No dia 5 de Março de 1997, nascia no Brasil, Heitor Villa-Lobos.
Da Infopédia:
Compositor brasileiro nascido a 5 de Março de 1887, no Rio de Janeiro, e falecido a 17 de Novembro de 1959. Raul Villa-Lobos, o seu pai, era funcionário da Biblioteca Nacional e tocava violoncelo como músico amador. Em casa praticava música clássica com os amigos. Aos 6 anos, Heitor começou a aprender violoncelo com o pai. Foi também nessa altura que começou a conhecer o som do cravo de Bach, tocado por uma tia, distinguindo as harmonias do solfejo e aprendendo o básico da teoria musical. Habituou-se também a ouvir, nas ruas do Rio, os grupos de músicos amadores - os Chorões - que animavam as noites de festa e do Carnaval. Nessa fase, era natural que se sentisse influenciado, em simultâneo, por Bach e pelas serenatas dos Chorões. O pai morreu em 1899 quando Heitor tinha 12 anos e a vontade de aprender viola, cavaquinho e corneta manifestou-se no jovem músico. Na ausência do pai, Heitor procurou o saber na biblioteca, livro a livro, aprendendo a tocar viola por sua própria iniciativa. Aos 18 anos juntou-se aos Chorões, tornando-se músico ambulante. Em 1907 regressou ao Rio de Janeiro e inscreveu-se no Instituto Nacional. Teve aulas de Harmonia com Frederico Nascimento, recorrendo aos métodos didácticos de Schoenberg. Mas o jovem Heitor estava mais empenhado em conhecer as raízes da música tradicional brasileira. Parte para os estados do interior do Norte e Nordeste, facto que havia de influenciar decisivamente a sua obra. Depois de recolher mais de mil temas e diversas anotações sobre a música tradicional, retornou ao Rio em 1912, sendo surpreendido com uma missa em sua memóra. A mãe julgara-o morto. Completou a sua formação autodidacta dedicando-se à análise e estudo das obras dos grandes mestres. Consultou também alguns tratados de harmonia e orquestração, nomeadamente o de Vincent d'Indy. Casou com a pianista Lucília Guimarães. Tocou violoncelo nas orquestras dos teatros e dos cinemas cariocas. Escreveu as três suites Prole do Bebé sobre temas infantis brasileiros. Em 1915 aconteceu a sua apresentação oficial como compositor, gerando algum furor no meio cultural brasileiro. A crítica dos jornais foi contra a sua modernidade, apelidando-o de iconoclasta das escolas clássicas. A resistência ao seu trabalho agudizou-se em 1918, quando os músicos do Instituto Nacional de Música se recusaram a tocar peças suas, definindo-as como excessivamente dissonantes. O concerto havia sido pedido pelo próprio director do Instituto e deveria incluir a 1.ª Sinfonia e Amazonas (ainda com o título Miremis). Procurando outros apoios, Villa-Lobos acabou por apresentar a sua obra a Milhaud, o que originou, anos mais tarde, a suite Saudades do Brasil, recordando a sua passagem por aquele país. Foi também nesta fase que Villa-Lobos conheceu Rubinstein, em digressão no Rio, o pianista que há-de lançar a sua obra na Europa. Em 1919, Villa-Lobos deslocou-se à Argentina para um concerto de obras suas organizado pela Associação Wagneriana de Buenos Aires. O Quarteto de Cordas n.º 2 foi muito bem recebido pela crítica da especialidade. Em Fevereiro de 1922, em plena Semana da Arte Moderna, despertou o movimento modernista, liderado por Mário e Oswaldo de Andrade, defendendo o direito à pesquisa estética, à actualização do conhecimento artístico nacional e à estabilização da actividade criadora. Villa-Lobos foi convidado a actuar. Ainda nesse ano, o rei Alberto da Bélgica esteve de visita ao Brasil e aconteceu a primeira audição das sinfonias encomendadas a Villa-Lobos pelo Estado Brasileiro. O músico dirigiu a orquestra que tocou a 3.ª e 4.ª sinfonias, respectivamente Guerra e Vitória. O êxito foi estrondoso. Em meados de 1923, no Rio de Janeiro, embarcou num navio francês rumo à Europa. Na bagagem levava a imensa obra já feita. Em menos de um ano, este mensageiro de um país tropical impôs-se pelo talento e espírito independente. Aos domingos, à volta de uma feijoada brasileira, reúnia em casa Florent Schimtt, Stokowsky, Varèse, Picasso, Léger, entre muitos outros artistas. Voltou a Paris quatro anos mais tarde. Venceu a morte quando lhe foram diagnosticados apenas três meses de vida. Apresentou-se de batuta em riste em frente das grandes orquestras europeias ou americanas. Apresentou ao mundo os Choros, as Serestas, Amazonas, a Missa de São Sebastião. Tornou-se professor de composição do Conservatório Internacional de Paris e fez parte do Comité d'Honneur juntamente com Paul Dukas, Maurice Ravel, Albert Roussell, Florent Schimtt, Alfredo Casela, Manuel de Falla, Arthur Honegger, Arthur Rubinstein, entre outros. Em 1930 regressou ao Brasil, em plena revolução paulista. Getúlio Vargas subiu ao poder. Em 1937 foi ele o ditador. Villa-Lobos tentou implantar o seu programa educacional nas escolas paulistas. A sua admiração por Bach manifesta-se nas suas Bachianas Brasileiras (compostas entre 1930 e 1945). Em 1932, foi nomeado superintendente de Educação Musical e Artística para o Estado do Rio de Janeiro. Levou a cabo uma notável obra pedagógica que deu origem em 1942 à fundação do Conservatório Nacional de Canto Orfeónico. Conseguiu reunir 40 000 cantores num concerto no estádio de futebol do Clube Vasco da Gama. Em Novembro de 1944, a convite do maestro Werner Janssen, foi pela primeira vez aos Estados Unidos. No ano seguinte, a sinfónica de Boston promoveu um concerto só com obras suas. Estão presentes grandes nomes da música: Artur Toscanini, Claudio Arrau, Duke Ellington, Cole Porter, entre outros. Alternadamente, fez digressões a Nova Iorque e a Paris. Fundou e presidiu a Academia de Música Brasileira. Em 1948, foi submetido a uma intervenção cirúrgica, a propósito de um cancro na bexiga. Em 1954 visitou Israel. No ano seguinte, foi mais uma vez a Paris, dirigiu a Orquestra Nacional com um programa totalmente preenchido com obras suas. Morreu quatro anos depois. É considerado um dos compositores latino-americanos mais importantes do século XX. A sua música é o resultado da combinação de melodias indígenas com elementos rítmicos de clássicos ocidentais, como Bach e Puccini.
Heitor Villa-Lobos. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-03-03]
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