Lê-se no Público:
Na véspera do aniversário do 25 de Abril e ao longo do dia da revolução, a RTP2 presta uma espécie de tributo aos documentários feitos na liberdade do pós-25 de Abril e, ao mesmo tempo, apresenta um aperitivo de grandes proporções para um Maio de estreias documentais. Hoje é Dia D - de documentário - na RTP2, com uma maratona de 27 filmes que começa às 22h40 e vai até à entrada do Jornal 2 de amanhã. Não são filmes sobre Abril, são filmes enquadrados na liberdade pós-revolucionária e sobre Portugal.
Oito destes filmes produzidos entre 2005 e 2009 são estreias - começam com Visita Guiada (de Tiago Hespanha/Terratreme), a história de Portugal a partir das vozes dos guias turísticos que espelha o que os estrangeiros levam de nós e a forma como o país se apresenta a quem vem de fora.
A paragem seguinte é outra estreia, O Adeus à Brisa, de Possidónio Cachapa e sobre Urbano Tavares Rodrigues e uma vida entrecruzada com a história contemporânea portuguesa. Segue-se O Segredo, de Edgar Feldman, as memórias de António Dias Lourenço, comunista que aos 94 anos recorda a prisão no Forte de Peniche e a evasão. Noite dentro, Bruno Almeida faz um retrato da Homeostética 6=0, sobre o movimento artístico dos anos 80.
A iniciativa da RTP2, "inédita" e sem paralelo nos canais europeus de sinal aberto, segundo Jorge Wemans, director de programas do canal, é "uma homenagem aos realizadores e produtores nacionais de documentário" independente, mas também uma forma de mostrar filmes "que transportam um olhar sobre o país".
De bonecas a hortas urbanas, da Cova da Moura ao vinil, nesta maratona só se sai de Portugal para dar um pulinho a Angola - e mesmo ela está próxima. Há também, já amanhã e a encerrar a maratona, o inédito Escrever, Escrever, Viver, de Solveig Nordlund sobre António Lobo Antunes, a guitarra de Carlos Paredes em Movimentos Perpétuos ou Livros Viajantes (outra estreia), sobre as Bibliotecas Itinerantes.
E em pleno dia de cravos, o tributo a Zeca Afonso, Não Me Obriguem a Vir Para a Rua Gritar. De permeio, até o espaço infantil matinal Zig Zag é marcado por programação especial de "linguagem documental", como descreve o subdirector de programas Hugo Andrade.
Os 27 documentários chegaram à RTP2 por encomenda directa, pela aquisição de direitos ou pelas parcerias e concursos que o canal tem desenvolvido nos últimos anos. "É nossa convicção que o documentário é um género da maior relevância, com impacto nas nossas vidas e na saúde da nossa democracia", diz Wemans.
Em 2008, a RTP2 investiu mais de dois milhões de euros (custos directos) em documentários nacionais de produção independente, tendo dedicado a esta programação mais de 320 horas de emissão.
O investimento é o triplo do feito na aquisição de títulos estrangeiros, como os da BBC ou National Geographic, e representou "quase um terço de todos os recursos investidos pelo canal na aquisição de programas" de outros géneros, revelou a direcção de programas.
Em Maio, a estação reitera a sua aposta na identidade "RTP2, estação dos documentários" com mais dez filmes inéditos nas noites de sábado e domingo às 21h00, além dos novos episódios da série documental Grandes Livros, às sextas.
Aos sábados passam documentários que espelham modos de vida, alguns dos quais títulos da Valentim de Carvalho Filmes vencedores do duplo concurso aberto em 2008 pela RTP2 - como A Catedral (dia 2), de Graça Castanheira, ou Sobre 4 Rodas (dia 9), o tuning pelos olhos de Bruno Cabral.
Aos domingos, são os documentários da Midas Filmes, entre outros, que foram escolhidos pelo canal na outra tranche do concurso, relacionado com rostos da cultura portuguesa. O primeiro estreia-se em televisão, mas já passou em Fevereiro na mostra Panorama, em Lisboa - António Campos - Falamos de Campos, de Catarina Alves Costa.
Há também Bartolomeu Cid dos Santos - Por Terras Devastadas, de Jorge Silva Melo (dia 10) e fora do concurso de 2008 entram na liça Fátima de A a Z (dia 24), de Margarida Gil (Ambar Filmes), versando sobre a escritora Maria Velho da Costa e suas encarnações pela actriz Lia Gama. Tudo isto é Portugal, cultura e vida.
Para o futuro, alguns dos títulos da maratona vão voltar a ser exibidos na rentrée e os restantes documentários vindos do concurso de 2008 passam até ao final do ano. A decisão sobre novo concurso do género será tomada após o balanço da iniciativa, que a direcção de programas considera já positiva mas que ainda tem de passar o crivo do julgamento maior - o do público.
In Público
...serviço público...
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