão portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas e pelo Tratado de Tordesilhas (1494).

Quando da Dinastia Filipina, Ceuta manteve a administração portuguesa, assim como Tânger e Mazagão. Todavia, quando da Restauração Portuguesa, não aclamou o Duque de Bragança, como rei de Portugal, mantendo-se espanhola. A situação foi oficializada em 1668 com a assinatura do Tratado de Lisboa entre os dois países, e que pôs fim à guerra da Restauração.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Funchal - 500 anos

No dia 21 de Agosto de 1508, o Funchal era elevado a cidade.

Do site Funchal 500 anos:

A cidade do Funchal, na Região Autónoma da Madeira contará, desde Agosto de 2008, 500 anos de instituição como cidade pela coroa Portuguesa, a primeira a ser instituída nos vastos domínios dos Descobrimentos. A sua instituição atendia ao desenvolvimento operado com a florescente cultura açucareira e tinha ainda em vista, num curto prazo, separar o vasto território descoberto pelos portugueses da Ordem de Cristo. Pretendia-se assim criar no Funchal a sede de um vasto Bispado responsável espiritualmente pelos novos territórios das margens do Atlântico e do Índico.

Um pouco de História

O arquipélago da Madeira foi descoberto em 1419 e o seu povoamento surgiu no quadro dos descobrimentos do século XV, como a primeira experiência de povoamento e exploração de terras até então nunca habitadas. Ensaiadas culturas que imediatamente deram lucros consideráveis, como logo de início o trigo e, depois, a cana sacarina, este modelo veio a ser exportado para as novas terras atlânticas, como os arquipélagos das Canárias, Açores e Cabo Verde e, mais tarde, para o Brasil.
Nos finais do século XV, com base na exploração do açúcar, a Madeira constitui-se como um centro internacional de negócios, por aqui passando uma vaga de forasteiros internacionais, entre intermediários, mercadores e aventureiros, das mais diferentes origens europeias. Com base em capitais alemães, mercadores italianos e flamengos, sob a superintendência da coroa portuguesa, a produção e distribuição do açúcar madeirense foi uma das bases de formação do capitalismo mercantil internacional da época moderna.
Neste quadro, o porto do Funchal conheceu desde logo um enorme incremento, por aí passando os interesses e os agentes económicos da nova sociedade mercantil, como foi o caso do aventureiro Cristóvão Colombo, então negociante de açúcar. O futuro almirante das Índias chegou a residir no Funchal algum tempo, tendo casado, entretanto, com Filipa Moniz, filha do falecido capitão do Porto Santo, Bartolomeu Perestrelo.
A importância do porto do Funchal no contexto insular levou a que o pequeno burgo medieval fosse objecto de uma muito especial atenção da coroa do rei D. Manuel, mesmo antes de pensar que poderia vir a ser rei de Portugal. Nesse quadro, em 1486, então somente como duque de Beja, dava ordens para se construir um núcleo administrativo central, entre o burgo medieval de Santa Maria Maior e a área senhorial de Santa Catarina e São Pedro, residência de João Gonçalves Zarco e seus filhos e filhas. Para isso cedeu o “seu” Campo do Duque, mandando aí construir uma Câmara, com Paço para os tabeliães e uma “Igreja Grande”, que pouco tempo depois mandou transformar em sé, para sede do futuro Bispado.
Tendo a sua mãe, a infanta D. Beatriz, instituído as alfândegas insulares, em 1477, uma no Funchal e outra em Machico, junto ao mar e após a sagração da sé do Funchal, mandou ainda levantar um importante edifício para Alfândega.
Com o aumento das navegações no Atlântico Norte, a Madeira passou a desempenhar um importante papel de referência, pois dado o regime de ventos, todas as armadas que saíam da Europa com destino ao Atlântico Sul e ao Índico, passavam pelos mares madeirenses. Esse aspecto colocava-se mesmo para as armadas holandesas e inglesas com destino à América Central.

