terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pulverização com cheiro a alfazema (mosquito)

Começou ontem a pulverização dos aviões que partem da Madeira, para evitar a propagação do mosquito 'Aedes aegypti'.

Lê-se na edição electrónica do Diário de Notícias da Madeira:

Após cerca de três anos consecutivos a tentar minimizar os efeitos do mosquito 'aedes aegypti' em terra, numa luta inglória com o insecto a levar a melhor, eis que agora a prevenção se faz no ar e no mar com a desinsectização (termo da Direcção-Geral de Saúde) dos aviões e dos navios. Objectivo: prevenir o risco de exportação do mosquito a partir desta Região.

O 'combate' à exportação do mosquito faz-se com o uso de um spray ('d-fenotrina') no cockpit e na cabina, pulverizado para o tecto e chão, após o encerramento das portas. Idêntico procedimento se repete no porão, imediatamente antes do seu encerramento, em todas as direcções.

Os passageiros até concordam com as medidas de prevenção, mas ao DIÁRIO revelaram desconhecimento. A escassas horas de embarcar, não foram informados dos novos procedimentos anti-mosquito.

A Direcção-Geral da Saúde definiu as medidas de prevenção e as entidades que tutelam o tráfego aéreo e marítimo retransmitiram-nas para os operadores no mesmo dia. Neste momento, companhias de aviação e operadores portuários dizem já estar a cumprir as normas emanadas da Direcção-Geral de Saúde.

Segunda-feira é dia de tráfego aéreo intenso no Aeroporto Internacional da Madeira. Mon Noi Chico Lopes, uma chinesa casada com um português, faz o 'check in' para o voo da TAP1626, 14h15, rumo a Lisboa, onde reside. Ter minaram as "boas" férias na Madeira e é a vez do regresso ao Continente. Abordada pelo DIÁRIO, confessa que não foi picada pelo mosquito, embora já dele tivesse ouvido falar em Lisboa. Não é um problema que a atemorize. Viveu em Moçambique e Macau e está habituada a lidar com tais insectos, normalmente com recurso a repelentes. O que não sabia era que iria viajar num voo cuja tripulação está obrigada a tomar medidas de desinsectização. A tripulação dos voos que saem da Região Autónoma da Madeira rumo ao espaço continental e Açores está obrigada a usar um spray ('d-fenotrina') na cabina e cockpit para evitar a migração do 'aedes aegypti'. Apesar de não ser formalmente informada da medida de prevenção, antes de entrar a bordo, Mon Noi Chico Lopes concorda "em nome da segurança pública." Outros passageiros que pretendiam viajar até Lisboa, levavam uma impressão muito positiva da Madeira. Não chegaram a ser picados pelo mosquito e apontam como factor principal de surpresa, pela negativa, o mau tempo que se fez sentir numa terra que 'vende' o sol o ano inteiro. De uma forma geral, aprovam as medidas de prevenção, desde que o químico usado não tenha efeitos na saúde pública, como sublinha o belga Decelinynck Philip, funcionário da comissão europeia, que veio de férias à Madeira.

Duarte Ferreira, presidente da comissão directiva dos Aeroportos da Madeira, remete para o site na Net da Direcção-Geral de Saúde, onde se explicam os procedimentos de prevenção das aeronaves. Por razões óbvias, não foi dada autorização ao DIÁRIO para registar esse momento de prevenção. Mas as companhias que operam da RAM para o espaço nacional e Açores (TAP, EasyJet, SATA e Portway) já foram informadas das novas medidas, que se aplicam apenas à saída dos voos. Ao mesmo procedimento estão obrigadas as companhias que partam de zonas endémicas com fenómenos de dengue, como é o caso do Brasil, Venezuela e outros.

O insecticida usado também não cria transtornos aos passageiros, assegura Duarte Ferreira, ficando apenas no ar um odor a alfazema que ninguém leva a mal.

O spray usado a bordo das aeronaves faz parte da 'd-fenotrina' e é utilizado na concentração de 0.3% e na proporção de 100ml de produto por 250m3 de área a tratar. Após a pulverização, fica o cheiro a alfazema.

Navios sem água doce

A Direcção-Geral da Saúde definiu também medidas para evitar a exportação do 'aedes aegypti' por via marítima. Tudo se resume a eliminar pequenas quantidades de água doce a bordo que poderão servir de 'viveiro' do mosquito. Ao contrário dos aviões, os passageiros não têm que inalar qualquer odor, resultante da pulverização anti-mosquito.

Os navios que saiam do porto do Funchal rumo ao espaço nacional estão obrigados a mudar os procedimentos. Não são grandes mudanças e, por isso, os operadores portuários, recentemente informados pela tutela, dizem já estar a cumprir as orientações de quem percebe de saúde pública.

De uma forma genérica, a DGS considera que a actuação em termos de embarcações deve visar a eliminação de todos os reservatórios com quantidades de água doce (vide destaque na página).

Conceição Estudante, que tutela também os Transportes, recebeu as orientações do Instituto Portuário e do Transporte Marítimo e disse ao DIÁRIO já ter dado conhecimento aos operadores portuários. Na manhã de ontem, o movimento portuário era grande. Navios de cruzeiro e o ferry 'Armas' povoavam o cada vez mais exíguo - para as solicitações - porto do Funchal. Os passageiros entravavam e saiam dos transatlânticos sem sequer saber que a Madeira procura combater o mosquito 'aedes aegypti'. Já o 'Volcan de Tijarafe', vindo de Portimão e a preparar a saída, mais tarde, para Canárias, merecia outros cuidados da Alfândega e de outras autoridades à civil. Da parte desta companhia, 'Naviera Armas', Manuel Vidal esclarece que o objectivo é "cumprir com todos os regulamentos definidos pelas autoridades portuguesas".

O presidente do conselho de administração da 'Porto Santo Line' e da 'Empresa de Navegação Madeirense' também já foi formalmente informado das medidas de precaução ditadas pela Saúde e já está a actuar nesse sentido, isto é, a eliminar pequenas reservas de água doce que possam alimentar as larvas. Uma situação que exige mais atenção ao nível dos navios de carga e não tanto com o 'Lobo Marinho', ressalva Luís Miguel de Sousa. Quando interrogado sobre o facto de a pulverização com spray no interior dos navios não estar prevista, também como forma de controlo dos passageiros, Luís Miguel de Sousa comenta: "A nós, operadores, não nos compete avaliar da eficácia e abrangência das medidas, mas aplicá-las porque foram tomadas por entidades competentes na matéria. É preciso, no entanto, salvaguardar que não se está perante um problema endémico, mas apenas de medidas de precaução".

O director-geral de Saúde, Francisco George, lembra que "as medidas de prevenção foram definidas por grandes especialistas na matéria" e considerou-se que "em termos de navios, havia que eliminar as reservas de água doce, favoráveis ao desenvolvimentos dos ovos." De resto, lembrou, as aeronaves têm um trajecto normalmente mais curto do que as embarcações, não se justificando a pulverização com spray nos barcos.

Regras portuárias

Adopção de medidas que impeçam a acumulação de pequenas quantidades de água doce (por exemplo bidões, latas e garrafas, pratos e vasos de plantas, poças de água, baldes, etc.) com o objectivo de eliminar os criadouros de larvas a bordo dos navios.

A implementação destas medidas será assegurada através do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos.

A definição de uma estratégia de avaliação do cumprimento das medidas preconizadas será feita na Região Autónoma da Madeira, entre as autoridades de saúde e as autoridades portuárias.

In Diário de Notícias da Madeira

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