sábado, 17 de abril de 2010

Sábado, última hora IV (Lisboa escapa por pouco ao fim da tabela nos transportes)


A notícia que hoje comento na rubrica Sábado, última hora foi publicada no site do Público no dia 16 de Abril (Luís Filipe Sebastião).

Sob o título "Lisboa escapa por pouco ao fim da tabela nos transportes", a notícia refere seguinte:

Munique pode continuar a orgulhar-se das suas cervejarias, pois quem abusar desta bebida tem ao seu dispor o melhor sistema de transportes públicos europeu. A conclusão é de um recente estudo do EuroTest, organismo da Federação Internacional do Automóvel (FIA), que distinguiu a cidade alemã entre 23 grandes centros urbanos. Lisboa ficou em 18.º lugar, à frente de Madrid e Londres.


"Nada mau, mas pode melhorar", foi o veredicto do estudo realizado pelo EuroTest ao transporte público em diversas cidades europeias. Este organismo, de que faz parte o Automóvel Clube de Portugal (ACP), testou entre Outubro e Dezembro de 2009 os tempos de viagem, as ligações, a informação e os bilhetes e tarifas dos comboios, metropolitano, autocarros e eléctricos. A cidade de Munique alcançou o primeiro lugar, com uma apreciação de "muito bom", seguida de outras 11 com a classificação de "bom", nove ficaram-se pelo "aceitável" - entre as quais Lisboa -, uma teve o carimbo de "mau" e, em último, Zagreb com um "muito mau".

"Ficava admirada se Lisboa tivesse ficado muito bem cotada", comentou, com base na sua experiência pessoal, Patrícia Pereira, do ACP, explicando que o EuroTest trabalhou directamente os operadores (CP, Metropolitano de Lisboa e Carris) para recolher elementos para o estudo. Para Fernando Nunes da Silva, vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, estudos destes "são sempre úteis, mas importa perceber os critérios em que se basearam". O autarca reconhece que é preciso maior intervenção municipal para melhorar a mobilidade urbana, mas salienta o investimento dos operadores para atrair mais utentes.

Lisboa é apontada como uma das cidades que não possuem um site comum com os diferentes operadores - o Transporlis (transporlis.sapo.pt), por exemplo, é desconhecido até dos portugueses. Ainda assim, a capital lisboeta ficou à frente de Madrid (19) e de Londres (20), cujo site informativo, com indicações em 16 idiomas, deve servir de modelo.

Munique, por sua vez, convenceu o EuroTest pelas ligações rápidas e informação detalhada nas estações e veículos, apesar das tarifas menos favoráveis. Já a capital croata peca pelas deficientes ligações na cidade, apenas servida a partir do aeroporto por autocarros, e as viagens de eléctrico à velocidade média de 13 quilómetros por hora.

"Transportes eficientes com boas interligações são essenciais para persuadir as pessoas a deixarem os carros em casa", salientou Wil Botman, director do gabinete europeu da FIA.


Tal como comentou Patrícia Pereira do ACP, também a mim esta notícia não surpreende em nada.

Como já por várias vezes referi aqui no Outras Escritas, sou um adepto do transporte público, mas com parâmetros de qualidade e comodidade mínimos.

Mas, falemos primeiro em mentalidades. A mentalidade portuguesa no que a este assunto diz respeito, continua a ser das mais "tacanhas" da Europa (não somos, no entanto os únicos). Somos um país pobre, sempre na cauda, mas o número de viaturas particulares é elevado. Até ficamos à frente no que respeita a congestionamentos de tráfego (o IC 19 é a estrada mais congestionada da Europa). Não gostamos, por norma, de utilizar o transporte público e preferimos, estupidamente, ficar horas dentro do automóvel em filas intermináveis.
Isto faz com que as nossas cidades se encontrem cheias de trânsito e que o sistema de transportes públicos não funcione nas melhores condições. Costumo referir que o transporte publico entrou em Portugal num ciclo vicioso do qual não consegue sair. A oferta não tem qualidade ou eficiência, logo muita gente opta pela viatura própria, por outro lado esta opção faz com que o número do utentes do transporte público seja baixo, o que não dá espaço de manobra às empresas transportadoras para melhorar a qualidade e a eficiência.

