No dia 29 de Abril de 1884 nascia Jaime Cortesão.
Da Infopédia:
De seu nome completo Jaime Zuzarte Cortesão, nasceu em 1884 perto de Cantanhede, mas muito jovem a sua família se transferiu para próximo de Coimbra, onde iniciou os estudos. A sua vida de estudante universitário foi uma sucessão de experiências depressa abandonadas (passou por Grego, Direito e Belas-Artes) antes de se fixar em Medicina, que terminaria em Lisboa com uma tese que espelha já a sua multiplicidade de interesses (A Arte e a Medicina - Antero de Quental e Sousa Martins). A medicina não era, porém, a sua paixão; exerceu-a sem grande entusiasmo, e cedo se entregou a outras actividades, nomeadamente ao ensino (nos liceus e mais tarde nas Universidades Populares criadas durante a República), à literatura e à política. As suas tendências literárias e o seu interesse pela política, que sempre andaram a par, vincariam toda a sua vida de adulto em Portugal e no estrangeiro. Escritor (poeta, dramaturgo, contista, memorialista), colaborou na concretização de diversas publicações que marcaram a vida intelectual do primeiro quartel do nosso século (A Águia, Renascença, Seara Nova). As suas actividades políticas, iniciadas ainda durante a Monarquia, revestiram-se de grande riqueza e diversidade: participou activamente na conspiração republicana que iria conduzir ao 5 de Outubro de 1910, nas movimentações políticas conducentes à queda da ditadura de Pimenta de Castro em 1915, e opôs-se tanto ao sidonismo como ao salazarismo, o que lhe valeu por diversas vezes a prisão e finalmente o exílio; convidado para Ministro da Instrução, não aceitou o convite, mas foi deputado e, apesar da imunidade que essa qualidade lhe dava, ofereceu-se como voluntário para as forças expedicionárias na Primeira Guerra Mundial, assim dando consistência à sua posição política favorável à participação de Portugal no conflito; filiado na Maçonaria, acabou por se desvincular daquela organização ao cabo de vários anos de participação irregular nas suas actividades. Opositor do fascismo, combateu-o mesmo antes do 28 de Maio, procurando, pela propaganda, evitar o seu acesso ao poder, sendo forçado a exilar-se após o golpe que instituiu a Ditadura Militar. O exílio levá-lo-ia a França e a Espanha, onde simultaneamente conspirava e efectuava as investigações históricas que já então constituíam o cerne das suas preocupações intelectuais. A queda da República Espanhola (1939) força-o a abandonar o país vizinho, fixando-se em França, de onde escapa novamente, desta vez regressando a Portugal, quando aquele país sofre a invasão nazi. Preso novamente, novamente se exila, desta vez para o Brasil, onde foi docente, jornalista e conferencista, destacando-se ainda como investigador da História de Portugal e da sua expansão e da História da formação do Brasil. No desenvolvimento desta fértil actividade intelectual, produz um vasto conjunto de obras inovadoras de grande fôlego, que lhe granjeiam reconhecimento internacional, tanto pelo rigor da investigação e pela clareza da exposição como pela solidez das teses defendidas. No fim da sua vida, visitou regularmente Portugal, tendo regressado definitivamente apenas em 1957. A sua avançada idade não lhe permitiu aceitar a proposta da Oposição ao Estado Novo de se candidatar à Presidência da República, em 1958, mas não o impediu de continuar a lutar contra o regime, tendo sido um dos autores de um Programa para a Democratização da República que só viria a público alguns meses depois do seu falecimento em 1960. Bibliografia: Eça de Queirós e a Questão Social, Lisboa, 1949; A Fundação de São Paulo, Capital Geográfica do Brasil, Rio de Janeiro, 1955; Brasil, Barcelona, 1956; História do Brasil nos Velhos Mapas, Rio de Janeiro, 1965; O Humanismo Universalista dos Portugueses: a Síntese Histórica e Literária, Lisboa, 1965; A Política de Sigilo nos Descobrimentos: nos Tempos do Infante D. Henrique e de D. João II, Lisboa, 1960; Os Factores Democráticos na Formação da Nacionalidade, Lisboa, 1964; Expansão dos Portugueses no Período Henriquino, Lisboa, 1965; Os Descobrimentos Pré-Colombinos dos Portugueses, Lisboa, 1966; O Ultramar Português Depois da Restauração, Lisboa, 1971; História dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, 197-; Os Descobrimentos Portugueses, 3 vols., Lisboa, 1980; A Expansão dos Portugueses na História da Civilização, Lisboa, 1983; Teoria Geral dos Descobrimentos Portugueses e Outros Ensaios, Lisboa, 1984; Portugal, a Terra e o Homem, Lisboa, 1987; História da Expansão Portuguesa, Lisboa, 1993; A Expedição de Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil, Lisboa, 1994; Memórias da Grande Guerra: 1916-1919, Porto, 1919; Treze Cartas de Cativeiro e Exílio, Lisboa, 1987; Egas Moniz, Porto, 1918; O Infante de Sagres, drama épico, Porto, 1916; Adão e Eva, Lisboa, 1921; Divina Voluptuosidade, Poemas em Redondilhas, Lisboa, 1910; A Morte da Águia, Lisboa, 1910; Esta História é para os Anjos, Porto, 1912; Glória Humilde, Porto, 1914; A Sinfonia da Tarde, Porto, 1912; Daquem e Dalem Morte, Porto, 1913; Missa da Meia-Noite e Outros Poemas, Lisboa, 1940; Parábola Francisca, Lisboa, 1953; Poesias Escolhidas, Lisboa, 1960; Divina Voluptuosidade: Missa da Meia-Noite e Outros Poemas, Lisboa, 1968; Poesias, Lisboa, 1967-68; Romance das Ilhas Encantadas, Lisboa, 1979
Jaime Cortesão. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-04-29]
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