terça-feira, 1 de novembro de 2011

"Dê-me um Santinho"

Hoje é dia de Todos os Santos. No entanto, para muitas pessoas hoje é dia de ir a cemitério, sendo que o dia de finados é 2 de Novembro, e, para a grande maioria hoje é o dia das Bruxas, ou halloween, costume que importámos recentemente dos países anglo-saxónicos ao qual não acho a menor graça. Passámos a ter o dia de Todos os Santos celebrado como se fosse um Carnaval macabro onde adultos se mascaram durante a noite de véspera e crianças durante o próprio dia e, supostamente, assustam tudo quando é gente. Como diria o meu pai, "mais uma americanice".

Havia no Alentejo quando eu era pequeno, uma tradição mais saudável e menos comercial e que se enquadrava bem mais no espírito deste dia.

A pequenada juntava-se e ia em bando bater à porta das pessoas a "pedir santos". Ao abrir-se a porta todos gritávamos, "Dê-me um santinho", ao que o dono ou dona da casa muitas vezes respondia, "Vão à igreja que há lá muitos". Claro que depois nos punha nas bolsas de pão (uns sacos de pano) que todos transportávamos, os mais variados tipos de alimentos: maçãs, marmelos, romãs, nozes, ovos, etc. Havia também quem nos desse umas moedinhas.
No final do dia, já com as bolsas bem aviadas, a festa terminava com um pequeno banquete. A comida era a que estava nas bolsas e os refrescos compravam-se com as moedinhas.

Era um dia bem passado!

3 comentários:

  1. Pois...o mundo torna-se cada vez mais no que um conjunto de nações quer que se torne! E o seu pai tinha toda a razão: "mais uma americanice".
    Penso o mesmo, e fico com pena quando penso no que se está a tornar o mundo!

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  2. Pois, mas para que querem os miudos de hoje fruta e santinhos?
    Sinceramente! Gomas e chocolates é muito mais apetitoso (para eles!) E mais: é uma tradição americana, de onde vêm todas as boas ideias!

    Esta tradição não conhecia, só a de 'pão de Deus'.

    Bjinho

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  3. Não só no Alentejo há essa tradição, aqui, na cidade de Santarém ainda perdura, embora com poucas crianças e mais popularizada em bairros sociais por a comunidade ser mais próxima. Designa-se de "pão por Deus". No entanto, a "americanice" ganha cada vez mais adeptos tanto nas crianças como nos adultos, aliás muito bem aproveitada pelas grandes superfícies que fazem feiras alusivas com todo o tipo de máscaras! Mais um grande negócio em que o púplico alvo são as crianças, que substituem a tradição pela fantasia. No entanto, deixa-me dizer-te, Alberto que a minha mãe e atua avó não me deixavam correr as ruas do Ervedal(com muita pena minha)com as outras crianças porque a verdadeira tradição arrastava, ainda nessa altura, o estígma da pobreza estrema de tempos longínquos, mas que estavam, de certa forma, ainda muito próximos da realidade daquela época.
    Mas mesmo assim, antes a nossa tradição explicada e vivida, hoje sem esses preconceitos e noutra realidade, do que esta americanice sem conteúdo histórico para nós.
    Beijinhos.

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