Fez, mais tarde,modificações ao seu nome, em especial o nome do meio, "Theophilus". Só em raras ocasiões usou a versão latina deste nome, "Amadeus", que hoje se tornou a mais vulgar. Preferia a versão francesa Amadé ou Amadè. Usou também as formas italiana "Amadeo" e alemã "Gottlieb".
Mozart foi uma criança prodígio. Filho de uma família musical burguesa, começou a compor minuetos para cravo com a idade de cinco anos. O seu pai Leopold Mozart foi também compositor, embora de menor relevo. Algumas das primeiras obras que Mozart escreveu enquanto criança foram duetos e pequenas composições para dois pianos, destinadas a serem interpretadas conjuntamente com sua irmã, Maria Anna Mozart, conhecida por Nannerl.
Em 1763 o seu pai levou-o, conjuntamente com a sua irmã Nannerl, numa viagem pela França e Inglaterra. Em Londres, Mozart conheceu Johann Christian Bach, último filho de Johann Sebastien Bach, que exerceria grande influência em suas primeiras obras.
Entre 1770 e 1773 visitou a Itália por três vezes. Lá, compôs, com apenas 14 anos, a ópera Mitridate Re di Ponto que obteve um êxito apreciável. A eleição, em 1772, do conde Hieronymus Colloredo como arcebispo de Salzburgo mudaria esta situação. A Sociedade da Corte vienense implicava com a origem burguesa e os modos de Mozart, e Colloredo não admitia que um mero empregado, que era o estatuto dos músicos, nessa época, passasse tanto tempo em viagens ao estrangeiro. O resto dessa década foi passado em Salzburgo, onde cumpriu os seus deveres de "Konzertmeister" (mestre de concerto), compondo missas, sonatas de igreja, serenatas, divertimentos e outras obras. Mas o ambiente de Salzburgo, cada vez mais sem perspectivas, levava a uma constante insatisfação de Mozart com a sua situação.
Em 1781, Colloredo ordena a Mozart que se junte a ele e à sua comitiva em Viena. Insatisfeito por ser colocado entre os criados, pediu a demissão. A partir daí passa a viver da renda de concertos, da publicação das suas obras e de aulas particulares, sendo pioneiro nessa tentativa autónoma de comercialização da sua obra. Inicialmente tem sucesso, e o período entre 1781 e 1786 é um dos mais prolíficos da sua carreira, com óperas (Idomineo e O Rapto do Serralho), as sonatas para piano, música de câmara e, principalmente, com uma deslumbrante sequência de concertos para piano. Em 1782 casa, contra a vontade do pai, com Constanze Weber, cantora lírica por quem Mozart se apaixonara poucos anos antes.
Em 1786, compõe a primeira ópera em que contou com a colaboração de Lorenzo da Ponte: As Bodas de Fígaro. A ópera fracassa em Viena, mas faz um sucesso tão grande em Praga que Mozart recebe uma encomenda de uma nova ópera. Esta seria Don Giovanni, considerada por muitos a sua obra-prima. Mais uma vez, a obra não foi bem recebida em Viena. Mozart ainda escreveria Così Fan Tutte, com libreto de Da Ponte, em 1789, esta seria a sua última colaboração com este librettista.
A partir de 1786 a sua popularidade começou a diminuir junto do público vienense, o que agravaria a sua condição financeira. Isso não o impediu de continuar a compor obras-primas, como Quintetos de cordas e Sinfonias, mas nos seus últimos anos a sua produção declinou devido a problemas financeiros, à precariedade da sua saúde e da sua esposa Constanze.
Em 1791 compõe suas duas últimas óperas (A Flauta Mágica e A Clemência de Tito), o seu último concerto para piano e o concerto para clarinete em lá maior. Na primavera desse ano, recebe a encomenda de um Requiem. Contudo, trabalhando noutros projetos e com a saúde cada vez mais enfraquecida, morre a 5 de Dezembro, deixando a obra inacabada (há uma lenda que diz que o Requiem estaria sendo composto para tocar em sua própria missa de sétimo dia). Será completado por Franz Süssmayr, seu discípulo. Mozart é enterrado numa vala comum, em Viena.
A Flauta Mágica é uma ópera em dois actos, com libretto alemão de Emanuel Schikaneder. Foi estreada no Theater auf der Wieden em Viena no dia 30 de Setembro de 1791.
Na ópera existem dois casais, Papageno e Papagena, que simbolizam o lado comum da humanidade, e Tamino e Pamina, simbolizando a pureza do primeiro amor. O contexto é uma luta entre a Rainha da Noite, que ambiciona o poder, e Sarastro, o grande sacerdote que só pratica o bem. Para Sarastro trabalha, porém, o mouro Monostatos, que tenta seduzir Pamina e se alia à Rainha da Noite.
