terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fernando Pessoa

Morreu há setenta e cinco anos.

Horizonte

O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa

1 comentário:

  1. Maravilhoso poema da obra Mensagem, que pertence ao Quinto Império.

    Muitos não gostam dos seus poemas mas na verdade, Fernando Pessoa faz-nos reflectir com a sua Poesia para o futuro, que parece estar morto, mas no entanto, alerta-nos para um Passado Glorioso, porque ainda acredita que somos capazes de irmos mais além do nosso comodismo.

    Como sabemos não conseguimos ver o que está depois do horizonte, tal como a nau que sai do porto sem rumo, no Presente encontramos-nos na mesma situação, mas com uma grande diferença, no passado tivemos homens com coragem e com espírito aventureiro com o desejo de ir mais além e de conquistar terras, levar a nossa cultura e a Fé crista. E nos dias de hoje, o que vemos ou o que temos? É por isso que num outro poema de Fernando Pessoa na mesma obra encontramos o poema Nevoeiro, a qual, o sujeito Poético, faz-nos outro convite, "É Hora"!

    Agradeço, por fazer neste seu blog alusão ao Grande Poeta Português do Século XX.

    Um Grande Abraço para si e tudo de bom.

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