terça-feira, 29 de junho de 2010

Terça, Flashback XII (Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago)

Com algum atraso e depois de alguma polémica, recordo nesta Terça, Flashback, um "post" que publiquei aqui no Outras Escritas sobre o primeiro livro que li de Saramago.

Referi no Outras Escritas há algum tempo atrás, que nunca tinha lido Saramago e que, depois de ver o filme "Ensaio Sobre a Cegueira" (Blindness) de Fernando Meirelles, tinha ficado com alguma curiosidade sobre o livro do mesmo nome.

Sabendo deste facto, um amigo ofereceu-me o livro como presente de Natal. Obrigado.

Não comecei de imediato a leitura. Há sempre tanta coisa para ler e, além disso, Saramago sempre me assustou. As críticas que a maioria das pessoas faz à sua escrita é de que a falta de pontuação torna os seus livros quase impossíveis de ler.
Quando iniciei a leitura coloquei este "post" no Outras Escritas as criticas negativas à escrita e atitude de Saramago foram mais que muitas.

Com tanta expectativa, confesso que estava apreensivo e decidido a parar imediatamente de ler, caso a escrita não me agradasse ou fosse demasiadamente difícil. A leitura para mim tem que ser um prazer e não um exercício de esforço.

Aconteceu precisamente o contrário do que eu esperava. Difícil foi parar de ler. Não consegui encontrar as dificuldades de leitura de que tanto se fala. Apenas os diálogos são escritos de forma "corrida", sem separação entre o que dizem as diferentes personagens. De resto, está "tudo no sítio". Pelo menos neste livro.

O Ensaio sobre a Cegueira tornou-se desta forma, um dos melhores livros que já li. A história de uma cidade em local indeterminado onde todos os habitantes vão ficando cegos e as modificações que tal cegueira obriga na maneira de ser e de pensar das pessoas são impressionantes. Leva-me a pensar "onde é que o homem foi buscar esta ideia?", "como é possível alguém inventar uma história destas?".

O livro é de tal forma interessante e denso, que as personagens não têm nome. São identificadas pelas suas características físicas ou pela sua profissão (o médico, a mulher do médico, a mulher dos óculos escuros).

A mensagem transmitida fica ao critério de cada leitor, mas leva-nos a pensar que há muito cegos por aí.

"SE PODES OLHAR VÊ. SE PODES VER REPARA". Esta frase do Livro dos Conselhos, está na contracapa do Ensaio Sobre a Cegueira e leva-me a pensar que, como posso ver, vou reparar mais em Saramago.

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