A obra começa com Tamino perdido na floresta, onde encontra Papageno, um homem alegre que aprecia os prazeres da vida e trabalha para a Rainha da Noite. Deste encontro Tamino fica a saber que Pamina, filha da Rainha da Noite, foi sequestrada por Sarastro e, apaixonado pela sua beleza, decide resgatá-la.
Na sequência, ambos passam por várias provas antes de se poderem encontrar. Papageno também passa por um tipo de prova antes de encontrar Papagena, e este contraponto cómico do homem comum que se comporta de modo diferente do príncipe diante das adversidades, é o lado cômico que faz esta ópera tão popular.
Fazem parte do elenco deste CD:
Sarastro - Kritinn Sigmundsson
Tamino - Kurt Streit
Rainha da Noite - Sumi Jo
Pamina - Barbara Bonney
Papageno - Gilles Cachemaille
Papagina - Lillian Watson
Monostatos - Martin Petzold
Arnold Ostman dirige o coro e orquestra do Court Theatre.
Destacam-se as interpretações de Barbara Bonney como Pamina e de Sumi Jo como Rainha da noite. As vozes revelam-se apropriadas para cada uma das personagens. Barbara Bonney muito consistente e Sumi Jo com uma coloratura perfeita nas duas famosas árias da Rainha da Noite.
Mitridate é a quinta ópera de Mozart, conta com libretto italiano de Vittorio Amadeo Cigna-Santi e estreou em Milão em Dezembro de 1770, quando o compositor tinha apenas 14 anos.
Apesar da tenra idade de Mozart, a ópera foi um sucesso na altura da sua estreia. Ao contrário de algumas óperas posteriores que aquando da estreia não tiveram muito sucesso e que hoje são bastante mais apresentadas que Mitridate nos teatros de ópera.
A acção da ópera decorre na Crimeia segundo século A.C., durante o conflito entre Roma e Pontus. Mitridate, sofreu uma forte e pesada derrota numa batalha e é dado como morto. Estas falsas notícias são passadas por Arbate, o Governador, para a noiva de Mitridate, Aspasia, e para os seus filhos, Farnace e Sifare.
Farnace e Sifare estão ambos apaixonados por Aspasia e com a notícia da morte do Rei Mitridate, ambos tentam conquistar o seu coração. Aspasia prefere Sifare, de melhor temperamento, ao contrário de Farnace que se revela sem escrúpulos.
Com a notícia de que o Rei afinal está vivo, ambos os irmãos se comprometem a esconder os seus sentimentos, por respeito a seu pai.
O Rei chega com Ismene, prometida de Farnace, e é imediatamente informado do que se passa com Aspasia. Fica, no entanto a pensar que o seu preferido é Farnace e não Sifare.
Ismene informa Mitridate que Farnace não está interessado nela e sugere casar-se com Sifare. Para testar Aspasia, Mitridate sugere-lhe que se casem imediatamente. Aspasia fica relutante o que prova a sua infidelidade. Entretanto Farnace propõe ao Rei um acordo com Roma. O Rei recusa e acusa o filho de traição. Vendo-se cercado, Farnace revela ao pai que Aspasia está apaixonada é por Sifare.
Mitridate consegue comprovar que Aspasia ama Sifare e acusa o filho de traição. Face a estes acontecimentos, Aspasia pretende suicidar-se. Sifare, vendo-se impossibilitado de concretizar o seu amor, pretende também morrer, mas a lutar ao lado do pai. Farnace que tinha sido preso por traição, arrepende-se e é libertado, partindo também para lutar com o Mitridate.
No final o Rei morre em combate e perdoa ambos os filhos. Todos prometem vingar o Rei contra Roma.
Com um libretto algo complicado, Mitridate prima pelas suas árias. Existe apenas um dueto e um coral.
Os papeis de Sifare e Arbate eram na altura interpretados por sopranistas (homens com voz de soprano) e o de Farnace por um contralto masculino. Nesta encenação os três papeis são interpretado por vozes femininas, se bem que existem apresentações em que Farnace é representado por um contra-tenor.
Do elenco fazem parte:
Mitridate - Rockwell Blake
Aspasia - Yvonne Kenny
Sifare - Ashley Putnam
Farnace - Brenda Boozer
Ismene - Patricia Rozario
Marzio - Chistian Papis
Arbate - Catherine Dubosc
Coro e orquestra da Opéra de Lyon dirigidos por Theodor Guschlbauer. Encenação de Jean-Claude Fall.
Publicado no Ao Lado da Música a 22/04/2008
Mort, the one and only.
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