Os primeiros sinais: uma queda, um enjoo, um mau estar.
Está tudo bem, não é preciso médico, os enjoos passam ao deitar.
Depois a cor, um amarelo de icterícia, mas está tudo bem... vai passar.
A ida ao médico, a decisão de consulta no hospital e o diagnóstico seguido de internamento.
Nada de especial, uma cirurgia e ficará tudo bem.
São precisos exames, mas há feriados e tudo se atrasa e o tempo passa e o internamento contínua.
A operação demora muito? Demora pouco? Cinco horas no mínimo.
Passam cinco, passam seis, passam sete e passam oito. Demorou nove, mas correu bem. É preciso ventilador devido ao tempo de anestesia.
Ar condicionado, provoca pneumonia.
O pânico instala-se.
Quando sairá do S.O.? A pneumonia teima em regredir.
Está melhor, não precisa de ventilador, mas de uma máscara com oxigénio. Por uns dias pelo menos.
Está difícil fazer regredir a pneumonia. Surgem uma bactéria e um vírus. Antibióticos, ventilador.
Hoje está melhor, amanhã está pior...
Melhor, pior, pior, hoje melhor, mas depois pior, pior.
Cura a bactéria e cura o vírus, mas está débil precisa de ventilador.
Com ventilador, sem ventilador...
Melhor, pior, pior, melhor.
Surge uma pequena mancha no pulmão. O que será?
É um tumor.
Pânico!
Pode ser benigno e até é pequeno.
Fazer análises e biopsia.
Esperamos, esperamos...
As análises são negativas, mas a biopsia demora...
Esperamos, esperamos...
Um telefonema, o resultado. Deu positivo.
Desmoronamos..
Não há hipóteses de quimioterapia, está fraco.
Tenta-se retirar do ventilador e diminuir os sedativos, mas não se consegue.
Está cansado, sem forças...
Nós também, sem forças e sem esperança.
Esperamos, esperamos, esperamos.
O quê? Um telefonema final.
Um milagre, quem sabe...
E, um dia, o telefonema surge... O FIM.
A tristeza instala-se, o pânico surge e a dor quase mata.
O ritual da morte apodera-se de nós.
É preciso reconhecer. Vejo e toco e é tão frio...
 Depois carregar, e por fim a terra.
O barulho ensurdecedor da terra a cair sobre o caixão...