quinta-feira, 19 de março de 2009

Notícia em Destaque - Sampaio lamenta que "discussão" sobre preservativos e Sida não evolua

Concordemos com Jorge Sampaio e discordemos de uma Igreja Católica Apostólica Romana que continua alheada da realidade, mas que, infelizmente, influencia as atitudes e pensamentos de uma parte importante da população mundial.

Lê-se no Público:

O ex-presidente da República e enviado das Nações Unidas para a luta contra a tuberculose, Jorge Sampaio, lamentou hoje que a "discussão" sobre o uso do preservativo não evolua, manifestando desacordo com as polémicas declarações do Papa sobre este assunto.

O Papa Bento XVI declarou que a distribuição de preservativos não é a resposta adequada para se ajudar a África a combater a sida, o que motivou a condenação de vários governos europeus e organizações internacionais.

Instado a comentar as afirmações do Papa, o ex-presidente da República, que hoje esteve na abertura de um encontro internacional sobre tuberculose, manifestou o seu desacordo com Bento XVI, salientando que se trata " de uma velha discussão que não evolui, infelizmente".

O representante das Nações Unidas para a luta contra a tuberculose destacou ainda a estreita relação entre esta doença e a SIDA, sublinhando o papel da prevenção.

"A maioria das mortes de pessoas que têm HIV são pessoas que apanham tuberculose e morrem por causa da tuberculose. Obviamente que tudo isto se joga na prevenção", afirmou.

Jorge Sampaio lembrou, no seu discurso de abertura do encontro de hoje, que decorre em Lisboa, na Fundação Gulbenkian, que todos os anos adoecem nove milhões de pessoas e 1,7 milhões morrem devido à tuberculose.

Um terço da população mundial está infectada com a micro-bactéria que provoca a tuberculose.

O Papa fez as polémicas declarações sobre o uso do preservativo no início de uma viagem a África que inclui uma visita a Angola amanhã.


In Público

11 comentários:

  1. São umas atrás das outras, mas sem querer defender o Papa, repare-se o que aconteceu com o bispo que praticamente negava o holocausto nazi, e só depois o Papa veio a saber dos seus pensamentos pseudo_historicos e nao aceitou as desculpas que o bispo fez ao Vaticano porque as não fez ao mundo em geral e aos judeus em particular.

    Este Papa sofre de alguma ingenuidade. Também não podemos querer dele a perfeição. Tem responsabilidades acrescidas mas também na universidade de Ratisbona foi (muito) mal interpretado. Falava como um académico no meio de outros tantos e depois a comunicação social empola apenas o que lhe interessa e veste as palavras no papa e não apenas no homem e teólogo que também é.

    Sobre este caso dos preservativos, eu penso que ele se referia ao mal em si, ou seja, não é o mal em si que lhe aflige, porque ele existe se concorrermos para ele. Ele segue a apenas a posição oficial da Igreja (que não é completamente dogmática, atenção, estamos a falar de normas gerais, tal como no aborto é admitido pelo Vaticano (Direito canónico)nas mesmas circunstancias do Direito Civil.

    Ou seja, eu penso que ele se esquece do problema africano onde a disseminação da Sida é qualquer coisa de perturbante, mas continua a insistir no efeito e não na causa (que tem a sua lógica mas não neste continente em particular), e que é, evitem promiscuidades, evitem parceiros a rodos, sejam monogâmicos que a Sida nunca vos atingirá... Porque a Sida não é o cancro que pode apanhar qualquer um.

    Foram palavras infelizes, estas do Papa, mas penso que percebi a ingenuidade porque vê o problema apenas na perspectiva de que se se fica doente é porque se tem comportamentos de risco e falta de valores, o que é inadmissível à luz da Igreja.

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  2. Olá Daniel.

    Obrigado pelo teu longo comentário.

    Permite-me só que o comente também.

    O caso do Bispo que negava o holocausto, não me parece importante. Faz parte do passado e os Judeus e mundo em geral não se devem sentir muito chocados ou indignados com isso. O que me parece importante neste caso é o facto da "opinião" desse Bispo poder condicionar a opinião das pessoas que lhe estão próximas e que professam a sua fé, principalmente as "menos informadas"
    Não acompanhei este caso com devida atenção porque penso que ocorreu numa altura em que não me encontrava em Portugal.

    O caso do uso do preservativo, parece-me mais grave, porque tem uma perspectiva muito mais abrangente. Penso que a Igreja Católica Apostólica Romana deve continuar a professar os seus princípios no que respeita aos relacionamentos sexuais, com os quais eu até concordo na generalidade. Eu e a maioria das pessoas.
    Mas, estamos, neste caso a falar duma situação quase ideal, e afastada da realidade. Não só em África, como referes, mas um pouco por toda a parte.

    Não poderia a Igreja Católica, professando os seus princípios, incentivar também o uso do preservativo no caso de relacionamentos sexuais de risco?

    Eu não me importaria com a opinião do Papa ou da Igreja Católica Apostólica Romana se ela não fosse ouvida e tida como "verdade suprema" por uma parte significativa da população mundial (sendo África apenas um exemplo).