A notícia do Público fala apenas da cidade de Lisboa, uma vez que foi a única que entrou no estudo, no entanto, penso que os resultados se podem aplicar a todo o país.

Em Lisboa é a falta de integração entre as diversas empresas de transporte público é, em alguns aspectos, escandalosa. Há bilhetes para os autocarros, bilhetes diferentes para o Metro e para os combois. Recentemente fiquei espantado quando verifiquei que um bilhete recarregável de metro é exactamente igual ao do comboio, apenas varia a forma do quatro cantos (arredondados para o metro e rectos para o comboio).
Tenho verificado no entanto que em Lisboa tem havido melhorias significativas ao nível da integração, com a entrada em funcionamento de várias estações multi-modais, que permitem de uma forma cómoda e rápida, fazer a interligação entre os vários meios de transporte.
Refiro também que conheço muitas cidades europeias e que considero o Metro de Lisboa um dos mais bem conseguidos a nível estético!

No Funchal, cidade onde vivo, o único meio de transporte público disponível é o autocarro. Para elucidar um pouco a qualidade de serviço da companhia de autocarros do Funchal, Horários do Funchal, deixo aqui o conteúdo de um correio electrónico que enviei como reclamação no dia 28 de Fevereiro e para o qual não recebi nenhuma resposta:

Exmos senhores

Em primeiro lugar gostaria de vos dar os parabéns pela forma como a vossa empresa respondeu em termos de serviço aquando da recente tragédia que se abateu sobre a cidade. A forma rápida como foram reintroduzindo o serviço, logo após o dia 20 foi notável.
Infelizmente, o conteúdo deste e-mail tem a ver com uma reclamação aos vossos serviços.
Devo dizer que não uso o transporte público no dia a dia. Não porque faça questão de utilizar viatura própria, mas devido ao facto das vossas carreiras terem praticamente todas um percurso radial e assim sendo, o percurso que faço de carro em cerca de 5 minutos seria significativamente aumentado, uma vez que teria que tomar dois autocarros.
No passado dia 27 de Fevereiro (Sábado) optei pela utilização do autocarro para fazer o percurso desde a minha residência até ao centro da cidade (provisoriamente na Rotunda do Infante).
Cheguei à paragem pelas 10.15, após verificar no horário da carreia 9 que partia um autocarro de Courelas as 10.00. Acontece que esse autocarro já tinha passado e por consulta aos horários disponíveis na paragem, a minha opção seria tomar o 16 A que saía de Papagaio Verde às 10.35 ou o 9 de Courelas as 10.55.
Conclusão: por consulta dos vossos horários não consigo prever qual é o tempo de espera, uma vez que não faço a mínima ideia de quanto tempo demora a chegar à paragem em questão um autocarro que sai de Courelas ou de Papagaio Verde.
Esperei 20 minutos e desisti. Fui para o centro da cidade em viatura própria.
Pelo que consigo analisar da informação disponível nos horários expostos nas paragens, não há qualquer articulação entre os horários das carreiras que passam neste percurso. Chega a haver períodos de quase uma hora em que não há qualquer autocarro e seguidamente passam dois autocarros separados de 10 minutos.
A informação que considero importante é o tempo de espera e não a hora a que o autocarro da carreira X sai do lugar Y pelo que seria bem mais útil que nas paragens estivessem os tempos máximos de espera nos vários períodos diários à semelhança do que acontece em grande parte das cidades Europeias.
Antes de terminar, gostaria ainda de assinalar que a forma como a maioria dos vossos motoristas conduz não é nada confortável a meu ver, devido a uma velocidade excessiva e variações bruscas de direcção.

Melhores cumprimentos
Alberto Velez Grilo


E você Reflexos? Usa o transporte público?

3 comentários:

  1. O unico meio de transporte publico "colectivo" existente no Funchal... queres tu dizer.
    Um abraço
    Menino

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  2. Pois eu não ando de Transporte publico, mais sei quem anda e também dissem o mesmo em relação a forma que conduzem na estrada, pois mais temos que dar um desconto porque a maior parte deles vem das obras.

    E só mais um carga de terra ou de pedras pois elas não dissem nada...

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  3. Menino, fica o reparo. Referia-me obviamente a meios de transporte colectivos.

    Paulo, penso que os motoristas dos HF têm formação na empresa. De qualquer forma fica também o teu reparo.

    Abraços

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