quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Jose Régio

A 17 de Setembro de 1901 nascia em Vila do Conte o escritor José Régio.

Da Infopédia:

Poeta, autor dramático e ficcionista, de seu nome verdadeiro José Maria dos Reis Pereira, nasceu em 1901, em Vila do Conde, onde faleceu em 1969. Formou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Coimbra, com uma tese de licenciatura subordinada ao título As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa, na qual ousa apresentar como nome cimeiro da poesia contemporânea Fernando Pessoa, autor que não possuía ainda nenhuma edição em livro. É em Coimbra que colabora com as publicações Bysancio e Tríptico, convivendo com o grupo de escritores que virão a reunir-se em torno da criação da revista Presença. No primeiro número da revista, fundada com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, publicará o texto "Literatura Viva", que pode ser entendido como manifesto programático do grupo, defendendo que "Em arte, é vivo tudo o que é original. É original tudo o que provém da parte mais virgem, mais verdadeira e mais íntima duma personalidade artística", pelo que, "A primeira condição duma obra viva é pois ter uma personalidade e obedecer-lhe". Definindo "literatura viva" como "aquela em que o artista insuflou a sua própria vida, e que por isso mesmo passa a viver de vida própria.", aí reclama, para a obra artística, o carácter de "documento humano" e os critérios de originalidade e sinceridade.
As linhas mestras da sua poética surgem claramente logo no seu primeiro livro de poesia (Poemas de Deus e do Diabo, 1925), no qual o culto da originalidade, entendida como autenticidade expressiva, se processa tematicamente entre os pólos do Bem e do Mal, do espírito e da carne, e, enfim, do divino e do humano. Neste contexto, os neo-realistas criticaram o psicologismo da sua poesia, que consideravam excessivamente voltada "para o umbigo".
Como autor dramático, José Régio coligiu, em 1940, no Primeiro Volume de Teatro, textos dramáticos (Três Máscaras, Jacob e o Anjo) publicados dispersamente desde os anos trinta, a que se seguiriam o drama realista Benilde ou a Virgem-Mãe (1947), uma peça que veio a ser adaptada ao cinema por Manoel de Oliveira, El-Rei Sebastião (1949), A Salvação do Mundo (1954), O Meu Caso ou Mário ou Eu-Próprio - O Outro (1957), peças que, em larga medida, estabelecem uma continuidade entre temas, problemáticas religiosas, humanas e metafísicas já abordadas na obra poética, transferindo o que esta possuía de forma latente em tensão dramática, patético e exibição emotiva para o registo teatral. É de destacar também O Jogo da Cabra Cega (1934), um romance marcado pelo recurso à técnica do monólogo interior. Postumamente foram editadas as memórias Confissão de um Homem Religioso. Comparecendo ainda em publicações como Portucale, Cadernos de Poesia ou Távola Redonda, José Régio organizou vários florilégios de poetas diversos, redigiu estudos prefaciais para poetas da geração da Presença e preparou a primeira série das Líricas Portuguesas.

Bibliografia: Poemas de Deus e do Diabo, s/l, 1925; Biografia, 1929; Encruzilhadas de Deus, s/l, 1935; Fado, Coimbra, 1941; Mas Deus é Grande, Lisboa, 1945; A Chaga do Lado, Lisboa, 1954; Filho do Homem, Lisboa, 1961; Cântico Suspenso, Porto, 1968; Música Ligeira, volume póstumo, Lisboa, 1970; Colheita da Tarde, 1971; 16 Poemas, Póvoa de Varzim, 1971; Jacob e o Anjo, Três Máscaras in Primeiro Volume de Teatro, Porto, 1940; Benilde ou a Virgem-Mãe, Porto, 1947; El-Rei Sebastião, Porto, 1949; A Salvação do Mundo, Lisboa, 1954; Três peças em um Acto, Lisboa, 1957; Sonho de uma Véspera de Exame, fantasia em um acto, Vila do Conde, 1989; O Jogo da Cabra Cega, Coimbra, 1934; Davam Grandes Passeios aos Domingos..., Lisboa, 1941; O Príncipe com Orelhas de Burro, Lisboa, 1942; Histórias de Mulheres, Porto, 1946; As Raízes do Futuro, romance, Porto, 1947; Há Mais Mundos, Lisboa, 1962; A Velha Casa: uma gota de sangue, Lisboa, 1945; A Velha Casa e os Avisos do Destino, Vila do Conde, 1953; As Monstruosidades Vulgares, romance, Lisboa, 1960; Há Mais Mundos, contos, Lisboa, 1963; Vidas São Vidas, romance, Lisboa, 1966; O Vestido Cor-de-Fogo e Outras Histórias, Lisboa, 1971; Correspondência: 1933-1958, Portalegre, 1994; As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa, s/l, 1925; António Botto e o Amor, Porto, 1938; Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa, Lisboa, 1941; Em Torno da Expressão Artística, Lisboa, 1941; Ensaios de Interpretação Crítica, Porto, 1964; Três Ensaios sobre Arte, Lisboa, 1967; Confissões de Um Homem Religioso, Porto, 1971; Páginas de Crítica e Crítica da "Presença", Porto, 1977; Páginas do Diário Íntimo, 1984; Crónica e Ensaio, I e II, 1994; Crítica e Ensaios, I e II, 1994; Correspondência, 1994

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