    Tendo esta Igreja o poder de mudar opiniões e comportamentos de tanta gente, não seria melhor para o mundo que não se alheasse tanto dos problemas reais?

    Vou continuar à espera que apareça um "Obama" lá para os lados do Vaticano...

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  3. Al,

    Subscrevo o que dizes, mas como referi, nao preconizo as palavras do Papa noa avião aos jornalistas falando informalmente dos preservativos mesmo antes de aterrar.

    Diria que no caso do continente africano em particular, seria suicidio nao permitir ou fomentar o uso do preservativo, mas também os locais sabem que o preservativo nao é a solução, embora um mal menor. Depois o virus da Sida é infinitesimamente mais pequeno do que o espermatozoide pelo que ha probabilidades de o preservativo nao ser eficaz; depois porque se combate o problema ao contrário: é como se se dissesse a um ladrão: como ja conhecemos as tecnicas de roubo, vamos ensinar-te outras.

    Mas obviamente que foi uma tirada muitissimo infeliz em particular naquele continente, porque Al, digamo-lo em boa verdade, que falar assim do preservativo é ate um incitamento à promiscuidade e o preservativo nao é infalivel.

    Lembro-me de uma propaganda da Margarida martins da Abraço ha uns anos que no verão publicitava em tudo o que era sitio: autocarros, paredes, mupiies, outdoors... "Se vai de ferias, nao se esqueça do preservativo"...

    Ou seja, antes de mais aquilo era um atestado de menoridade chamando infantis a todos os que iam de ferias porque ja se sabia que iam andar aí com as hormonas aos saltos e nao iam aguentar o/as primeiro/as que lhe aparecessem.

    Depois, paradaoxalmente, vem ao encontro do Papa de que este mal so se resolve pelos valores e pela mudança de mentalidade.

    Todavia, no caso concreto de África, onde existe a bigamia, e considerando o numero de infectados, o Papa devia no minimo ter estado calado. Mas percebi a posiçao dele e foi o que comentei.

    Sobre o bispo que de quem nao aceitou desculpas sem que o mesmo bispo o fizesse abertamente à comunidaede judaica mundial, para ti pode ter sido um affair da Historia, mas para quem passou por aquilo (muitos vivos e tantos familiares) foi simplesmente mágoa (mais do que ofensa).

    Hugs

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  4. Acho que a opinião sobre bigamia ou promiscuidade de nada interessam para a análise deste problema em concreto. Não interessa se concordam ou não, se vai contra os vossos princípios ou se nem por isso. Existe e vai continuar a existir, quer queiram, quer não. Continuar a acreditar que a castidade é a solução é fechar os olhos ao problema. E a monogamia só é solução se for mútua e se não existir antecedentes de contágio de nenhuma das partes. A seropositividade não é uma penalização atribuída pelo excesso de parceiros sexuais como se de uma multa se tratasse por excesso de velocidade. Nem é a doença exclusiva das meninas de serviço ou dos homossexuais depravados que merecem ser castigados porque deturparam a essência do sexo que é a da procriação. Relativamente ao tamanho do vírus, não sou cientista e, portanto, não vou tecer considerações sobre a permeabilidade ou impermeabilidade do latex. De uma coisa tenho a certeza: a permitir a passagem do vírus, (que eu não acredito ser possível quando o preservativo está em perfeito estado) deve permitir muito menos do que se não existir preservativo.
    Quanto aos princípios da igreja... seria assunto para muitas linhas e não vou entrar por aí. Até porque nem sei que princípios estamos a falar: se o princípio do amor ao próximo ou se por outro lado o da adopção da posição de missionário no acto sexual ou ainda o das práticas pedófilas apadrinhadas pelo clero.
    Por outro lado, se o papa diz que o preservativo agrava o problema da SIDA, a maior parte das pessoas não vai ler esta afirmação à luz da promiscuidade ou bigamia. O mundo não é assim tão instruído e acreditar nisto é tão ingénuo quanto acreditar que o mundo vai virar monogâmico, fiel e casto.
    Usem preservativo e o papa que se lixe ou então que vá engraxar os seus sapatinhos Prada.

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  5. Bem, eu nao quero invadir o espaço do Alberto comentando, ainda por cima um anónimo. E embora não comente o anónimo (porque se refere ao que escrevi) diria apenas algumas coisas sem entrar no assunto em concreto do preservativo cuja atitude papal condeno. Diria só isto: o que é que Prada tem a ver com isto? E já agora, quando isso se começou a falar (sapatos Prada) a propria marca veio dizer que foi quem o calçou por iniciativa, da mesma maneira que o papamobile onde o papa se desloca, tem um motor potente e de ultima geração da ferrari.... oferecido pela ferrari.

    Eu se fosse ao vaticano colocava uma lista diaria na internet de quem oferece coisas para as pessoas mal intencionadas nao as usarem em assuntos como a sida ou outros.

    É que se há coisa que mexe comigo é o sentido de justiça. Seja de quem for.


