sábado, 13 de setembro de 2008

Alexandre Herculano

No dia 13 de Setembro do ano de 1877, morre o escritor português Alexandre Herculano.

Da Infopédia:

Poeta, romancista, historiador e ensaísta português, Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu a 28 de Março de 1810, em Lisboa, e morreu a 18 de Setembro de 1877, em Santarém.
A sua obra, em toda a extensão e diversidade, ostenta uma profunda coerência, obedecendo a um programa romântico-liberal que norteou não apenas o seu trabalho mas também a sua vida.
Nascido numa família modesta, estudou Humanidades na Congregação do Oratório, onde se iniciou também na leitura meditada da Bíblia, o que viria a marcar a sua mundividência. Impedido por dificuldades económicas e familiares de frequentar a Universidade, preparou-se para ingressar no funcionalismo, frequentando um curso prático de Comércio e estudando Diplomática na Torre do Tombo, onde aprendeu os rudimentos da investigação histórica. Por esta altura, com 18 anos, já se manifestava a sua vocação literária: aprendeu o francês e o alemão, fez leituras de românticos estrangeiros e iniciou-se nas tertúlias literárias da marquesa de Alorna, que viria a reconhecer como uma das suas mentoras. Em 1831, envolvido numa conspiração contra o regime miguelista, foi obrigado a exilar-se, primeiro em Inglaterra (Plymouth) e depois em França (Rennes).
No exílio, aperfeiçoou o estudo da história, familiarizando-se com as obras de historiadores como Thierry e Thiers, e leu os que viriam a ser os seus modelos literários: Chateaubriand, Lamennais, Klopstock e Walter Scott. Em 1832, participou no desembarque das tropas liberais em Mindelo e na defesa do Porto, onde foi nomeado segundo-bibliotecário e encarregue de organizar os arquivos da biblioteca. Entre 1834 e 1835, publicou importantes artigos de teorização literária na revista Repositório Literário, do Porto, (posteriormente compilados nos Opúsculos). Em 1836, por discordâncias com o governo setembrista, demitiu-se do seu cargo de bibliotecário e publicou o folheto A Voz do Profeta. Em Lisboa, dirigiu a mais importante revista literária do Romantismo português, O Panorama, para que contribuiria com diversos artigos, narrativas e traduções, nem sempre assinados. Em 1839, aceitou o convite de D. Fernando para dirigir as bibliotecas reais da Ajuda e das Necessidades, prosseguindo os seus trabalhos de investigação histórica, que viriam a concretizar-se nos quatro volumes da História de Portugal, publicados no decurso das duas décadas seguintes. Foi precisamente por essa altura que se envolveu numa polémica com o clero, ao questionar o milagre de Ourique, polémica que daria origem aos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba. Eleito deputado pelo Partido Cartista em 1840, demitiu-se no ano seguinte, desiludido com a actividade parlamentar.
Voltou à política em 1851, fundou o jornal O País, mas logo se desiludiu com a Regeneração, manifestando o seu desagrado pela concepção meramente material de progresso de Fontes Pereira de Melo. Em 1853, fundou o jornal O Português, e dois anos depois foi nomeado vice-presidente da Academia Real das Ciências e incumbido pelos seus consórcios da recolha dos documentos históricos anteriores ao século XV - tarefa que viria a traduzir-se na publicação dos Portugaliae Monumenta Historica, iniciada em 1856. Neste mesmo ano tornou-se um dos fundadores do partido progressista histórico e em 1857 atacou a Concordata com a Santa Sé. Em 1858, recusou a cátedra de História no Curso Superior de Letras. Entre 1860 e 1865, envolveu-se em nova polémica com o clero, quando, ao participar na redacção do primeiro Código Civil Português, defendeu o casamento civil. Em 1865, fruto das suas reflexões, saíram os Estudos sobre o Casamento Civil. Em 1867, desgostoso com a morte precoce de D. Pedro V, rei em quem depositava muitas esperanças, e desiludido com a vida pública, retirou-se para a sua quinta em Vale de Lobos (comprada com o produto da venda das suas obras), onde se dedicaria quase exclusivamente à vida rural, casando com D. Maria Hermínia Meira, sua namorada da juventude.
Apesar deste novo e voluntário exílio, continuou a trabalhar nos Portugaliae Monumenta Historica, interveio em 1871 contra o encerramento das Conferências do Casino, orientou em 1872 a publicação do primeiro volume dos Opúsculos e manteve correspondência com várias figuras da vida política e literária. Morreu de pneumonia aos 67 anos, originando manifestações nacionais de luto.

Bibliografia: Da imensa bibliografia de Alexandre Herculano salientam-se A Voz do Profeta, 1836 (poesias); A Harpa do Crente, 1838 (poesias); Eurico, o Presbítero, 1844 (romance); História de Portugal, 4 vols., 1846, 1847, 1850, 1853 (historiografia); O Monge de Cister, 1848 (romance); Poesias, 1850 (poesias); Lendas e Narrativas, 1851 (novelas); História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, 3 vols., 1854, 1855, 1859 (historiografia); Estudos sobre o Casamento Civil, 1866 (ensaios); O Bobo, 1878 (romance), Opúsculos, 2 vols., 1873, 1876 (compilação de textos)

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