No dia 7 de Setembro de 1867 nasceu Camilo Pessanha.
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Depois de se ter formado em Direito pela Universidade de Coimbra, partiu como professor para Macau, onde permanecerá, depois como conservador do registo predial, grande parte da sua vida e onde terá convivido durante escassos anos com Wenceslau de Morais. Ocupando uma posição marginal relativamente aos movimentos, polémicas e publicações que marcaram a última década de Oitocentos, Camilo Pessanha foi compondo uma pequena mas significativa obra poética, esparsamente divulgada em pequenas revistas e jornais, e apenas coligida em 1920, pelo empenho de um amigo e admirador, João de Castro Osório. Considerada o que de melhor produziu o simbolismo português, a sua obra aponta em vários aspectos para a estética modernista, sendo, aliás, da responsabilidade de Luís de Montalvor, um dos elementos de Orpheu , a divulgação em primeira mão de um conjunto de poemas de Pessanha na revista Centauro. A poesia de Camilo Pessanha articula o equilíbrio musical do verso, a capacidade de sugestão de sentidos a partir de elementos significantes, proveniente de um simbolismo de matriz verlainiana, com a elevação da imagem à categoria de símbolo, teorizada por Baudelaire ou Mallarmé, como alicerces de uma poesia elaborada ao ponto de ocultar o seu rigor construtivo e encarada como forma intelectualizada de compreensão da relação entre o eu e a realidade. Revelado pelos modernistas, este autor deve a sua redescoberta, até certo ponto, à iluminação recíproca que estabelece com a obra de Fernando Pessoa, devendo-se o primeiro estudo exaustivo da sua obra, em 1956, à ensaísta Esther de Lemos, a que se seguiriam, nas décadas seguintes, trabalhos fundamentais sobre Clepsidra, da autoria de Urbano Tavares Rodrigues e Óscar Lopes. Segundo este último ensaísta, "Pessanha traz à poesia portuguesa toda a dinâmica até então insuspeitada do momento subjectivo no domínio da percepção, desarticulando a perspectiva puramente geométrica a que a descrição parnasiana obedece, mobilizando os modos afectivos de reacção à realidade sensorial", e alcançando, na "expressão estilística concreta", "a dialéctica das percepções ou imagens e de uma subjectividade individual" (cf. Entre Fialho e Nemésio , vol. I, Lisboa, INCM, p. 136). Bibliografia: Clepsidra, Lisboa, 1920, reed. aum., Lisboa, 1945; China, Lisboa, 1944; O Caderno Poético de Camilo Pessanha, Macau, 1986; Cartas a Alberto Osório de Castro, João Baptista Castro e Ana Osório, Lisboa, 1984
Camilo Pessanha. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-09-07]
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