    E que tenhas nome, rapaz.

    BY the way: por acasao sabes se sou catolico? isto é muito pertinente sabes?

    Daniel

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  6. Caros

    Estão à vontade para discutirem os vossos pontos de vista aqui no Outras Escritas. Eu publico todos os comentários, desde que não usem linguagem abusiva, o que tenham conotações políticas.

    Acho que, no fundo, estamos todos mais ou menos de acordo. Todos concordamos que as afirmações do Papa não foram as mais correctas.

    Penso que também concordamos com o facto de que o papel da Igreja poderia ser muito mais activo, nesta matéria e não se limitar apenas a princípios básicos alheados do mundo em que vivemos.

    Respondendo agora ao leitor anónimo:
    Dou-lhe razão, a minha opinião sobre bigamia, poligamia e promiscuidade não interessam nada. No entanto, a opinião da Igreja certamente interessa, uma vez que influência a opinião de "meio mundo".
    Sim, a poligamia existe. Eu compreendo-a e respeito-a, está enraizada na cultura de muitos países. O anónimo já reparou que mesmo numa sociedade poligâmica pode haver fidelidade? E entre a família poligâmica não existir qualquer tipo de contágio, uma vez que a relações sexuais se restringem a um grupo de pessoas que se mantém constante?

    A promiscuidade é um conceito diferente. Deve ser combatida? Não me cabe a mim decidir isso. Agora definitivamente as pessoas devem ter consciência dos riscos que correm caso optem por esse estilo de vida.
    Deve ser fomentada? Não! Não deve. Discordo totalmente que, por exemplo, nas aulas de educação sexual se fomente este comportamento. Deve sim ser feito um alerta para os perigos que ele pode trazer à saúde.

    Há que mudar comportamentos? Sim, há que mudar! As DST existem. A abstinência é a solução? Claro que não.

    Moderação! Esta penso ser a palavra de ordem. E é aqui que a Igreja pode ter um papel mais activo. Alertando para os perigos e aconselhando.

    Desculpem se existem alguns erros neste comentário, mas foi escrito quase à velocidade da luz...

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  7. Bem, sem me querer repetir nem estar infindavelmente neste tema (ainda por cima com alguém que não apenas não dá a cara, como também confunde coisas, como tive oportunidade de explicar) reteria isto que escreveste por último, Alberto:

    "A promiscuidade é um conceito diferente. Deve ser combatida? Não me cabe a mim decidir isso. Agora definitivamente as pessoas devem ter consciência dos riscos que correm caso optem por esse estilo de vida.
    Deve ser fomentada? Não! Não deve. Discordo totalmente que, por exemplo, nas aulas de educação sexual se fomente este comportamento. Deve sim ser feito um alerta para os perigos que ele pode trazer à saúde.

    Há que mudar comportamentos? Sim, há que mudar! As DST existem. A abstinência é a solução? Claro que não.

    Moderação! Esta penso ser a palavra de ordem. E é aqui que a Igreja pode ter um papel mais activo. Alertando para os perigos e aconselhando".

    Abraços

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  8. http://sairdaspalavras.blogspot.com/2009/03/matem-o-papa.html

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  9. Caro Daniel Silva,
    Esta é a primeira vez (e esperemos que seja a última vez) que me refiro directamente a si. Tudo o resto são considerações aos artigos, posts ou a outros comentários, cuja autoria é-me perfeitamente indiferente.
    Não sei que interesse poderá ter meu nome. Será que efectivamente aceitaria uma opinião diferente da sua se conhecesse o meu número de segurança social? Essa exigência em saber o meu nome soa-me a duelo medieval e é um bocadinho “creepy”, mas mesmo assim vou arriscar: chamo-me Alexandre e não o escrevi no anterior comentário por falta de paciência e porque não consigo ver até que ponto isso possa dar maior ou menor credibilidade ao mesmo. Há-de ser sempre e unicamente a opinião de alguém que lê e comenta de vez em quando o blogue do Alberto Grilo. As pessoas que não estão consigo, não estão obrigatoriamente contra si. Tenha calma e releve, até porque a minha opinião não vai ter o impacto que terá a opinião do Papa no Mundo.

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  10. Caro Anónimo Alexandre,

    Tresleu-me. Ninguém disse que alguém estava contra mim. Curiosamente penso que isso se aplica mais a si. Foi buscar os sapatos Prada do Papa e nao so lhe respondi sobre isso como lhe dei outro exemplo do motor do Ferrari do papamobile que provavelmente você nao sabia.

    Se a discussão era sobre o preservativo que o Alberto trouxe à colação, a sua indignação sobre o assunto levou-o a extravasar o mesmo, e eu limitei-me a opinar no devido espaço: os comentários.

    Agora, por favor, nao venha com desonestidade intelectual.

    E espero também nao seguir com estas "diálogos" cujo espaço, nao apenas nao caberia aqui, como eu nao o fomentarei.

    Fique bem.

    Daniel

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  11. Alberto, a fotografia que está na noticia está muito boa.

    Está muito linda, :D

    Abraço.

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