A taxa de inflação homóloga caiu em Março 0,4%, algo que não se verificava desde o início dos anos 60. A tendência, dizem os analistas, deve manter-se por mais alguns meses. Mas um cenário de deflação está posto de parte.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a queda dos preços deve-se essencialmente à queda dos preços na classe dos transportes, reflectindo sobretudo a redução significativa dos preços dos combustíveis.
Inflação cai pela 1ª vez em quase 50 anos
«No ano passado, os combustíveis registaram preços mais elevados em meados do ano, até Julho. Em comparação com esses valores, os preços este ano estão mais baixos. E esta queda da inflação é muito determinada por isso. Não se trata de um cenário de deflação, porque não há uma queda generalizada de preços. Pelo contrário, a maioria das outras classes registou um comportamento normal», explicou à Agência Financeira a economista do BPI, Teresa Gil Pinheiro, para quem a tendência de queda da inflação homóloga deve manter-se por mais alguns meses.
Opinião semelhante tem Filipe Garcia, do IMF. «Até ao último trimestre do ano, sobretudo no Verão, é muito provável que se observem mais alguns meses de variação homóloga negativa, dado que foi nessa altura do ano passado que os preços da energia apresentaram valores mais elevados», refere.
Injecções de liquidez podem ter efeitos perigosos nos preços futuros
A queda da inflação média não surpreendeu o especialista, tendo em conta a desaceleração económica global e a evolução de preços do ano passado.
«O corrente ano será muito benigno em termos de inflação, mas estamos preocupados com o efeito nos preços futuros que as injecções de liquidez feitas por bancos centrais e governos, já efectuadas ou planeadas, possam vir a ter», acrescenta.
No que se refere à taxa mensal, que subiu 0,8%, os dois economistas discordam. Teresa Gil Pinheiro esperava que a taxa de inflação tivesse saído um pouco acima do verificado, enquanto que, para Filipe Garcia, «o valor mensal da inflação em Março foi um pouco superior ao esperado, com o impacto sazonal das novas colecções de vestuário e calçado a mais do que compensar as descidas na alimentação».
No entanto, lembra o economista, «pode discutir-se se o padrão de consumo dos portugueses não se terá alterado ligeiramente, o que poderia fazer com que a subida no vestuário e calçado possa ter tido menos impacto no orçamento familiar do que é normal».
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