terça-feira, 28 de outubro de 2008

Notícia em Destaque - «(O dinheiro) apareceu para salvar o quê? Vidas? Não. Para salvar bancos»

Não sou grande adepto da obra de Saramago, embora reconhece ter valor.

Não partilho também das suas opiniões políticas, mas acho que o seu comentário à crise financeira actual foi brilhante (utópico? Talvez).

Lê-se no IOL Portugal Diário:

O prémio Nobel da Literatura, José Saramago, criticou esta segunda-feira, durante a exibição do filme «Ensaio sobre a cegueira» baseado na sua obra homónima, o actual estado da economia mundial, atribuindo culpas aos principais suspeitos, na sua opinião: «os grandes financeiros, os directores das grandes empresas e os grandes bancos».

Saramago referiu a sua posição face às garantias dadas pelo Governo à banca: «Onde estava esse dinheiro? Que dinheiro é esse? Não estou dizendo que tem origem criminosa, mas estava muito bem guardado. E, tendo todas as dificuldades do mundo para aparecer quando era necessário para ajudar as pessoas em situações de tragédia, apareceu de repente para salvar o quê? Vidas? Não. Para salvar bancos».

Na opinião de José Saramago, «os caprichos ou os crimes ou os delitos dos responsáveis por esta crise, que são os grandes financeiros, que são os directores das grande empresas e dos grandes bancos, vai-se-lhes acudir com o dinheiro de todos».

«Esse dinheiro, que parece que deveria ter outros destinos, agora destina-se a salvar os bancos e o grande argumento é este: sem bancos isto não funciona. Marx nunca teve tanta razão como hoje», retorquiu.

José Saramago teve ainda tempo para afirmar a sua pouca convicção no desenlace da actual crise económica. «As consequências piores ainda não chegaram. Essa ideia de que se pensava pôr o mercado no altar e rezar todos os dias, finalmente nem era auto-regulador nem auto-disciplinador, era simplesmente um instrumento de saque das riquezas», afirmou.

O Nobel português da Literatura fez ainda uma alusão à metáfora ideológica da sua obra «Ensaio sobre a Cegueira» para descrever o estado da população mundial face à crise: «Estamos sempre mais ou menos cegos para o que é fundamental» e «não queremos que nos macem».

In IOL Portugal Diário

2 comentários:

  1. Concordo com o Saramago. Aliás, lembro-me quando recebeu o Nobel, no seu discurso disse a seguinte frase:
    - "Estamos mais perto de chegar a Marte do que ajudar o nosso vizinho do lado."
    Frase que se mantém actual.

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  2. É verdade que eu não gosto nada da escrita de José Saramago, pois é muito confuso e perde-se muito no raciocínio, mas não é das obras de Saramago que quero dar a minha opinião nem é isso que a noticia do blogue pede.
    Por isso, esta noticia vem de acordo aquilo que falamos na aula de história, como nós sabemos assunto puxa assunto, e como estavamos a comparar a crise financeira que aconteceu na I República como na Rússia e por aí adiante, falamos da actual crise economica e houve um colega que disse e que partilho da mesma opinião é que não é muito fácil um Banco gastar tribilhiões de dolares ou isso de Janeiro ou de Abril até agora, o problema que passa-se aqui é que os bancos deviam-ser nacionalizados o estado a que devia ter "mão" nos bancos, para evitar coisas propositadas como esta crise que vivemos.
    O que se esta a passar agora passou nas décadas 30 e volta-se a repetir agora.
    Agora onde vamos buscar o dinheiro para acabar com esta crise é aumentar os impostos para as pessoas viverem mais oprimidas do que já vivem.
    Concluo dizendo que a História repete-se infelizmente.
    Confiar em bancos é confiar em nada.

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