quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Faz anos hoje - José Rodrigues Miguéis

No dia 9 de Dezembro de 1901 nasceu José Rodrigues Miguéis.

Da Infopédia:

Romancista, novelista, contista, dramaturgo, desenhador, cronista, licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, em 1924, e, como bolseiro da Junta de Educação Nacional, obteve uma pós-graduação em Ciências Pedagógicas, na Universidade de Bruxelas, em 1933. Ligado ao grupo literário da
Seara Nova , colaborou em periódicos como Alma Nova, O Diabo e Revista de Portugal , e dirigiu, com Bento de Jesus Caraça, o semanário Globo , apreendido em 1932. Professor do ensino secundário e secretário da Liga Propulsora da Instrução, distinguiu-se pelos seus dons de orador, pedagogo, ideólogo. Em 1930, rompeu com a Seara Nova , depois da publicação de artigos onde defendia que os intelectuais têm o dever de passar das afirmações doutrinais à acção, cabendo-lhes, numa perspectiva marxista, um papel de condução e de comunhão com as massas populares organizadas, até ser atingido, por todos os meios, o fim da renovação nacional. Em 1932, publicou a sua obra de estreia, Páscoa Feliz , à qual foi atribuído o Prémio Casa da Imprensa, nitidamente impregnada pela grande admiração que nutria por Raul Brandão, nesses anos de definição literária e ideológica. Impedido de leccionar e de publicar em jornais portugueses, progressivamente coarctado nas suas possibilidades de actuação, à medida que a ditadura instituída em 1926 afinava os seus instrumentos de repressão, expatriou-se nos Estados Unidos, não deixando contudo de colaborar com a imprensa portuguesa e espanhola e de revisitar Portugal. Nos Estados Unidos, foi editor assistente das Selecções do Reader's Digest, tradutor e professor universitário. Nomeado membro efectivo da Hispanic Society of America, correspondente da Academia de Ciências de Lisboa, e agraciado, em 1979, com a Ordem Militar de Santiago de Espada, no grau de Grande Oficial. Na Bélgica, nos Estados Unidos, no Brasil, cenários do itinerário pessoal, a experiência do exílio impõe-se como uma das marcas da ficção de José Rodrigues Miguéis, ressentida, para Eduardo Lourenço (cf. O Canto do Signo , 1994), desse estatuto permanente de "estranho e estrangeiro" que atravessa temáticas, perspectiva do narrador e personagens. Alheia às etiquetas literárias que desde as suas primeiras publicações pretenderam rotulá-lo de "russo ou queirosiano, romântico ou realista", a escrita de José Rodrigues Miguéis parte da preocupação com uma função pedagógica da literatura, da necessidade de compreender a relação entre o indivíduo e a sociedade, não coincidindo, porém, com a estética neo-realista portuguesa, entre outros aspectos por um ponto de vista subjectivo sobre o universo social. A opção por um realismo que recusa simultaneamente o modelo queirosiano ("A frieza caricatural de Eça repelia-me", "Nota do Autor" à 2.ª edição de Páscoa Feliz , 1958, p. 155) e um neo-realismo "dos que se metem pelos olhos dentro" (Ibi, p. 151), por um realismo que não se confunde com a especificidade do realismo social brasileiro e norte-americano, por um realismo simultaneamente pessoal e consciente da sua responsabilidade ética e social, conferem ao escritor um espaço único na ficção realista contemporânea. Traduziu em língua portuguesa Erskine Caldwell, F. Scott Fitzgerald, Carson MacCullers, Stendhal. Parte da sua obra encontra-se traduzida em inglês, italiano, alemão, polaco, checo e russo. Bibliografia: Páscoa Feliz, Lisboa, 1932; Onde a Noite se Acaba, Rio de Janeiro, 1946; Saudades para Dona Genciana, Lisboa, 1956; O Natal do clandestino, Lisboa, 1957; Léah e Outras Histórias, Lisboa, 1958; Uma Aventura Inquietante, Lisboa, 1958; Um Homem Sorri à Morte - Com Meia Cara, Lisboa, 1959; A Escola do Paraíso, Lisboa, 1960; Gente de Terceira Classe, Lisboa, 1962; É Proibido Apontar. Reflexões de um Burguês - I, Lisboa, 1964; Histórias de Natal, Lisboa, 1970; Nikalai! Nikalai, seguido de A Múmia, Lisboa, 1971; O Espelho Poliédrico, Lisboa, 1972; Comércio com o Inimigo, Porto, 1973; As Harmonias do "Canelão". Reflexões de um Burguês - II, Lisboa, 1974; O Milagre Segundo Salomé, 2 vols., vol. I, Lisboa, 1974, vol. II, Lisboa, 1975; O Pão não Cai do Céu, Lisboa, 1981; Pass(ç)os Confusos, Lisboa, 1982; Uma Flor na Campa de Raul Proença, Lisboa, 1985; Idealista no Mundo Real, Lisboa, 1986; Aforismos e Desaforismos de Aparício, Lisboa, 1996; Arroz do Céu, Lisboa, 1994; O Passageiro do Expresso, Lisboa, 1960

José Rodrigues Miguéis. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-12-09]

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