Fico estarrecido a ouvir Billie, e sim, não sei como mas acertaram na escolha do vídeo. Terrível esta canção, uma letra lancinante e uma interpretação que me faz chorar. Billie muitas vezes não a conseguia cantar, pois ela mais do que ninguém conhecia a realidade das palavras que cantava e emocionava-se. Não sei o que dizer, mas aqui está tudo o que busco na música: uma grande melodia, uma letra memorável e uma interpretação cheia de dor. Os olhos dela....vejam os olhos dela...Isto sim, é cantar. Oiçam e vejam e voltem a ver e a ouvir. E depois repitam a dose ad eternum.... Parabéns.
Obrigado pelo seu comentário e por gostar do blogue.
A Lady Day era detentora de "uma daquelas vozes".
Fiz-lhe uma homenagem numa rubrica televisiva que apresentei na RTP Madeira até Junho.
Quanto ao tema, não podia ter escolhido outro. Ninguém interpreta "Strange Fruit" como a Billie Holiday. A cantora sentiu na pele a segregação racial que existia nos Estados Unidos.
Já agora, penso que saberá o porque deste tema se chamar "Strange Fruit" ou em português "Fruta Estranha". O poema foi escrito por Abel Meeropol que se inpirou nos linchamentos de pessoas de etnia negras que eram enforcadas em árvores.
Black bodies swinging in the southern breeze, strange fruit hanging from the poplar trees.
Esta imagem, para nós algo distante que nos chegava através filmes ou documentários da época, para Billie e para toda a comunidade negra (na altura ainda não eram considerados Afro-Americanos) era uma realidade quotidiana.
Daí que na sua autobiografia Billie tenha dito que "Srange Fruit" era o seu "personal protest". Era tanta a ligação da cantora com este poema que dele dizia: "It takes all the strength out of me".
Por estranho que possa parecer (ou talvez não) ao acabar de cantar a canção pela primeira vez (no Café Society), durante alguns momentos não se ouviu um único aplauso. Até que alguém aplaudiu nervosamente e então a casa veio abaixo, como se costuma dizer. Foi, ao longo da sua carreira, a canção que mais lhe pediam para cantar. E nem sempre Billie estava emocionalmente preparada para o fazer.
Relativamente aos dotes vocais de Billie, acho que não tinha uma voz extraordinária, como outras cantoras da época. Mas também não considero que uma grande voz resulte necessariamente numa grande cantora.
Convém sublinhar que a própria Billie não levava um estilo de vida propriamente saudável. O que acho extraordinário nesta cantora é a forma como utilizou a sua vivência pessoal (várias descidas ao inferno ao longo da sua vida) para pautar cada verso que cantava de uma tristeza incomparável. Por mais que oiça outras versões, nada se compara às interpretações de Billie. Seja "Strange Fruit", "Solitude", "Body and Soul", "All of Me", etc, etc, tudo o que Billie cantou ficou como um marco. Raramente um cantora me leva tão facilmente às lágrimas como a Lady.
Billie, Amália, Amy, Joni Mitchell....será preciso sofrer para cantar com alma e comover multidões?
Aleluia!
ResponderEliminarLong live Billie! e este blog também.
Fico estarrecido a ouvir Billie, e sim, não sei como mas acertaram na escolha do vídeo.
Terrível esta canção, uma letra lancinante e uma interpretação que me faz chorar. Billie muitas vezes não a conseguia cantar, pois ela mais do que ninguém conhecia a realidade das palavras que cantava e emocionava-se.
Não sei o que dizer, mas aqui está tudo o que busco na música: uma grande melodia, uma letra memorável e uma interpretação cheia de dor. Os olhos dela....vejam os olhos dela...Isto sim, é cantar.
Oiçam e vejam e voltem a ver e a ouvir. E depois repitam a dose ad eternum....
Parabéns.
Caro Ernesto.
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário e por gostar do blogue.
A Lady Day era detentora de "uma daquelas vozes".
Fiz-lhe uma homenagem numa rubrica televisiva que apresentei na RTP Madeira até Junho.
Quanto ao tema, não podia ter escolhido outro. Ninguém interpreta "Strange Fruit" como a Billie Holiday. A cantora sentiu na pele a segregação racial que existia nos Estados Unidos.
Já agora, penso que saberá o porque deste tema se chamar "Strange Fruit" ou em português "Fruta Estranha". O poema foi escrito por Abel Meeropol que se inpirou nos linchamentos de pessoas de etnia negras que eram enforcadas em árvores.
Neste link encontrará uma fotografia elucidativa.
http://en.wikipedia.org/wiki/Strange_Fruit
Cumprimentos
Black bodies swinging in the southern breeze, strange fruit hanging from the poplar trees.
ResponderEliminarEsta imagem, para nós algo distante que nos chegava através filmes ou documentários da época, para Billie e para toda a comunidade negra (na altura ainda não eram considerados Afro-Americanos) era uma realidade quotidiana.
Daí que na sua autobiografia Billie tenha dito que "Srange Fruit" era o seu "personal protest". Era tanta a ligação da cantora com este poema que dele dizia: "It takes all the strength out of me".
Por estranho que possa parecer (ou talvez não) ao acabar de cantar a canção pela primeira vez (no Café Society), durante alguns momentos não se ouviu um único aplauso. Até que alguém aplaudiu nervosamente e então a casa veio abaixo, como se costuma dizer. Foi, ao longo da sua carreira, a canção que mais lhe pediam para cantar. E nem sempre Billie estava emocionalmente preparada para o fazer.
Relativamente aos dotes vocais de Billie, acho que não tinha uma voz extraordinária, como outras cantoras da época. Mas também não considero que uma grande voz resulte necessariamente numa grande cantora.
Convém sublinhar que a própria Billie não levava um estilo de vida propriamente saudável. O que acho extraordinário nesta cantora é a forma como utilizou a sua vivência pessoal (várias descidas ao inferno ao longo da sua vida) para pautar cada verso que cantava de uma tristeza incomparável. Por mais que oiça outras versões, nada se compara às interpretações de Billie. Seja "Strange Fruit", "Solitude", "Body and Soul", "All of Me", etc, etc, tudo o que Billie cantou ficou como um marco. Raramente um cantora me leva tão facilmente às lágrimas como a Lady.
Billie, Amália, Amy, Joni Mitchell....será preciso sofrer para cantar com alma e comover multidões?
Obrigado pelo link e continuação de bons posts.