No dia 18 de Março de 1900, morria no Porto o poeta António Nobre.
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Poeta português, nascido em 1867, no Porto, e falecido a 18 de Março de 1900, na mesma cidade. A infância e a adolescência de António Nobre foram passadas entre Leça da Palmeira, onde o pai, antigo emigrado no Brasil, possuía uma quinta, e a Foz do Douro. Tendo estudado em colégios do Porto, frequentou os principais centros da boémia portuense, convivendo com figuras literárias como Raul Brandão e Júlio Brandão e publicando criação poética. Frequentou posteriormente a Faculdade de Direito de Coimbra, onde, com Alberto de Oliveira, fundou a revista Boémia Nova, cuja polémica com a publicação de Insubmissos, de Eugénio de Castro, constituiu um marco na emergência do Simbolismo e do Decadentismo em Portugal. Foi em Coimbra que, habitando a fortificação medieval que ficaria conhecida como "Torre de Anto", se acentuou o culto por uma postura romântica e egocêntrica, e que elaborou grande número das composições que viriam a integrar a sua principal obra publicada em vida. Em Paris, desde 1890, forma-se em Direito na Sorbonne e, conquanto à margem da dinâmica literária francesa que, por essa altura, consagra o Simbolismo, publica Só, em 1892, obra onde a voz do lusíada exilado reinventa, entre nostálgico e auto-irónico, uma existência que, nutrida nas tradições de um Portugal puro e preservado, o votou à solidão e ao sofrimento. Não chegando a ocupar o lugar de cônsul para que concorrera em 1893, os últimos anos de vida de António Nobre serão marcados por deslocações frequentes entre os lugares da sua infância e juventude e lugares de repouso, como a Suíça e a Madeira. Uma leitura literal de um biografismo assumido com emotividade e a evocação de um "Portugal da minha infância", vislumbrado em paisagens rurais e em textos plasmados sobre formas populares, permitiu que a publicação de Só surgisse como um modelo a um tempo de uma estética neo-romântica e neogarrettista que, pelo menos desde o início dos anos 90, fora elaborando as suas propostas teóricas. Mas, na verdade, o mais original do volume passa por uma forma antideclamatória que, inserindo-se num dolorismo e confessionalismo lírico, frequentemente de inspiração autobiográfica, busca a impressão de extrema simplicidade, delindo na sua elaboração a cultura literária e o rigor construtivo que lhe subjazem. É neste sentido que António Nobre se insere numa poesia portuguesa pré-modernista, ao colocar em questão uma língua poética fortemente convencional e normativa. Segundo Gastão Cruz, "enquanto Cesário revoluciona fundamentalmente o nível linguístico, através da renovação vocabular, a revolução de Nobre, não deixando de situar-se igualmente num plano semântico, e por vezes com uma liberdade de associações e uma violência que encontram o que encontramos em Cesário [...], abala, pela primeira vez, os alicerces, e toda a construção, do edifício romântico-parnasiano." (CF. CRUZ, Gastão - A Poesia Portuguesa Hoje, 2.ª ed. aum., Lisboa, Relógio d'Água, Lisboa, 1999, pp. 20-21). No ano de 2000 comemorou-se o centenário da sua morte, através de publicações que relembram a sua vida pessoal e poética, entre outros eventos. Bibliografia: Só, Paris, 1892; Ao Cair das Folhas, Lisboa, 1895; Despedidas, Porto, 1902; Lisboa: Poesia, Lisboa, 1914; Primeiros Versos, Porto, 1937; Canção da Felicidade, Porto, 1951; Alicerces, seguido de Livro de Apontamentos, Lisboa, 1983; Cartas e Bilhetes Postais a J. de Montalvão, Porto, s/d; Cartas Inéditas de António Nobre, Coimbra, 1933; Correspondência com Cândida Ramos, Porto, 1981; Correspondência, Lisboa, 1982
António Nobre. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-03-18]
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