As grandes rotas marítimas

Ao longo dos séculos XVI e XVII, a ilha da Madeira, através do seu porto do Funchal, conseguiu assegurar a sua posição estratégica e comercial no quadro do Atlântico Norte, então graças a um novo produto: o vinho da Madeira. A cultura da vinha fora introduzida com os primeiros povoadores e já em 1455, o navegador veneziano Luís de Cadamosto, ao visitar a Madeira, referia a excelência das uvas madeirenses e a exportação dos seus vinhos.
Por meados do século seguinte, William Shakespeare fez referência aos vinhos da Ilha em algumas das suas peças. A sua fama seria tão importante, principalmente o malvasia, que o dramaturgo descreve o duque de Clarence, irmão do rei Eduardo IV, a escolher, como morte, o ser afogado num tonel deste vinho.
Nos séculos seguintes, são atribuídas aos vinhos madeirenses qualidades terapêuticas e descobre que a sua excelência ainda aumentava com as longas viagens marítimas, pelo que as grandes armadas a caminho das Índias Ocidentais e Orientais passam quase que obrigatoriamente pela Madeira para se abastecer.
A ilha da Madeira torna-se assim uma importante praça de comércio e, ao mesmo tempo, estância de repouso. Surgem então as chamadas quintas madeirenses, cujos jardins contam com plantas indígenas e importadas, as quais, através de inúmeras descrições, passam a ser referência científica obrigatória. Registamos assim, ao longo do século XVIII, a passagem do almirante James Cook, quer tripulando o Endeavour, em 1768, quer o Resolution, em 1772, acompanhado de vários especialistas, que descrevem depois largamente a flora e a fauna encontradas na Madeira.
A importância estratégica do porto do Funchal era reconhecida pelo almirantado Britânico nos meados do século XVIII, levando a constantes levantamentos geo-hidrográficos, parte dos quais impressos. Perante a instabilidade política na Europa, decorrente das campanhas napoleónicas, em finais de 1801 uma importante armada de mais de 100 navios ocupava a Madeira. A armada deslocava-se para as Índias Ocidentais Inglesas, mas ancorou os seus cento e nove navios na larga baía do Funchal, desembarcando um contingente militar sob o comando do general Henry Clinton, que aqui permaneceu enquanto decorriam as negociações no Continente.

Nova ocupação veio a ocorrer quando os franceses invadiram a Península Ibérica, em finais de 1807. A corte portuguesa conseguiu fugir para o Brasil, não tendo assim ficado à mercê das forças napoleónicas, como ocorreu com a espanhola e a Madeira conheceu então uma ocupação mais longa, que se prolongou mesmo para além dos tratados de paz.
Pela Madeira, a caminho do exílio, em Santa Helena, passou mesmo o imperador Napoleão Bonaparte. Aqui foi presenteado com frutas frescas, alguns livros e uma pipa de vinho da Madeira, o que não se enquadrava bem com o seu estado de saúde. Mais tarde, tendo falecido, a pipa seria reivindicada pelos comerciantes do Funchal, tendo voltado à Madeira e sido o seu conteúdo dividido, pelo que ainda existem famílias que se orgulham de possuir lotes desse vinho.
Ao longo do século XIX correu também pela Europa a fama do clima da Madeira, especialmente recomendado para terapia de doenças pulmonares. A Ilha torna-se então uma importante estância de veraneio, por aqui passando algumas das mais importantes cabeças coroadas, como as imperatrizes do Brasil, as arquiduquesas Leopoldina da Áustria, em 1817 e Amélia de Leuchetemberg, em 1852. Pela Madeira passaram também, em longas estadias, a rainha Adelaide de Inglaterra, em 1847, o príncipe Maximiliano Napoleão, duque de Leuchetemberg, em 1850, e o futuro imperador Maximiliano do México e sua mulher, Carlota da Bélgica, que aqui passou o Inverno de 1859-1860.
No entanto, talvez a figura mais marcante tenha sido a da imperatriz Isabel da Áustria, que aqui se recolhe longos meses entre 1860 e 1861. A imperatriz Sissi, como ficou conhecida na bibliografia romântica do século XIX, nunca esqueceu os momentos que passou na Ilha, onde foi pela primeira vez fotografada, referindo-os sempre de forma calorosa e tendo conseguido voltar à Madeira, em 1893-94, poucos anos antes da sua morte, em 1898.
Os Habsburgo haveriam de ficar para sempre ligados à Madeira, ali tendo falecido, no exílio, Carlos de Áustria, o último imperador, em 1922. O seu corpo repousa na igreja matriz de Nossa Senhora do Monte, frente à quinta onde passou os seus últimos dias e sendo o seu corpo reconhecido para beatificação em 2004.
Citemos ainda o conde Alexandre Charles de Lambert, ajudante de campo do imperador da Rússia, que se fixou na Ilha nos inícios de 1863. Casado no ano seguinte, ali morreria antes do nascimento do seu herdeiro. O conde Carlos Alexandre de Lambert, nascido na Madeira a 30 de Dezembro do ano de 1865, depois marquês de Lambert, foi um dos pioneiros da aviação francesa, atribuindo-se-lhe a invenção dos hidroaviões.
Este aspecto não deixa de ser curioso, pois com o advento da aviação, o primeiro raid internacional sob o Atlântico teve como destino o porto do Funchal. O raid ocorreu a 22 de Março de 1921 e a viagem Lisboa-Funchal foi feita pelos pilotos Sacadura Cabral, Gago Coutinho e Ortins Bettencourt, acompanhados do mecânico Roger Soubiran, num F3, com motores Rolls-Royce, e serviu de ensaio para a que aqueles dois primeiros pilotos efectuariam no ano seguinte entre Lisboa e o Rio de Janeiro.
Com o final da segunda Guerra Mundial as primeiras carreiras aéreas regulares com carácter turístico foram para a baía do Funchal. O voo inaugural da Aquilla Airways ocorreu a 15 de Março de 1949, iniciando-se as viagens regulares e comerciais a partir de 15 de Maio seguinte, com hidroaviões que, procedentes de Southampton, amaravam na baía do Funchal.