quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Edita Gruberovà - Lucrezia Borgia

Assisti à estreia do soprano Edita Gruberovà no papel de Lucrezia Borgia, ópera homónima de Gaetano Donizetti, em Fevereiro de 2008 no Teatro del Liceu de Barcelona.

Já referi aqui no Outras Escritas que esta foi uma das melhores experiências que tive no que à ópera diz respeito. Aliás, Gruberovà em Barcelona fez-se acompanhar por Ewa Podlès, Josep Bros e Ildebranco D'Arcangelo (que me desiludiu um pouco), ou seja, um elenco de luxo.


Recentemente Gruberovà apresentou-se numa série de récitas de Lucrezia Borgia na ópera de Munique (Bayerischen Staatsoper). Encontrei no youtube um vídeo com a sua interpretação da ária final da ópera, "Era desso il figlio mio" e parece-me interessante comparar a Gruberovà de Barcelona com a Gruberovà de Munique.





A diferença mais notória entre as duas abordagens, reside no facto de em Barcelona a ópera ter sido apresentada em versão de concerto e em Munique ter sido encenada. Para os cantores uma ópera encenada representa sempre um desafio maior. Além da voz, têm que se preocupar com movimentos em cena, com o guarda-roupa e com a carga dramática subjacente ao "libretto".



Nos dois vídeos as diferenças entre versão concerto e versão encenada estão bem patentes. Em Barcelona, Gruberovà aborda a aria com menos dramatismo, preocupando-se essencialmente com a linha melódica e com beleza vocal. Em Munique, o aspecto dramático domina física e vocalmente.

Poderão as vozes mais críticas dizer que o registo grave deste soprano não se adapta à interpretação desta ária ou desta ópera, mas, os sons produzidos para compensar a falta de volume no registo grave (em Munique) acrescentam dramatismo.

Em jeito de conclusão, direi que, vocalmente prefiro a versão de Barcelona e dramaticamente a de Munique.

O mi bemol final é, nitidamente melhor em Barcelona.

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