"Ton Koopman é uma personalidade musical de primeiro plano na Europa, especialmente na música antiga", disse o organista João Vaz referindo-se à "excelência" do músico holandês. O concerto de Koopman será composto essencialmente por peças dos séculos XVII e XVIII, procurando conciliar a tradição organística ibérica com a da Europa Central. O concerto abre com "Battalia famosa", em Dó Maior de um autor anónimo, seguindo-se de Pablo Bruna, "Tiento sobra la laetania delle Virgen", em Sol Menor e ainda o espanhol Juan Cabanilles, "Tiento" em Sol Menor. Sem intervalo, o recital inclui dois dos mais importantes compositores de música para órgão: Dieterich Buxtehude e Johann Sebastian Bach. Ao longo de 44 anos de carreira, Koopman tem-se apresentado nas mais importantes salas de espectáculo, designadamente o Concertgebouw, Teatro dos Campos Elíseos, na Filarmonia de Munique, na Alter Opera de Frankfurt, no Lincoln Center e no Carnegie Hall, bem como em diversos festivais. Koopman, um dos maiores especialistas da música do barroco, quer como intérprete quer como investigador, diplomou-se em Órgão, Cravo e Musicologia no Conservatório de Amesterdão tendo alcançado o Prémio Excelência nos dois instrumento, e dirige actualmente a Orquestra Barroca de Amesterdão. Festival internacional O novo Órgão "perspectiva não só a sua utilização regular no espaço próprio da liturgia, mas sobretudo cria a possibilidade de uma programação de elevada qualidade neste âmbito da música erudita, com a criação de um Festival de Órgão e a vinda à Madeira dos maiores nomes nacionais e estrangeiros para concertos ao longo do ano", afirma uma nota do governo regional da Madeira. O Grande Órgão foi executado como um projecto de raiz para o coro alto da Igreja de São João Evangelista (do Colégio), e insere-se no plano de restauro do interior do templo. O organista João Vaz afirmou-se esperançado que este novo instrumento relance o interesse pela música de órgão na região, já que, com 1.500 tubos e uma planificação tonal, permite amplos repertórios. "É um instrumento que foi pensado, por um lado, para tocar repertório clássico internacional com dois teclados e pedaleira, onde se pode tocar compositores como Buxtehude e Bach, mas que procura também preservar alguns atributos da organaria portuguesa do século XVIII como as palhetas em chamada, a corneta", explicou o organista. João Vaz acredita que este novo órgão "constituirá um marco na história musical madeirense", já que há na ilha um conjunto de órgãos de origem inglesa, do século XIX "mas que não se encontram num estado muito bom".

"Além de apoio às liturgias e outros serviços religiosos, é essencial a realização regular de concertos de modo a fomentar o gosto mas também a manutenção do instrumento",
afirmou. Restauro da Igreja A Igreja de S. João Baptista, mais conhecida como a do Colégio, foi concluída em 1647, prolongando-se até inícios do século XVIII alguns trabalhos de decoração interior. Os trabalhos de restauro da igreja jesuíta iniciaram-se em 2002, tendo no seu decurso sido descobertos frescos com elementos iconográficos, "conhecendo-se poucos exemplos desta técnica em Portugal e nenhum da mesma época ou de tal magnificência decorativa", salienta uma nota do Governo regional madeirense. Para breve, segundo a mesma nota, está previsto o restauro da talha dourada dos altares e da sacristia. "O novo Órgão completará o conjunto, na medida em que, à tangibilidade do espaço, que transporta o visitante aos séculos XVII e XVIII, se poderá recriar a atmosfera musical da mesma época", conclui a nota.
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