quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Faz anos hoje - António Sérgio

No dia 3 de Setembro de 1883 nasceu António Sérgio.

Da Infopédia:

Um dos expoentes da reflexão cultural e do ensaísmo da primeira metade do século XX, o pensamento e magistério de António Sérgio marcaram várias gerações de intelectuais, sendo nome de referência quer no âmbito da historiografia, da crítica literária, da história política e das ideias ou da teoria do conhecimento. Abandonou a carreira da marinha de guerra após a implantação da República, em 1910, abraçando com total dedicação uma actividade de reforma das mentalidades, missão que lhe parecia fundamental na consolidação de um regime democrático. Interessou-se vivamente pela pedagogia, tendo produzido um ensaio, Educação Cívica , em que defende a autonomia do aprendente e a instrução activa, que pouco eco teve na época mas que viria a ser recuperado durante a década de 80. Integrando o projecto da "Renascença Portuguesa", publicou vários trabalhos de teor pedagógico, em publicações como A Águia, que abandonará depois de acusar o carácter passadista e utópico do saudosismo, em polémica aberta com Teixeira de Pascoaes, para fundar a revista Pela Grei . Em 1923, aceitou a pasta governativa da Instrução Pública, de que se demitiria, vendo a impossibilidade de realizar alguns dos projectos a que se propusera, como a criação de uma Junta Propulsora dos Estudos. Depois de um afastamento de sete anos, em Madrid e Paris, para onde fora compelido a exilar-se após a instauração da ditadura militar, em 1926, foi amnistiado em 1933. De regresso a Portugal, leccionou, efectuou traduções e continuou, sempre com o fito numa reforma mental e económica, a publicação ensaística (Ensaios, 8 vols., 1920-1958). Durante a década de trinta, colaborou com Seara Nova , aí assumindo um papel de liderança intelectual, colaborando ainda, no âmbito do grupo da Biblioteca Nacional, na revista Lusitânia . Em 1953, participou no movimento político democrático que tentaria propor, em 1958, a candidatura à Presidência da República do General Humberto Delgado, conhecendo, durante esse processo logrado, a prisão. Ao longo da sua vasta e profunda obra ensaística, debruçando-se sobre temas diversos, que vão desde a reflexão histórica e filosófica à discussão literária, António Sérgio manteve como invariáveis os princípios do racionalismo idealista; a reflexão cultural de cunho universalista; uma interpretação histórica de fundamento socioeconómico; a doutrinação pedagógica com vista à criação de uma consciência cívica e democrática e a defesa, no domínio da ideação política económica e social, da prática do corporativismo. Submetido, sob todos os seus prismas, a um ideal humanista de libertação e autonomia do homem, o reformismo sergiano, rejeitando a postura marxista, postula que a transformação das estruturas sociais "não é possível com pregações, nem com políticas de autoritarismo, nem com reformas só pedagógicas - mas com reformas sociais e pedagógicas concatenadas, entrelaçadas como fios de um tecido único, as quais preparam o nosso povo para um uso razoável da liberdade e para compreender por si mesmo a sua emancipação social-económica." (Ensaios , t. II, 2.ª edição, p. 89). Tendo relegado para um segundo plano a criação literária, evidenciada num volume de Rimas (1908), desvalorizado pelo autor; na publicação de Antígona (1930), um drama de cariz didáctico e combativo, ou na publicação de alguns poemas nas páginas de Seara Nova (sob o pseudónimo de Álvaro Clarival), a sua bibliografia conta ainda traduções de obras enciclopédicas, filosóficas (Leibniz, Descartes) e literárias, obras de literatura infantil e a edição escolar, prefaciada e anotada pelo ensaísta, de obras de autores portugueses. Bibliografia: Notas sobre os Sonetos e as Tendências Gerais da Filosofia de Antero de Quental, Lisboa, 1909; Educação Cívica, Porto, 1915; Considerações Histórico-Pedagógicas, Porto, 1916; Ensaios (8 vols.), Lisboa, 1920-1958; História de Portugal, Barcelona, 1929; Democracia, Lisboa, 1934; Cartesianismo Ideal e Cartesianismo Real, Lisboa, 1937; Introdução Geográfico-Sociológica à História de Portugal, Lisboa, s/d; Um Problema Anteriano, Lisboa, s/d; Cartas de Problemática, Dirigidas a Um Grupo de Jovens Amigos, Alunas e Alunos da Faculdade de Ciências, Lisboa, 1952-55; Cartas do Terceiro Homem, 3 vols., Lisboa, 1953-57; Antígona, Porto, 1930

António Sérgio. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-09-03]

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