As óperas, Roberto Devereux, Maria Stuarda e Anna Bolena de Gaetano Donizetti, são para mim dos expoentes mais altos de todo o bel canto italiano (já o referi aqui no Outras Escritas, inúmeras vezes). Interpretá-las a todas não é tarefa nada fácil e não está ao alcance de todos os sopranos. Callas interpretou apenas Anna Bolena, Sutherland, Maria Stuarda e Anna Bolena, e Caballé interpretou as 3, mas não se saiu muito bem nas poucas récitas Anna Bolena que fez no Scala, vindo a desistir do papel logo de seguida.
Como referências de cantoras que interpretaram (ou interpretam) estas três óperas de forma superlativa, tenho Beverly Sills e Edita Gruberova (referência também a Mara Zampieri que interpretou as três rainhas no S. Carlos).
Recentemente o coloraturafan disponibilizou no YouTube dois vídeos que resumem as interpretações destas cantoras ao longo das suas carreiras. Todos os excertos são de captações feitas ao vivo e por isso, a qualidade sonora pode não ser a melhor.
Comecemos por Sills. O vídeo contem excertos áudio das famosas Rainhas Tudor interpretadas pela cantora na New York City Opera em 1971 (Roberto Devereux), 1972 (Maria Stuarda) e 1975 (Anna Bolena). O registo agudo é muito bem explorado e a cantora demonstra uma extraordinária capacidade de comando. Chamo a vossa atenção para a ária final de Maria Stuarda em que Sills, quase no final, faz uma primeira subida até ao ré sobre-agudo (9:20) que é muito pouco usual, mas que causa grande impacto dramático (na minha opinião). Nas gravações comerciais de estúdio esta abordagem não é feita por Sills (o soprano Elizabeth Parcells fá-lo também neste vídeo).
Gruberova tem uma abordagem bastante diferente da de Sills, nomeadamente do ponto de vista dramático. A voz da cantora, embora de soprano de coloratura, foi adquirindo ao longo da sua carreira o volume no registo grave tão necessário a estas interpretações.
As gravações vídeo são todas do Teatro del Liceu de Barcelona e foram captadas em 1990 (Roberto Devereux), 2003 (Maria Stuarda) e 1992 (Anna Bolena).
Destaco a interpretação da cantora em Roberto Devereux pela sua carga dramática. Nesta ópera a cantora faz também algo pouco usual, interpolando um mi natural sobre-agudo (2:25) no final do dueto com o tenor. Reparem como, mesmo depois do mi natural a cantora ainda tem mais fôlego que o tenor e termina mais tarde.
Caro Alberto,
ResponderEliminarEstou fora mais uma vez, com péssimo sinal de internet, pelo que não consigo ver estes vídeos (fá-lo-ei logo que regresse "à bas"). Mas recordo que também Mara Zampieri cantou de forma marcante as 3 óperas, todas no São Carlos.
Cumprimentos
Caro FanaticoUm
ResponderEliminarRecorda e muito bem a Mara Zampieri. Acrescentei o texto no post.
Quanto a Sills e Gruberova, estão ambas muito bem nos vídeos disponibilizados. Não deixe de os ver.
Cumprimentos