segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Amália Rodrigues (III)

Gaivota

Alexandre O'Neill/Alain Oulman



Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

2 comentários:

  1. Parece-me oportuno fazer aqui uma pequena referência ao compositor Alain Oulman que verdadeiramente compreendeu o sentido e a alma portuguesa. E se bem compreendeu a essência portuguesa, melhor compreendeu a forma de cantar da Amália Rodrigues. Já alguem viu algum tributo a este homem? Eu não. E se houve algum foi bem pequeno que me passou bem ao lado. Acho um absurdo!

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  2. Alexandre, tem toda a razão. Há pessoas, grandes pessoas, que muitas vezes são injustamente esquecidas.

    Assisti à estreia do espectáculo Amália do Filipe La Féria no Funchal e penso que o Alain Oulman, ao menos aí, foi devidamente referenciado.

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