segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Angela Meade - Prémio Richard Tucker

Angela Meade ganhou o prémio Richard Tucker 2011. Com enormes potencialidades no repertório de bel canto a cantora, sem ter uma voz ligeira, Meade tem um bom legatto e uma boa agilidade. Tem apenas 33 anos e muito que evoluir.

Devo notar que Meade estará no MET a cantar a Anna Bolena no final de Outubro, mas que infelizmente, não a poderemos ver no LIVE HD ou ouvir na Antena 2, uma vez que as transmissões estão reservadas para Anna Netrebko.

(Actualização: Teremos a oportunidade de ver e ouvir Meade na ópera Ernani de Verdi, transmitida em Live HD para a Gulbenkian a 25 de Fevereiro de 2012).

Aqui fica uma captação áudio do final de um Lucrezia Borgia interpretada pelo cantora em 2010 (uma boa interpretação mas com um andamento demasiado rápido e algumas ornamentações de gosto duvidoso, na minha opinião).


6 comentários:

  1. Caro Alberto,
    Não diga "infelizmente" em relação à Anna Bolena no MetLive por termos a Netrebko! Vai ver que, um dia, me dará razão quando digo que estamos face a um dos maiores sopranos da actualidade. E tente não perder a Manon...

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  2. Caro FanaticoUm

    O meu "infelizmente" não se referia ao facto de ser a Netrebko a interpretar Bolena no Live HD, mas sim, ao facto de não termos a oportunidade de ouvir também a Meade.
    Aliás, como já aqui referi no Outras Escritas, a Netrebko saiu-se muito bem na Bolena de Viena e certamente estará a um nível ainda superior no MET.
    A viagem que tinha planeado para NY seria para assistir a uma récita com Netrebko (em Fevereiro), mas infelizmente não vou poder realizar a viagem.

    E, já agora, o que achou da voz da Meade? Parece-me um diamante em bruto... Aguardemos.
    Cumprimentos
    Alberto

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  3. Caro FanaticoUm
    Actualizei o post com a referência ao Ernani. Na viagem que planei a NY tinha previsto assistir também a uma récita desta ópera, neste caso com a Meade.
    Alberto

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  4. Vejo aqui uma bela voz. Segura, respiração sempre com grande timing (nem se dá por ela) e um timbre lindíssimo. Se continuar a ter um excelente treino técnico, teremos aqui uma voz sublime, que irá ser recordada em muitas gravações. No entanto...

    Atenção: dados fictícios apenas para transmitir o que vários artigo de opinião que li, com os quais tive de concordar perante as evidências:

    Intérpretes pré-1980:
    - 40% tempo - Espectáculos
    - 30% tempo - Treino
    - 20% tempo - Tempo pessoal
    - 10% tempo - Tempo para promoção (publicidades, participação em eventos desportivos, eventos "jet-7", etc)

    Intérpretes pós-1980:
    - 40% tempo - Espectáculos
    - 10% tempo - Treino
    - 10% tempo - Tempo pessoal
    - 30% tempo - Tempo para promoção (publicidades, participação em eventos desportivos, eventos jet-7, etc)

    Resultado:
    A falta de desenvolvimento técnico tem levado à decadência precoce de muitas carreiras de intérpretes pós-1980, que lançam os intérpretes demasiado cedo, expondo-os a um calendário demasiado sobrecarregado, tendo como dois grandes exemplos Villazon e Allagna, donos de belas vozes mas que infelizmente já os vemos "rachar" com bastante frequência para a idade que têm.

    Espero que a Meade siga o seu caminho sem se deixar influenciar pela demasiada importância posta no encaixe financeiro rápido e imediato e no marketing que é feito hoje em dia no mundo da ópera.

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  5. Caro Anónimo
    Muito pertinente este seu comentário, mesmo que os dados sejam fictícios, penso que não se afastarão muito da realidade. Os exemplos que dá de Allagna e Villazón são reveladores de que algo está errado na forma como os cantores gerem as suas carreiras. Como deu exemplos de tenores, acrescento mais um, que a manter o ritmo poderá correr o risco de acabar a carreira cedo. Falo de Jonas Kaufmann, uma voz superlativa, mas com uma agenda muito sobrecarregada. Esperemos que nada lhe aconteça.

    Obrigado pelo comentário e ainda bem que gostou da Meade.

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  6. Caros Alberto e Anónimo,

    Começando pela Meade, acho que a voz tem um enorme potencial e é já muito agradável. Esperemos que a saiba "cultivar".

    Em relação ao segundo assunto, não poderei estar mais de acordo com o que aqui escreveram. A sofreguidão do enriquecimento muito rápido de muitos dos cantores actuais é algo de muito preocupante (escrevo isto na minha ignorância do assunto, mas não vejo outra razão plausível para a situação).

    Pessoalmente nunca me deixei deslumbrar pelo Alagna, embora lhe reconheça qualidades vocais de excepção. Em palco sempre o achei um mono. Vocalmente, está uma sombra do que foi.

    Do Villazon ouvi e vi interpretações inesquecíveis porque este artista, para além da voz, tem uma presença fabulosa em palco. (Há uma Carmen de Berlim com ele que por vezes aparece no canal mezzo que ilustra bem o que refiro). Estoirou completamente! A última vez que o vi ao vivo, num recital em Barcelona há cerca de 3 anos, foi verdadeiramente constrangedor o que se ouviu (com falhas clamorosas, interrupções do que cantava para beber chá, só quem viu...). Depois veio a história do quisto nas cordas vocais... Uma pena, perdeu-se um dos que mais gostava.

    Kaufmann, como já escrevi várias vezes no nosso blogue é, para mim e actualmente, um tenor sem rival no reportório que canta. A voz baritonal mas com agudos luminosos e poderosíssimos é única e de uma beleza extrarodinária. O cantor também está bem em palco (mas aquém do Villazon), muito ajudado pela figura. Também partilho das preocupações que referem não tanto pela diversidade do que canta mas, sobretudo, pela intensidade diabólica com que o faz (e este ano já teve uns avisos, com necessidade de cancelamentos o que, para um cantor de 40 anos, é significativo). Gostaria de poder continuar a ouvir o Kaufmann actual mas também temo que tal possa não durar muitos mais anos.

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