sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Crítica ao um concerto de Josep Carreras...

Fui ao fundo do baú encontrar um texto com uma apreciação crítica de um concerto do tenor Josep Carreras ocorrido no Funchal em 2004.

Dizia assim:

Em primeiro lugar o programa:

I Parte

Carreras
Serenata Napolitana – Costa
Era de Maggio – Costa

OCM – Orquestra Clássica da Madeira
Abertura de “O Morcego” – J. Strauss

Carreras
L’oreneta – Morena
Roso. Pel teu amor – Ribas

OCM
Caveleria Rusticana – Intermezzo – Mascagni

Carreras
L’ última canzone – Tosti
Musica priobita – Gastaldon

II Parte

Carreras
Guapparia – Falvo
Vurria…- Rendine

OCM
Unter Donner und Blitz – J. Strauss

Carreras
Passione – Valente
Vierno – Acampora

OCM
La Boda de Luís Alonso Intermédio – Jiménez

Carreras
Alfonsina y el mar – Ramírez
La Tarbernera del Puerto. No Puede Ser – Sorzábal


Não sei a quem se deveu a escolha do programa, se foi o próprio Carreras que o impôs ou se a organização deu alguma sugestão para que fosse um programa tão ligeiro. De qualquer forma este foi um dos aspectos que mais me desagradou.

Uma vez que o concerto foi divido em duas partes, poderia uma delas ter sido preenchida com repertório operático, ficando a outra parte reservada para o reportório mais ligeiro.

Como não acompanho com muita atenção a carreira do tenor, cheguei a pensar que as suas actuações se limitassem apenas a este tipo de reportório. Confirmei, no entanto, a realização de um concerto na Wiener Staatsoper no final de Fevereiro desta vez com um programa que inclui árias de Puccini, Verdi, Massenet, Cilea e Tschaikovsky. Não poderia a primeira parte do concerto do Funchal, incluir um reportório deste tipo? Certamente seria mais do meu agrado.

O concerto em si, decorreu numa sala adaptada para o efeito no Madeira Tecnopolo (anunciou-se lotação esgotada e cerca de 2100 pessoas), sala essa que é utilizada como centro de feiras. As dimensões obrigam à utilização de amplificação sonora. O sistema de som utilizado foi razoável, se bem que, como eu estava à direita relativamente ao palco, ouvia o tenor do meu lado direito e via-o do meu lado esquerdo. As aproximações e os afastamentos dos microfones eram também notados.

Quanto à voz, a nível de timbre não tenho grandes comentários a fazer,nunca fui grande apreciador do timbre do Carreras, mesmo quando a sua voz estava em plena forma (comparei com uma gravação histórica da ópera Un Giorno de Regno de Verdi com a Norman, a Cossoto e o Wixell de Agosto de 73).

O desempenho melhorou consideravelmente na segunda parte do concerto. Os agudos (poucos e não tão agudos quanto isso) não me agradaram, faltou-lhes volume e brilho. Os “pianissimi” em falsete, que o tenor usa frequentemente, pareceram-me bastante bem.

No final, depois de No Puede Ser o publico aplaudiu de pé e ouviram-se alguns “bravo” na sala. Seguiram-se 3 “encores”: Santa Lucia, Torna A Surriento e …(não consigo recordar-me). Gritei o meu único “bravo” da noite no final do Torna a Surreinto que achei muito bem interpretado e com o registo agudo mais aceitável.

Parabéns à orquestra Clássica dirigida inicialmente pelo seu maestro titular Rui Massena e depois por David Giménez. Os aplausos à orquestra, foram em certos momentos, superiores aos aplausos ao tenor.

Consegui saber posteriormente que o tenor terá preparado 6 “encores”, incluindo a Granada, insistentemente pedida por alguém na assistência. No entanto a orquestra retirou-se depois de 3 “encores”.

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