Edita Gruberova, uma das cantoras que mais aprecio, apresentou-se em Hamburgo numa série de récitas de ópera La Traviata de Verdi (pelo que se noticia, será a última vez que a cantora se apresentará como Violetta)
No blogue Fanáticos da Ópera, um dos autores, publicou um artigo onde faz a sua apreciação de uma das récitas a que assistiu. Após a publicação do artigo, seguiu-se uma discussão nos comentários, na qual alguns dos leitores do blogue sugerem que Gruberova, uma senhora com 64 anos, não deviria interpretar Violetta, uma menina na casa dos vinte.
Discordo! Totalmente... Para mim, a ópera é muitas coisas, mas a mais importante é a voz. Se Gruberova tem voz para interpretar Violetta e se se sente bem a fazê-lo, então não deve retirar este papel do seu repertório. Aliás a comprová-lo está o facto de os espectáculos de Hamburgo terem todos esgotado.
Para além da voz, Gruberova é também uma excelente actriz e demonstra muita jovialidade em palco o que é mais um ponto a seu favor.
Para os mais cépticos, haverá dentro de algum tempo uma solução perfeita. Nos teatros de Londres os actores estão a começar a usar máscaras de silicone, que substituem a maquilhagem. Está será uma solução perfeita para transformar a cara de um cantor mais "velhote" de forma a que pareça bem mais novo. Assim, os que apreciam essencialmente a estética, ficarão satisfeitos.
Numa solução ainda mais drástica, poderemos partir para o "play-back"! Colocam-se uns modelos em palco a abrir e fechar a boca enquanto se ouvem os cantores nos microfones (isto é brincadeira, não me levem a sério) (risos).
Voltando à Traviata, aqui fica um vídeo com uma gravação áudio de uma das récitas em Hamburgo. Gruberova está muito bem vocalmente, apenas me parece um pouco cansada no final. O mi bemol não é dos melhores, no entanto, a cantora faz uma interpretação bem melhor que muitas jovens suas colegas.
Caro Alberto,
ResponderEliminarObrigado pela referência ao blogue e, sobretudo, pela sua participação na discussão. Confesso que ansiava pela sua presença, dado que previa a sua posição. E ela surgiu a tempo. A certo ponto a discussão tornou-se muito acalorada, o que foi inédito e inesperado para mim, mas não deixou de ser interessante acompanhar como nos debatemos tão intensamente pelas nossas convicções, pelo menos no que à Ópera respeita.
Muito obrigado e cumprimentos
Caro FanaticoUm
ResponderEliminarNão tem que agradecer os meus comentários. Confesso que não gosto absolutamente nada que um cantor seja criticado negativamente pela sua idade ou pela sua estrutura física. Claro que, no caso em questão, uma Violetta jovem, bonita e magra é mais agradável "aos olhos". No entanto eu prefiro uma Violetta gorda e velha, mas com uma boa voz. Gruberova nem é gorda, mexe-se muito bem e tem grandes capacidades cénicas, e tem um figura bastante agradável, por isso é uma injustiça e um grande mau-gosto chamá-la de "Avó Violetta".
Se bem que a grande Sutherland nas suas últimas interpretações de La Fille do Regiment, costumava disser em tom de comédia que já era a "Mão do Regimento". O que é certo é que o público vibrou com as récitas.
Basicamente, não concordo que não se respeitem cantores como Gruberova. Pode-se gostar ou não. Mas deve-se-lhe reconhecer o valor.
Caro Alberto,
ResponderEliminarEstou totalmente de acordo consigo, aliás assim o escrevi. Tive cuidado em não ser excessivamente duro nos comentários porque tinha a preocupação de manter um nível de correcção aceitável no blog o que, com alguma tolerância, acabou por acontecer (não eliminámos nenhum comentário).
Há pouco não referi a maneira superiormente bem educada como desarmou uma comentadora mais crítica, mas outra coisa não seria de esperar de si.
Cumprimentos
Caro FanaticoUm, confesso que tive que me conter um pouco ao comentar no Fanáticos da Ópera.
ResponderEliminarDe qualquer forma, disse o que penso. Parece que não fui bem interpretado por uma comentadora, mas em vez de ripostar, resolvi ironicamente corrigir-me a mim próprio. Penso que a coisa terminou com uma certa "bofetada de luva branca", que terá desarmado a comentadora.
De qualquer forma penso que as discussões são saudáveis. O que me custa é ver cantores como a Gruberova maltratados. Como digo, há cantores que merecem o respeito de todos, mesmo que uns gostem e outros não.
Cumprimentos
É verdade, foi mesmo uma bofetada de luva branca, como só certos sabem dar.
ResponderEliminarHá, de de facto, cantores (e outros artistas) que não merecem ser maltratados. Mas acho muito curiosas as paixões quase irracionais que a ópera e os seus intervenientes directos provocam em muitas pessoas (provavelmente eu incluído, mas como a paixão é cega...)